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Carlos Nuno Salgado Vaz | 16 Out 2016
A alegria do amor - 24
Apostar na força da ternura
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  © Adam Gregor

«A Alegia do Amor», nos números 307 a 312, convida a que cada um de nós, sobretudo os pastores, tenhamos a mente e o coração formatados pela ternura e o acolhimento, e não pela norma em si, sem mais. Seguirei mais o texto italiano, que é o original, com  matizes de tradução que não são de descurar.

O ideal pleno do Matrimónio

O papa Francisco reitera mais uma vez que a Igreja jamais pode renunciar a propor o ideal pleno do matrimónio, o projeto de Deus em toda a sua grandeza.

Há que encorajar os jovens batizados para não hesitarem perante a riqueza que o sacramento do matrimónio oferece aos seus projetos de amor, fortalecidos pela ajuda que recebem da graça de Cristo e pela possibilidade de participarem plenamente na vida da Igreja.

Quer a tibieza, quer qualquer forma de relativismo ou um excessivo respeito no momento de propor o matrimónio, seriam uma falta de amor da Igreja para com os jovens. Isto porque, compreender as situações excepcionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano.

E muito mais importante que uma pastoral dos falhanços matrimoniais é o esforço pastoral que se faz para consolidar os matrimónios, e, assim, prevenir as rupturas (número 307).

Assumir a lógica da compaixão

Acrescenta Francisco que compreende os que preferem uma pastoral mais rígida, que não dê lugar a qualquer confusão. «Mas creio sinceramente que Jesus quer uma Igreja atenta ao bem que o Espírito derrama no meio da fragilidade: uma Mãe que, ao mesmo tempo em que exprime e reitera claramente o seu ensinamento objetivo, «não renuncia ao bem possível, embora possa correr o risco de sujar as mãos na lama da estrada».

Os pastores devem fazer as duas coisas: propor o ideal pleno do matrimónio cristão, mas assumir também a lógica da compaixão para com as pessoas frágeis, evitando perseguições ou juízos condenatórios e impacientes.

Jesus convida-nos a entrar de verdade na vida concreta das pessoas e a consolá-las e conquistá-las pela força da ternura. Se daí vier alguma complicação, seja bem vinda. É um ótimo sinal (cf. 308).

Viver a misericórdia

Nunca será demais recordar e insistir em que a misericórdia é o coração pulsante do Evangelho e que só por ela podemos chegar de verdade ao coração e à mente de cada pessoa.
Cristo é pastor das 100 ovelhas e não apenas das 99 que não se desviaram do pastor nem do bom caminho. Hoje, diremos nós, a proporção é bem diferente: talvez 40 vão pelo caminho direito, e haja 60 que é preciso ir procurar e carregar aos ombros com toda a misericórdia e ternura (309).

Viver da misericórdia é o nosso grato desafio, até porque, primeiro, fomos nós objeto da misericórdia do Pai. Reitera o Papa: «Tudo na ação pastoral deveria estar envolto pela ternura com que se dirige aos crentes. Nada do seu anúncio e do seu testemunho pode estar privado de misericórdia».

Não devemos comportar-nos como controladores da graça, mas como seus facilitadores. A Igreja não é uma alfândega: é a casa paterna, onde há lugar para todos com a vida  cheia de fadigas e canseiras (310).

O primado da caridade deve estar na resposta à iniciativa gratuita do amor de Deus. Não podemos renegar na prática o amor incondicional de Deus, pondo tantas condições à misericórdia que a esvaziamos do seu real significado. E essa é a pior maneira de tornar insípido, de frustar o Evangelho.

A misericórdia não exclui a justiça e a verdade. Pelo contrário, a misericórdia é a plenitude da justiça e a manifestação mais luminosa da verdade de Deus (311).

Discernimento pastoral

As considerações feitas impedem-nos de desenvolver uma moral fria, de secretária, quando tratamos dos temas mais delicados. Ajudar-nos-ão, sim, a colocarmo-nos no contexto de um discernimento pastoral cheio de amor misericordioso, um amor que sempre se dispõe a compreender, a perdoar, a acompanhar, a esperar e sobretudo a integrar. É esta a lógica que deve prevalecer na Igreja para poder fazer a experiência de abrir o coração a quantos vivem nas mais díspares periferias existenciais. E propor isto nem é o caos nem o limbo, como alguém sugere!

Situando as coisas nestes termos, o Papa conclui o oitavo capítulo convidando os fiéis que vivem situações complexas a aproximarem-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem dedicados ao Senhor. Nem sempre eles confirmarão as suas ideias e desejos, mas oferecerão certamente uma luz que lhes permitirá compreender melhor o que está a acontecer,  podendo, assim, descobrir um caminho de amadurecimento pessoal.

Quando se é escutado com carinho e serenidade, é mais fácil abrir a mente e o coração para que seja Deus a operar o resto (312).

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