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2 Abr 2020
Quinta-feira da V Semana da Quaresma
Homilia no Paço Arquiepiscopal
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As leituras de hoje colocam-nos em contacto com a história do Povo de Israel a partir da Aliança que Deus fez através do Patriarca Abraão. Abraão morreu, os profetas também mas esta aliança continuou viva e marcou o ritmo de todo o povo. Deus é um Deus próximo que vai construindo a história com muitos sinais de presença e de amor. Esta Aliança vincula-nos a Deus mas expande-se a todo o povo.

Olhando, porém, para a situação actual, chegamos a uma conclusão muito contundente. Mais depressa chegamos a um destino que fica a centenas de quilómetros da nossa residência, ou entramos em contacto com alguém que reside na outra parte do mundo, do que tocamos no coração daqueles que nos rodeiam. Mais ainda, muitas vezes até olhamos para os outros mas não vemos nem queremos ver as feridas humanas que carregam consigo. O que até então ficava longe, tornou-se agora mais perto, mas o que está perto parece ficar cada vez mais longe. E, por muito que nos custe, o maior medo de qualquer ser humano, mais do que não ter sustento ou saúde, é não sentir-se amado.

Esta pandemia faz-nos sentir isto de um modo muito evidente. Há muita coisa que custa mas o principal sofrimento reside em sentir-se só, não poder tocar o que é invisível aos olhos. Daí que podemos ser convidados a reconhecer a família como o local onde podemos viver no amor e no carinho. As posses podem até ser poucas, o que importa é a comunhão dos corações que é capaz de destruir as distâncias e unir-nos numa comunhão efectiva. 

A Igreja sempre reconheceu a importância da família. Ela nasceu nas famílias e a partir das famílias. Os apóstolos partiam a anunciar nas sinagogas ou nos areópagos da cultura, mas partindo sempre do acolhimento que determinadas famílias disponibilizam. Os lares eram verdadeiras igrejas. Desde o início, a família era considerada Igreja doméstica ou eclesiola, ou seja, pequena igreja. Era aí que tudo acontecia antes de se construírem espaços, que eram então proibidos nos primórdios do cristianismo, destinados ao culto e a outras finalidades. Nas famílias, verdadeiras igrejas, cultivava-se o amor cristão que levava os outros a dizer com verdade: “vede como eles se amam”. Cultivava-se o perdão, criava-se espírito de solidariedade e de comunhão. Também o ensino da doutrina cristã promovia a passagem da fé dos pais para os filhos e entre todos os membros, que cresciam no conhecimento de Cristo. As diversas formas de oração tinham lugar nessas igrejas domésticas, com a leitura da Palavra e a fracção do pão. Não eram muitas as casas porque o espaço disponível era uma condicionante. Também a caridade era vivida a partir dos lares, permitindo uma comunhão de bens que fazia com que, tendo um só coração e uma só alma, entre eles não houvesse ninguém com necessidades. As crianças olhavam para os pobres com vontade de partilhar o que família podia.

Hoje necessitamos de regressar a esses tempos, fazendo com que as famílias sejam verdadeiras igrejas domésticas: espaços de comunhão, de educação na fé, de vida em espírito de oração e de estímulo a viver a caridade com outras famílias que poderão não possuir o necessário. Se esta consciência existir, as famílias concretizam a aliança com Deus e com muitas outras pessoas. Devem ter os seus momentos de oração e os seus espaços próprios para a fazerem. Era frequente nas casas antigas existir um pequeno oratório à volta do qual os familiares se reuniam diariamente para a oração do terço e para fazer outros momentos devocionais. Os tempos que correm, a fazer-nos saborear o que tem valor, e relativizando tantas outras coisas, podem conduzir-nos a reconhecer a família como o verdadeiro tesouro que importa redescobrir, quer numa perspectiva humana quer numa dimensão cristã. Pensemos todos no que poderemos fazer para que as famílias não só tomem consciência de que são Igreja doméstica mas que comecem a viver as exigências do que isto significa.

 
† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

Introdução

Convido-vos, através de uma saudação fraterna, a que nos coloquemos na nossa condição de membros de uma família concreta. Todos nós temos a nossa família. Por vezes poderemos não ter tempo para a recordar. Agora, aproveitemos estes momentos de separação para nos aproximarmos dos nossos. Eles têm nome e rosto. Revivamos o amor que nos une. Se for o caso, sintamos a necessidade interior da reconciliação ou mesmo do perdão. Não vale a pena conservar qualquer coisa que esteja a separar-nos do essencial. Ser família é dom e tarefa.

Momento da paz

Ninguém é feliz sozinho e a felicidade deve partir da família. Estamos mesmo convencidos disto? O amor necessita de sinais muito concretos. Agora, pensemos em gestos concretos de dedicação aos que nos são mais próximos. Depois concretizemo-lo! Se não for possível neste período de emergência, o amor também pode esperar e é sempre tempo para manifestar inequivocamente que nos amamos e nos queremos bem. A família necessita de sinais entre maridos e esposas, entre filhos e pais, entre avós e netas. Onde e como poderei ser mais concreto?

Despedida

Hoje quis dizer-vos que a Igreja nasce das famílias. São elas o suporte de uma autêntica vida cristã e eclesial. É maravilhoso o que acontece entre casais que se reúnem para pensar na sua vida e para viver a sua fé. Alguns dos que nos seguem já estarão a fazer a experiência de vida comunitária com outras famílias. Perspectivando o futuro, não será chegado o momento de assumir o compromisso de constituir com outros esta experiência? Existem muitas modalidades. Veja cada um como poderá fazer. Comunique connosco e nós indicaremos. Fale com o pároco. Verá que vale a pena. Esta nova vida para as famílias poderá ser mais um bom fruto desta pandemia.

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