Arquidiocese de Braga -
17 novembro 2015
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

"Nasci e vim ao mundo a fim de dar testemunho da verdade"
O capítulo sete de Daniel inicia a segunda parte do livro (7, 1 — 12, 13), que é caracterizada por "visões" de pendor apocalíptico difíceis de interpretar.
Daniel tem uma primeira visão em que vislumbra quatro feras, "quatro grandes animais, diferentes uns dos outros" (7, 3). Atribuiu-se esta referência às últimas grandes potências sanguinárias que importunaram o povo bíblico (desde o tempo de Nabucodonosor): babilónicos, medos, persas, macedónios. É importante esta referência para entender o alcance da nova figura que, entretanto, aparece no texto proposto para primeira leitura.
O profeta é testemunha de um facto surpreendente que ocorre no céu: um "Ancião" — figura que se interpreta como uma referência a Deus —, sentado como juiz, julga o quarto animal, que é o mais insolente. Trata-se do rei da Síria, Antíoco IV, que oprimia religiosamente o povo de Israel, perseguia os judeus que permaneciam fiéis à fé dos seus antepassados.
A luta só em aparência é política, porque, na realidade, por detrás dos grandes impérios há uma potência sobre-humana que combate contra o Deus da Aliança: a interpretação da história há-de ser, pois, teológica, lida a partir de Deus. É certo que os impérios passam e não há estabilidade duradoira, mas a opressão do povo bíblico pede uma intervenção divina que interrompa as sucessivas investidas do mal.
Daniel constata a necessidade de instaurar o Reino de Deus, um reino que substitua a série dos impérios humanos, um reino liderado por uma figura humana, um "filho do homem", que mostrará a decisão divina de alterar o rumo da história: "O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído".
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