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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga | 10 Jun 2004
A dignidade da Eucaristia
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(Homilia do Arcebispo Promaz, na Eucaristia do Corpo de Deus, às 17h00, na Sé Catedral, que precedeu a Solene Procissão). A Solenidade do Corpo de Deus conduz-nos à centralidade do amor de Cristo pela humanidade. Ele, para amar, quis ficar connosco e é com Ele que nos podemos encontrar. Não se trata dum rito mais ou menos complicado. A Eucaristia é o mistério por excelência. Só em atitude de contemplação o compreenderemos. Aceitemos a “graça” dum dia santo, talvez por pouco tempo ainda, para repensarmos este dom maravilhoso. Sabemos que a sua instituição aconteceu durante um banquete, uma festa. Isto tem suscitado, e bem, uma experiência de familiaridade onde, como irmãos, nos encontramos ao redor da mesma mesa. Se importa não desconsiderar esta vertente e torná-la cada vez mais concreta, expressiva, alegre nunca a poderemos confundir com a banalização ou acontecimento sem densidade de conteúdos. Há um elevado sentido de mistério que exige uma atitude interior de devoção perante o sagrado. A carta encíclica “Ecclesia de Eucharistia” de João Paulo II recorda a necessidade de “celebrar a Eucaristia num ambiente digno de tão grande mistério”. Estamos a concluir um período em que nos concentramos, como Programa Pastoral, na atenção a dar aos jovens. Por outro lado, sabemos que, em Outubro, acontecerá o Congresso Eucarístico no México. São duas realidades que nos convocam para entrar nesta verdadeira dimensão da Eucaristia. É nela que os jovens, não colocando de lado os adultos, devem ser introduzidos e é este testemunho que teremos de dar. Não é difícil aperceber-se, mesmo nos ritmos diversificados, dum ambiente de recolhimento e de esforço por viver dignamente os santos mistérios. Creio, porém, que nos tem faltado uma verdadeira iniciação para celebrar, consequentemente, com dignidade. Entramos em contacto com a Eucaristia na infância e não percorremos os itinerários duma caminhada de ir “mergulhando” em todas as dimensões dum verdadeiro encontro com Deus. Quando se deseja e se investe na experiência com o divino, o ambiente exterior transforma-se e, em certo sentido, respira-se. Como nos sentimos bem quando queremos esta festa de interioridade! Como nos cansa quando não oferecemos o mínimo esforço para o viver! Repito, os cristãos adultos necessitam desta reiniciação nos mistérios. Têm assistido a eucaristias demasiadas vezes e experimentado o sentido do sagrado muito poucas. Ouso solicitar esta nova solicitude no cuidado a atribuir às Eucaristias. Há aqui muita revisão e rectificação a fazer através dum trabalho que envolve sacerdotes e cristãos. Sejamos capazes de intuir esta sublimidade e de não a trair com a negligência ou apego às perspectivas pessoais. Para saborear o mistério eucarístico teremos de dar importância ao Sacramento da Reconciliação. Não direi nenhuma novidade se afirmar que a vivência eucarística depende da tranquilidade de uma consciência purificada pela graça sacramental. Num mundo de relativismo moral e de ausência de valores começamos por esquecer um preceito da Igreja que ordena a reconciliação “pela Páscoa” e vamos colocando de lado, criando uma insensibilidade religiosa onde parece valer tudo, a exigência duma reconciliação periódica. A dignidade do mistério eucarístico exige que retornemos, sem escrúpulos exagerados, à obrigação do confessar-se. Trata-se duma verdade que poderá custar a ouvir. Todos os fiéis devem questionar-se e os sacerdotes devem sentir-se interpelados para uma disponibilidade permanente. O mistério sacerdotal é completo na medida em que se dedica, num esquema de vida pessoal, algumas horas a este benéfico serviço às nossas comunidades. Interpretemos, por isso,, esta responsabilidade que afecta os sacerdotes para que os fiéis possam viver a graça eucarística com outra profundidade. Dar dignidade ao mistério eucarístico faz com que, seguindo o pensamento do Santo Padre, olhemos para um aspecto material mas importantíssimo. Refiro-me à construção, preservação e adorno dos edifícios sacros. Quando começamos a recordar o cuidado e a atenção que a Igreja sempre dedicou a este aspecto, verificamos que muitos não nos querem entender e não posso calar a existência de demasiada superficialidade no abordar as intervenções nos espaços novos ou a restaurar. Graças a Deus que muitos Conselhos Económicos e Confrarias começam a reconhecer a importância duma aprovação prévia por parte dos nossos Serviços centrais. Mas, reconheçamo-lo, ainda há alguém que pretende, por um lado, as celebrações em qualquer lugar sem o mínimo de dignidade e qualidade e, por outro, sem um estudo mínimo por parte de pessoas que procuram interiorizar a dinâmica dum espaço sagrado. Rezo para que não interpretem as nossas orientações como teimosia. Quero ser fiel à história e seguir as orientações da Igreja Universal. Recorda o Santo Padre: “A Arte sacra deve caracterizar-se pela capacidade de exprimir adequadamente o mistério lido na plenitude de fé da Igreja e segundo as indicações pastorais oportunamente dadas pela competente autoridade”. Estas palavras devem tornar-se programáticas e incidirem em atitudes dum cuidado maior a dedicar aos espaços a construir ou já construídos. Por outro lado, precisamos de artistas que queiram dar o seu contributo precioso investindo a sua criatividade e provocando um novo modo de elaborar os espaços, a decoração e as imagens. “Os artistas devem conceber o seu empenho na produção do belo não apenas como expressão do seu génio mas também como autêntico serviço à fé”. Deus passa pelo belo e este é a linguagem que o mundo entende e muita coisa tem de passar por aqui. Como gostaria que fossemos capazes de aliar estas duas componentes: a capacidade artística com a missão tutelar da Comissão de Arte Sacra. Faríamos obras de presente com certeza de perenidade. Se o Congresso Eucarístico será subordinado à responsabilidade de tornar a Eucaristia luz e vida para o novo milénio, estes dois elementos, devidamente considerados, são indispensáveis. A dignidade com que tratamos o mistério torna a liturgia mais sublime e dota-a da capacidade da incidência na vida das pessoas e do mundo. Não é o modernismo que convence. O sobrenatural sacia e orienta. Sé Catedral, 10.06.04 + Jorge Ortiga, A. P.
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