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D. Jorge Ortiga | 23 Set 2007
Seminário, espaço de Vida em Deus e para Deus
Tomada de posse das Equipas Formadoras
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Há pouco mais de um mês faleceu o P. Doutor Lúcio Craveiro da Silva. Na homenagem que lhe haviam feito, por ocasião dos 90 anos de vida, confessou-se como um aprendiz. Os 90 anos não lhe tinham saciado a fome do saber, do ser e do fazer.
O Seminário é uma escola e, como tal, momento e local para aprender a aprender de modo que a vida seja uma permanente aprendizagem, num gosto de aprender a ser homem, vocacionado para o transcendente e na procura da verdade intelectual e pastoral.
Inicia-se um novo ano e gostaria de deixar este paradigma do gosto pela aprendizagem como percurso para todos. Tudo parte dum pressuposto que ninguém deveria questionar e que S. Paulo nos lembrou. «Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que se entregou à morte pela redenção de todos» (1 Tim. 2,6) que «quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade».
A salvação é para todos e o Salvador é só um que se entregou à morte pela redenção de todos: o homem Jesus Cristo. Aqui está a questão fundamental: aprender com o homem Jesus Cristo, para por Ele e n’Ele, continuar a redenção. Trata-se dum ideal audaz que não deveria permitir desvios nem atenuações. Como escola o Seminário, à partida, tem este mestre e quem não quer caminhar com as Suas exigências deveria procurar outros mestres noutro local.
A primeira leitura recordava o retrato, traçado por Amós, dum povo que se dizia seguidor de Deus. Fixava-se no sábado e esperava que ele passasse para actuar na especulação, na fraude, na mentira, na exploração, no oportunismo etc. Cumprir o sábado, assim o entendiam, desculpava das incoerências e das infidelidades. Pretendiam enganar Deus com o cumprimento de alguns preceitos, misturando-os com acções indignas. Exteriormente e legalmente eram exemplares; na verdade dum coração contradiziam-se e negavam o que os preceitos poderiam querer dizer.
Este dualismo esteve sempre presente na história da Igreja. Também hoje é possível um disfarce e talvez dum modo mais sofisticado. O Seminário, como espaço de procura de Cristo-Verdade, deve mostrar a verdade de vidas que pretendem crescer, com limitações mas quotidianamente aderindo ao excesso do dom do Amor que Deus manifesta em tantas coisas a começar pelas materiais (casa com qualidade, curso quase em casa…) Vale a coerência e só esta significa autêntica vontade de crescer.
Permiti que Cristo continue a oferecer a Sua Salvação por mediadores que crescem quotidianamente na coerência e que, por isso, se tornam anúncio num mundo de incrédulos e saciado das palavras. O Seminário é este trabalho pautado por dois grandes critérios, segundo o Evangelho de hoje:
1 – A mediação passa pela fidelidade nas coisas pequenas. A modernidade pretende o que dá nas vistas e se apresenta com características de grandiosidade. As grandes opções, para o crente, acontecem depois do repetir da fidelidade naquilo que o mundo considera insignificante. É mais fácil não prestar atenção ao que parece não valer mas aí está o essencial. É uma oração que não se esquece, um dever que se cumpre, uma dedicação que se oferece, um estudo que não se adia, uma disponibilidade para pequenos favores.
2 – A permanente aprendizagem está na vontade de não servir a dois senhores o que exige rupturas concretas e «sins» conscientes. Deus é a única escolha, reconhecendo que esta nunca está feita mas acontece em cada momento e em confronto com tantas outras coisas. Quero repetir o conhecido.
- Pobreza, num mundo de consumo e concorrência, exige uma vida pautada pelo essencial e que não envereda pelas facilidades das modas. Devemos mostrar a alegria de viver com o indispensável. Como Cristo e para testemunhar Cristo, importa um estilo de vida pobre onde os pobres ocupam um lugar privilegiado.
- Obediência, perante a auto-suficiência e uma liberdade mal interpretada, ser capaz de acolher, sabendo perder e enriquecendo a procura da verdade com o diálogo, é caminho duma aprendizagem contínua não só perante os superiores mas também na relação fraterna com os colegas e, dum modo muito exigente, no respeitar os direitos dos fiéis leigos que nunca podem ser meros executores dum autoritarismo clerical.
- Castidade, num mundo onde o emotivo e o sentimental abrem portas, possuir uma maturidade humana que sabe relacionar-se sem se prender e servir sem exigir recompensa, é proclamação dum Reino que incomoda muita gente.
Estas promessas sacerdotais aprendem-se e crescem na vivência de exigências muito concretas: Não se pode servir a dois senhores: «ou não se gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro». Necessitaremos de mais comentários?
Pretendo, ainda, colocar diante de vós a vontade de aprender seguindo o Programa Pastoral. Já conheceis o lema que sintetiza os objectivos: Família, dom e compromisso.
O Seminário tem de ser uma família e isto também se trabalha procurando reconhecer que tudo é «dom» de Deus a acolher num ambiente sério de oração e contemplação e, simultaneamente com a necessidade permanente de ser «dom» uns para os outros, o que se expressa em compromissos que se descortinam a partir da orientação da Equipa Formadora e de Normas concretas que ninguém pode considerar facultativas.
Para terminar direi, ainda, que iniciar um ano significa acreditar em cada um na esperança de que todos querem construir algo de novo; significa agradecer a quem deixou a vida de serviço das comunidades para estar convosco; significa expressar-se a gratidão a quem tem construído o Seminário, no passado e no presente.
A Senhora da Conceição, S. Pedro e S. Paulo sejam as vossas referências e modelos. Deste modo atingiremos os objectivos e seremos o Seminário que Deus quer e as Dioceses de Braga e Viana necessitam. Se assim quisermos viver seremos Filhos da Luz que não temem as trevas mas brilham persistentemente para que muitos acreditem que há um mundo diferente a descobrir e que nós já o encontramos.
Seminário de Santiago, 23-09-07
† D. Jorge Ortiga, A. P.
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