Arquidiocese

ANO PASTORAL
"Juntos no caminho de Páscoa"

[+info e Calendário]

 

Desejo subscrever a newsletter da Arquidiocese de Braga
13 Set 2022
Água e lágrimas na fonte viva do Evangelho
Homilia de D. José Cordeiro na Vigília da Peregrinação Internacional Aniversária.
PARTILHAR IMPRIMIR
  © Santuário de Fátima

1. Água e lágrimas

A água do batismo e da bênção e as lágrimas da Penitência e Reconciliação são itinerários da Igreja peregrina. Com efeito: «A Igreja tem sobretudo necessidade do seu eterno Pentecostes: tem necessidade de fogo no seu coração, de palavras na sua boca, de profecias no seu olhar. Tem necessidade de sentir subir, do mais profundo de si mesma, como que em lágrimas, uma poesia, uma oração, um hino, quer dizer, a voz orante do Espírito» (São Paulo VI).

Conforme escutamos na primeira leitura, a introdução da segunda carta de São Paulo aos Coríntios: «Ele [Deus] nos conforta em todas as tribulações, para podermos consolar aqueles que estão atribulados, por meio da consolação que nós recebemos de Deus» (2Cor 1, 4). Também nós, solicitamos a consolação divina nos momentos duros da vida pessoal e comunitária, e damos graças pela proximidade de Deus e da Igreja, como libertação interior e paz que vem ao coração.

Para o Papa, São João Paulo II, «há alguns lugares, nos quais os homens sentem particularmente a presença da Mãe. Não raro estes locais irradiam amplamente a sua luz e atraem a si gente de longe. (...) Estes lugares são os santuários marianos».

Na verdade, aqui em Fátima, a Virgem Santa Maria «ergueu a sua cátedra, para nos ensinar as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar» (Bento XVI).

2. Felizes os que choram e são consolados

Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fê-lo quando nos deixou as Bem-aventuranças (cf. Mt 5,3-12; Lc 6,20-23). Este cartão do cidadão cristão traz consigo as seguintes anotações, como lembrou o Papa Francisco: 

as riquezas não te dão segurança alguma.
Ser pobre no coração: isto é santidade;
reagir com humilde mansidão: isto é santidade;
saber chorar com os outros: isto é santidade;
buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade;
A misericórdia tem dois aspetos:
é dar, ajudar, servir os outros,
mas também perdoar, compreender.
Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade;
manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade;
construir a paz é uma arte que requer serenidade,
criatividade, sensibilidade e destreza.
Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade;
abraçar diariamente o caminho do Evangelho
mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade.

Na verdade, Jesus «foi sempre misericordioso para com os pobres e humildes, os doentes e os pecadores, e aproximou-se dos oprimidos e dos aflitos» (OE V/4). A Igreja continua esta missão, testemunhando por palavras e por obras a misericórdia que recebeu gratuitamente.

A Virgem santa Maria viveu como ninguém as Bem-aventuranças de Jesus. Vir aqui, a Fátima, conversar com a Mãe, consola-nos, liberta-nos, santifica-nos. «A Mãe não necessita de muitas palavras, não precisa que nos esforcemos demasiado para lhe explicar o que se passa connosco. É suficiente sussurrar uma vez e outra: “Ave-Maria...”» (Papa Francisco).

3. Neste vale de lágrimas

Em cada rosário ou ao fim do dia, na oração de completas, rezamos a oração da Salve Rainha, onde acentuamos a presença de Maria, Mãe da consolação: «... a Vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas...».

Em nome da humanidade que chora e sofre, suplicamos a Deus por intercessão da Virgem santa Maria, a Senhora do Rosário de Fátima, por todos os homens e mulheres que choram por serem vítimas: da guerra, da fome, da pobreza, da injustiça, dos abusos sexuais, dos abusos de consciência e dos abusos de poder, da violência doméstica, do bullying, da corrupção, do desemprego, da precariedade no trabalho e da indiferença global.

Tantas famílias derramam lágrimas provocadas pelos incêndios arruinadores do verão, pela seca, pelas catástrofes climáticas, pelas consequências da guerra e da inflação.

No entanto, também experimentamos que «os nossos olhos são seixos polidos pelas muitas lágrimas» (D. M. Turoldo). Há muitas pessoas lavadas em lágrimas e nunca enxutas.

Nesta noite sentimos o silêncio da Mãe e o nosso próprio silêncio, qual segredo da memória do coração. A Virgem santa Maria escuta e contempla; não fala, mas guarda tudo no coração e do silêncio-escuta passa ao acolhimento-disponibilidade. A Mãe da consolação acompanhe a cura de todas as feridas e nos encoraje para sermos testemunhas credíveis da alegria e da paz que brota do coração.

Em Fátima, o silêncio, especialmente o silêncio noturno da multidão orante é sinal da consolação e até da cura de muitos corações!

 

 † José Cordeiro, Arcebispo Primaz

PARTILHAR IMPRIMIR
Documentos para Download
Departamento Arquidiocesano para a Comunicação Social
Contactos
Director

P. Paulo Alexandre Terroso Silva

Morada

Rua de S. Domingos, 94 B
4710-435 Braga

TEL

253203180

FAX

253203190