Arquidiocese de Braga -

13 julho 2005

Reflectir e Valorizar as Férias

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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, A.P. e Bispos Auxiliares

\n1 – Os meses de Verão são, no contexto da vida e da cultura portuguesas e da nossa realidade diocesana, tempo de férias. Tempo esperado, programado e necessário para refazer energias gastas por um ano de trabalho e para encontrar o descanso e o repouso que restabeleça o equilíbrio e a harmonia de uma vida tantas vezes repartida, agitada e dispersa. As férias assumem-se, hoje, como um direito cada vez mais ao alcance de um maior número de pessoas. Queremos defender e promover este direito para que possa ser um direito de todos, sem nunca esquecermos aqueles a quem a actual situação económico-financeira não garante trabalho e faz, de modo crescente e preocupante, perder o emprego e esvaziar o direito a férias. Desejamos oferecer às pessoas que as usufruem um olhar crente, uma leitura cristã e uma perspectiva solidária para o seu aproveitamento. 2 – As férias permitem-nos ter tempo, ter mais tempo físico e psicológico, para nós, para a família e para os outros. Abrem-nos caminhos para uma descoberta diferente e mais bela da natureza, para um diálogo mais atento com os outros e uma escuta mais demorada, silenciosa e serena de Deus. As férias são, também, com frequência, âncora onde se alicerça a coragem de questionar os padrões de vida por que nos pautamos e que a agitação e a rotina do quotidiano dificilmente permitem fazer ao longo do ano. 3 - Férias e trabalho são duas faces da mesma moeda. Viver as férias implica que saibamos retemperar energias para o trabalho em todas as suas dimensões. Mas viver as férias impõe, também, que saibamos partilhar o drama de quem não tem trabalho. A procura do primeiro emprego é cada vez mais difícil e a perda de emprego é cada vez maior na nossa região, onde a falência de algumas empresas e a deslocalização de outras nos aflige e inquieta. Estamos com quantos vivem estas situações, acreditando que, em conjunto, com ousadia, determinação e perseverança, possuiremos capacidade para inovar e criar oportunidades de desenvolvimento sustentado e de empregos estáveis. 4 – Este é o tempo útil para louvarmos os esforços realizados e para pedirmos a governantes, políticos, empresários e trabalhadores um esforço único, concertado e solidário para encontrar na convergência de objectivos as estratégias que procurem o melhor para cada um e devolvam a justiça e o trabalho para todos e sempre. A solidariedade e a caridade cristãs, sempre inventivas e proféticas, reclamam de todos nós uma atenção particular na ajuda que não humilhe e na procura de novos campos de trabalho. Que cada Paróquia cuide, com particular desvelo, dos que vivem a provação do desemprego que envolve tantas vezes famílias inteiras. 5 – Acreditamos que o futuro da sociedade passa pela família. Com sentido de responsabilidade queremos colocar as comunidades e a Arquidiocese numa atitude de pensar a família, também, nesta direcção, construindo espaços de diálogo, fraternidade, colaboração e entre-ajuda. Muitos dos problemas hodiernos nascem dum contexto socio-cultural e dum ambiente familiar onde as pessoas perdem o entusiasmo da primeira hora, a harmonia e a qualidade de vida. A solução como resposta às causas que os provocam depende de uma Pastoral Familiar que não se limita à celebração do matrimónio mas perspectiva acções concretas. É neste sentido que nada nos é estranho, não queremos fechar-nos a nenhum problema e nos lançamos num plano da pastoral familiar para o triénio 2005-2008. 6 – Por fim, deixamos um apelo aos nossos Santuários diocesanos mais visitados e procurados em tempo de férias. Que eles, pelo seu acolhimento, dinâmica e programação pastoral, sejam, cada vez mais, lugares de descoberta e de encontro com Deus e oportunidade de evangelização, de formação cristã, de vivência espiritual, vocacional e eucarística. Braga, 13/07/2005. D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo Primaz D. Antonino Eugénio Fernandes Dias D. António Francisco dos Santos, Bispos Auxiliares