Arquidiocese de Braga -
16 outubro 2017
Dia da Alimentação: Papa evoca tragédias dos migrantes
Rádio Vaticano / DACS
Papa Francisco deu à Agência de Alimentação da ONU uma escultura de mármore de Aylan, a criança que se afogou no Mediterrâneo em 2015.
O Papa Francisco apelou hoje à comunidade internacional não só para garantir produção suficiente e distribuição justa de alimentos para todos, mas também o direito de todo o ser humano se alimentar de acordo com suas necessidades, sem ser forçado a deixar sua casa e entes queridos.
O apelo foi feito na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, onde assinalou o Dia Mundial da Alimentação, este ano subordinado ao tema “Mude o futuro da migração. Invista na segurança alimentar e desenvolvimento rural”.
Conflitos e mudanças climáticas
Dirigindo-se à agência especializada da ONU que lidera a luta da comunidade internacional contra a fome e a desnutrição no mundo, o Papa desafiou os governos a trabalharem juntos para acabar com os conflitos e as catástrofes relacionadas com o clima e que forçam as pessoas a abandonar as suas casas em busca do “pão diário”.
Citando o acordo climático de Paris, em que os governos se comprometeram a combater o aquecimento global, o Papa que falou em espanhol, lamentando que “alguns infelizmente se distanciem” daquilo a que se comprometeram.
O Santo Padre afirmou que a negligência e a ganância sobre os recursos limitados do mundo estão a prejudicar o planeta e as pessoas mais vulneráveis, forçando muitos a abandonar as suas casas em busca de trabalho e alimentos. Pediu ainda uma mudança no estilo de vida e no uso de recursos, frisando que esta tarefa não pode ser deixada para outros fazerem.
Fome mundial
Um relatório da ONU lançado em Setembro indicou que o número de pessoas com fome crónica no mundo estava a crescer mais uma vez, após uma década de declínio por causa dos conflitos, inundações e secas em curso provocados pelas alterações climáticas. Apesar de os 815 milhões de pessoas subnutridas no ano passado ainda estarem abaixo dos 900 milhões registados em 2000, a ONU afirmou que o número é motivo de grande preocupação.
Amor, fraternidade, solidariedade
Descrevendo o controlo populacional como uma “solução falsa” para combater a fome e a desnutrição no mundo, o Papa Francisco disse que é necessária uma melhor gestão dos recursos abundantes da Terra, bem como a prevenção de resíduos em alimentos e recursos.
O que é necessário — disse o Santo Padre — é um novo modelo de cooperação internacional baseado no amor, na fraternidade e solidariedade, que responda às necessidades dos mais pobres.
A piedade — ressalvou — está limitada a um ajuda de emergência, de assistência, mas o amor inspira a justiça que é necessária para conseguir uma ordem social justa.
Como símbolo da sua visita e mensagem, o Papa Francisco deu à Agência de Alimentação da ONU uma escultura de mármore de Aylan, a criança de três anos de idade, de origem curda, cuja imagem foi alvo de manchetes em todo o mundo depois do seu corpo ter dado à costa após o afogamento no Mar Mediterrâneo.
O Vaticano explicou que a escultura com um anjo a chorar sobre o corpo do menino simboliza a tragédia da migração.
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