O Ressuscitado tem necessidade de testemunhas: esta é uma constatação da Liturgia da Palavra dos domingos de Páscoa. Jesus Cristo, o Vivente, mostra-se aos seus discípulos, come com eles, explica-lhes que nele se cumprem as Escrituras, faz deles discípulos missionários: «Vós sois as testemunhas». Pedro proclama a Boa Nova diante de todos; e faz o apelo: «arrependei-vos e converteivos». Declara com fé e convicção, sem calculismo. «O Senhor faz maravilhas pelos seus amigos»! Hoje, na vida e na oração celebramos o encontro com o Ressuscitado; cada eucaristia é memorial da salvação que nos é oferecida: Jesus Cristo torna-se presente no meio de nós para partilhar connosco a Palavra e o Pão. Deste modo, em nós «o amor de Deus é perfeito».

Pedro, como todos os discípulos, precisou de vencer a dureza do coração para abrir os olhos da fé e acolher o dom do Ressuscitado. A experiência pascal inaugura uma nova presença e dá à vida um novo rumo: passar da dúvida à confiança, do medo à paz interior, da desilusão ao entusiasmo, da deceção à alegria do testemunho. Aceitar a companhia do Ressuscitado, ontem como agora, é a radical conversão, transforma o coração e o entendimento, tornanos disponíveis para um novo começo: não só aquece os nossos corações, como também nos abre a mente para acolher todas, mesmo todas, as situações da nossa existência. Hoje, compete a nós, cristãos, comunidade a caminho, assumir a «suave e reconfortante alegria» (Paulo VI) do testemunho!