Vento, mar, tempestade, fenómenos meteorológicos que tudo destroem… Os Apóstolos ficam indignados perante a tranquilidade do Mestre. Mas Jesus Cristo interpela-os: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Já no Antigo Testamento, a tempestade marítima expressava tanto o perigo como o paradoxo da relação com Deus: «O Senhor respondeu a Job do meio da tempestade». Por isso, em todos os tempos, o ser humano dominado pela angústia continua a gritar para Deus e espera a salvação: «Na sua angústia invocaram o Senhor e Ele salvou-os da aflição. Transformou o temporal em brisa suave e as ondas do mar amainaram». Unidos a Jesus Cristo, cada um de nós torna-se «uma nova criatura. As coisas antigas passaram: tudo foi renovado».

Aos discípulos de ontem e de hoje, no meio das tempestades, o Mestre continua a interpelar: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Jesus Cristo questiona o estado da nossa fé. Sobressai o ‘ainda’ que nos remete para uma possibilidade nova, um futuro mais pleno e maduro. Esta ‘série’ detém-se sobre a nossa relação existencial com Deus, sobre a confiança (ou falta dela) na contínua presença do Senhor na nossa vida. A fé é a história de um encontro. O início pode ser através de um grito ou em forma de assombro. Parte da vida como ela é, feita de encontros, e até de desencontros, de tempestades e bonanças. A fé dispõe-nos a uma nova atitude perante os acontecimentos. Não sozinhos. Reclamamos a companhia de Jesus Cristo na barca da nossa vida.