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“Quando falo com ele, ele tem um conhecimento bastante granular de vários tópicos que irá abordar”, disse McElroy. “Sabe tudo sobre a Igreja nos Estados Unidos? Não. Tem um amplo nível de conhecimento num nível profundo de questões fundamentais e muitas questões particulares, sim. Sim, tem”.
O bispo da Califórnia é um dos 20 homens que o Papa Francisco elevou ao posto de cardeal numa cerimónia de 27 de Agosto no Vaticano, 16 dos quais têm menos de 80 anos e são elegíveis para votar num futuro conclave papal.
Antes de receber o tradicional barrete vermelho dado aos cardeais, McElroy conversou com o NCR a 25 de Agosto no Pontifício Colégio Norte-Americano, a principal residência dos seminaristas dos EUA que estudam para o sacerdócio em Roma.
Em Julho, o arcebispo Joseph Naumann, de Kansas-City, disse acreditar que o Papa Francisco “não entende a Igreja nos EUA” – um sentimento mais tarde repetido pelo antigo alto funcionário de relações governamentais da conferência dos bispos dos EUA, acrescentando que acredita que Francisco está a causar “prejuízo” à Igreja dos EUA.
McElroy rejeitou essa caracterização, dizendo que na sua vida adulta viveu sob cinco pontificados e a acusação de que o Papa não entende os EUA é um refrão comum.
“Há sempre pessoas que criticam certas posições do Papa”, disse. “E, até certo ponto, isso é uma parte legítima da vida da igreja. Mas há uma questão sobre quando isto chega a um ponto corrosivo”.
McElroy, de 68 anos, que foi nomeado bispo-auxiliar de São Francisco em 2010 e depois nomeado bispo de São Diego pelo Papa Francisco em 2015, está entre os defensores mais vocais da agenda pastoral do Papa Francisco na hierarquia dos EUA.
Numa série de intervenções públicas entre os seus colegas bispos, entrevistas e discursos na última década, frequentemente ecoou a prioridade conferida pelo Papa às preocupações ambientais, apelos por justiça económica e a necessidade de a Igreja oferecer um maior acolhimento às pessoas LGBTQIA+. Também alertou contra o uso da Comunhão como arma política.
Embora essas posições às vezes o coloquem em desacordo com alguns bispos dos EUA, Francisco anunciou a 29 de Maio que elevaria McElroy ao Colégio dos Cardeais, mais uma vez passando por cima do arcebispo de inclinação mais conservadora José Gomez, de Los Angeles, uma arquidiocese que tem sido historicamente liderada por um cardeal.
McElroy disse que vê a sua nova responsabilidade como cardeal com duas frentes: apontar para a universalidade da Igreja Católica global e estar em união com Pedro – o Papa – como o centro da Igreja.
Os líderes da Igreja dos EUA, disse ele, “tendem a não nos ver como parte de uma comunidade global com muita frequência”.
Como cardeal, McElroy diz que o convite que recebeu é para ajudar a expandir a visão global da Igreja nos EUA.
“Este é um trabalho muito pesado nos Estados Unidos”, acrescentou. “Tendemos a olhar as coisas através de uma lente americana num grau profundo”.
McElroy às vezes tem criticado as prioridades dos bispos dos EUA ou média católicoss como a Eternal Word Television Network – EWTN, com sede nos EUA, por não abraçarem as prioridades pastorais do Papa Francisco.
A unidade exige o que McElroy descreveu como “fidelidade afectiva, e não simplesmente fidelidade doutrinal” com o Papa, acrescentando que, embora acredite que a maioria dos bispos dos EUA partilhe essa fidelidade afectiva, “às vezes ela desgasta-se”.
Em Fevereiro de 2017, menos de um mês após a tomada posse do ex-presidente Donald Trump, McElroy fez um discurso inflamado na reunião regional dos EUA do Encontro Mundial de Movimentos Populares, que cimentou a sua reputação nacional como líder de uma Igreja sem medo de não medir palavras na sua avaliação eclesial ou política.
“O presidente Trump era o candidato da disrupção”, disse ele na altura. “Bom, agora todos nós devemos tornar-nos disruptivos”, desafiando os presentes a tornarem-se “reconstrutores solidários” no espírito do Papa Francisco, defendendo as questões do meio ambiente, as disparidades económicas e as dificuldades dos migrantes, refugiados e trabalhadores.
Quando questionado sobre de que forma tem sido disruptivo na vida da Igreja – e como gostaria de ser um reconstrutor – McElroy observou que o conceito de disruptivo foi usado para invocar empreendedores no Silicon Valley da Califórnia que romperam com as práticas habituais de fazer negócios.
E invocou novamente o Papa Francisco como seu modelo.
“Acho realmente que o conceito de mudar os padrões de formas de fazer as coisas é realmente o que o Papa Francisco está a tentar fazer com a Igreja de determinadas maneiras importantes”, disse.
McElroy destacou especificamente a ênfase dada pelo Papa à sinodalidade para “tornar a Igreja mais inclusiva, mais colaborativa, dependente da escuta”.
Também apontou para a imagem de Francisco da Igreja como um “hospital de campanha” que atende às necessidades físicas, emocionais e espirituais do mundo e a ênfase do Papa na teologia pastoral, que descreveu como a contribuição mais importante de Francisco para a Igreja.
A abordagem de Francisco à teologia, disse o cardeal, oferece a capacidade de “respeitar as questões de doutrina e dogma e, é claro, a Escritura, e ainda ver que o elemento-chave disto é a aplicação do Evangelho às pessoas da vida real e que isto é um esforço tão importante quanto chegar à verdade em si e de uma maneira abstracta”.
No entanto, apesar da admiração de McElroy pelo Papa, o seu principal dever como cardeal será um dia votar no sucessor de Francisco.
Embora tenha dito que em termos das reformas de Francisco – ou quaisquer reformas na vida da Igreja – “praticamente nada é irreversível”, expressou confiança de que o que foi posto em movimento continuará durante muito tempo após o fim deste pontificado.
“Alguns destes novos padrões de sinodalidade, a ênfase na teologia pastoral e no hospital de campanha”, disse McElroy, “espero e acredito que se enraizaram na vida da Igreja num nível profundo e serão sustentados após a eleição do próximo Papa”.
E acrescentou: “Mas espero e rezo para que demore muito tempo até que eu tenha de me sentar na Capela Sistina”.
Artigo de Christopher White, publicado no National Catholic Reporter a 25 de Agosto de 2022.
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