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DACS com La Croix International | 8 Set 2022
“Estamos a baptizar Africanos, mas não a torná-los cristãos”
Teólogo que em breve será ordenado bispo de uma diocese na Costa do Marfim diz que a Igreja em África precisa de formar e utilizar melhor os dons dos leigos.
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  © DR

Para que a vasta comunidade católica em África se torne verdadeiramente uma “Igreja adulta”, então “devemos reimaginar a participação dos leigos”.

Esta é a crença de Alain Clément Amiézi, teólogo que foi nomeado pelo Papa Francisco em Junho passado para liderar a Diocese de Odienné, no norte da Costa do Marfim.

O Pe. Amiézi, que é professor de teologia e pároco desde que se tornou sacerdote em 1999, será ordenado bispo e instalado como Ordinário de Odienné a 24 de Setembro.

Quatro dias depois, este autor de vários livros, doutorado na Universidade Urbaniana de Roma, irá completar 52 anos.

Guy Aimé Eblotié, do La Croix Africa, conversou com o bispo-eleito Amiézi sobre a Igreja em África.

 

Como vê o estado da fé em África?

A maioria das nossas Igrejas em África já celebrou o centenário da evangelização. Logicamente, devemos falar de uma Igreja adulta. Mas, a nível qualitativo, percebemos que ainda há muito trabalho a fazer. Hoje, em vários países africanos, depois das grandes celebrações que acompanham a recepção do baptismo, a percentagem dos que continuam e completam a sua iniciação cristã através da confirmação é muito baixo. O número de fiéis verdadeiramente comprometidos com a acção social ou política segundo as virtudes do Evangelho é infinitesimal. As pessoas são baptizadas sem se tornarem cristãs, os sacramentos são administrados sem evangelizar. As responsabilidades por esta situação são partilhadas. Do meu ponto de vista, está ligada, por um lado, ao facto de alguns catecúmenos solicitarem o baptismo por motivos errados e, por outro, à qualidade da formação recebida.

 

Qual deveria ser o impacto do baptismo na vida dos cristãos africanos?

Há essencialmente o compromisso profético que tem três dimensões: primeiro, uma coerência cristã que nos convida a romper com a dicotomia que muitas vezes existe entre a vida de fé e a vida quotidiana, no trabalho, na escola ou na família. A vida cristã não é um manto que se veste ao entrar na igreja e que se tira ao sair. A segunda dimensão é o testemunho corajoso. Os nossos países africanos precisam de cristãos que saibam sair da lógica do “toda a gente faz assim” e depois vivam a fé através do seu empenho a nível social, económico e político. A terceira dimensão é ter uma espiritualidade que permita aos cristãos enfrentar com coragem os problemas existenciais. Há formas de espiritualidade que entorpecem os nossos cristãos, que os infantilizam através de previsões e palavras de conhecimento, a ponto de aniquilar as suas forças vitais.

 

Quem é responsável por este compromisso profético para uma Igreja adulta? O clero ou os leigos?

Clérigos e leigos devem trabalhar juntos para o bem da Igreja. Os clérigos devem desempenhar plenamente o seu papel de formadores, companheiros e guias. Devem também colaborar plenamente com os leigos para que haja aquilo a que se chama na Igreja uma responsabilidade comum. Desde o Vaticano II que já não estamos na altura em que o padre fazia tudo e os leigos eram observadores passivos. Do ponto de vista histórico, é evidente que, desde a chegada dos missionários, os leigos têm participado activamente na evangelização, especialmente através dos catequistas. Hoje é necessário reimaginar a participação dos leigos na vida da Igreja, levando em conta as novas realidades. Neste sentido, devemos considerar o fenómeno das novas comunidades e fraternidades, que podem dar contribuições valiosas, mas também podem representar problemas. De facto, às vezes mergulham os cristãos no obscurantismo e infantilizam-nos. É imperativo que os pastores ajudem esses grupos de oração a entender o que significa ser “eclesial”.

Entrevista de Guy Aimé Eblotié, publicada no La Croix International a 8 de Setembro de 2022.

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