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DACS com Crux | 22 Set 2022
Igreja deve mudar mentalidade sobre as pessoas com deficiência, diz membro do Vaticano
Grupo de pessoas com várias deficiências apresentou ao Papa Francisco um resumo de um debate que ocorreu durante uma sessão de escuta sinodal com pessoas com deficiência em Maio.
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Um funcionário do Vaticano que trabalha com pessoas com deficiência disse que esta população fornece uma perspectiva única para o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, que ele espera que leve a uma mudança de mentalidade, tornando a Igreja num lugar cada vez mais inclusivo para pessoas com deficiência.

“Devemos mudar a mentalidade, tomar medidas para uma inclusão completa das pessoas com deficiência na vida da Igreja, incluindo os sacramentos”, disse Vittorio Scelzo, que trabalha com o departamento do Vaticano para os Leigos, Família e Vida.

Essa inclusão irá acontecer “quando deixarmos de pensar que são pessoas diferentes das outras”, disse ao Crux, afirmando que, como departamento, “já dissemos que precisamos dizer «nós» e não «eles» quando falamos de pessoas com deficiência, porque deficiência é algo que mais cedo ou mais tarde pode afectar a todos”.

“Não há realmente diferença em termos de quem a igreja acolhe”, observou.

Um grupo de pessoas com várias deficiências apresentou ao Papa Francisco um resumo de um debate que ocorreu durante uma sessão de escuta sinodal com pessoas com deficiência em Maio. O grupo foi hospedado pelo departamento de Scelzo e fez a apresentação durante a audiência geral Papal desta quarta-feira. Scelzo falou depois.

De acordo com um comunicado fornecido pelo departamento para os Leigos, Família e Vida do Vaticano, que organizou a sessão de escuta, esta foi realizada para garantir que as pessoas com deficiência “participem activamente na jornada sinodal”.

Muitos dos participantes também contribuíram para as consultas sinodais diocesanas, mas a sessão de escuta proporcionou um espaço único para que as suas vozes fossem especificamente ouvidas.

Cada um dos participantes da sessão de escuta depois escreveu uma reflexão sobre o tema da sinodalidade e submeteu-a ao departamento do Vaticano, que nos últimos dias compilou uma síntese das suas reflexões e a entregou ao Papa durante a sua audiência geral de 21 de Setembro.

De acordo com o comunicado do departamento, a sessão de escuta é resultado de um processo que começou há dois anos sobre a necessidade de incluir mais plenamente as pessoas com deficiência na vida da igreja.

Para que isso aconteça, o comunicado disse que várias coisas precisam de acontecer, incluindo uma “mudança de mentalidade”, um reconhecimento do “magistério da fragilidade” e um acesso mais amplo aos sacramentos, bem como um entendimento de que a deficiência “não está inevitavelmente ligada ao sofrimento”.

Nos seus comentários ao Crux, Scelzo disse: “A alegria do encontro com Jesus não se perde em ninguém, é uma alegria que todos podem viver. As dificuldades da vida acontecem a todos, mas isso não rouba nem priva a alegria de ser cristão”.

Insistiu que a vocação dos batizados “é verdadeiramente universal” e que “o Evangelho é para todos”, significando que “não pode haver um sector de pessoas excluído dessa vocação”.

As pessoas com deficiência, disse, podem ajudar a igreja a entender “o quanto cada um de nós é vulnerável, é frágil”.

“A condição de fragilidade não é uma condição que atinge alguns e não outros”, observou. “Pode-se ter uma vida cristã mesmo quando há algumas dificuldades extras, fraquezas.”

Em muitas sociedades, a deficiência está associada à tristeza e ao sofrimento, e as pessoas com deficiência ainda são consideradas como tendo “uma vida que não vale a pena ser vivida”, disse Scelzo. “A experiência de igreja que descobrimos, no entanto, é completamente diferente”.

“Daquele lugar onde as pessoas com deficiência se encontram com Jesus, que (muitas vezes) é destinado a uma vida triste, jorra uma alegria contagiante”, explicou, dizendo que o seu departamento viu nas pessoas com deficiência “uma alegria inesperada que faz com que o Evangelho seja entendido como uma experiência que dá alegria a todos os cristãos”.

Scelzo também sublinhou a importância de permitir que pessoas com deficiência tenham acesso aos sacramentos, observando que, muitas vezes, às pessoas com deficiências de desenvolvimento é negada a Eucaristia e outros sacramentos, como a confirmação ou mesmo o casamento.

Os teólogos do Ocidente às vezes argumentam que, como as pessoas com deficiências extremas de desenvolvimento não alcançam o “uso da razão” canónico – geralmente significando ter a capacidade de raciocínio necessária na escola primária – não podem receber sacramentos após o baptismo, embora as Igrejas Orientais administrem todas os sacramentos de iniciação aos pequenos.

“Ninguém pode negar os sacramentos a pessoas com deficiência”, disse Scelzo, citando a exortação de 2007 do Papa Bento XVI, Sacramentum Caritatis, e vários discursos do Papa Francisco nos quais sublinhou a importância de permitir que as pessoas com deficiência tenham acesso aos sacramentos.

Muitas pessoas com deficiência também são obrigadas a viver “onde não querem” e são colocadas em instituições, mesmo as que são dirigidas por ordens religiosas, quando preferem viver “uma vida mais autónoma”, com assistência domiciliar ou com as suas famílias.

“É necessária uma mudança de mentalidade, as pessoas com deficiência devem ser vistas não como pessoas diferentes das outras, mas juntas, «nós» e não «eles»”, apontou.

Scelzo disse que durante a sessão de escuta em Maio, muitas das pessoas com deficiência que participaram, e que também participaram nas discussões do sínodo diocesano local, disseram que a síntese compilada por funcionários diocesanos não incluiu a sua perspectiva, pelo que a própria sessão de escuta do Vaticano foi fundamental para a sua inclusão no processo.

“Entregamos uma síntese ao Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, e eles foram muito, muito receptivos”, disse Scelzo, dizendo que o departamento para os Leigos, Família e Vida prometeu às pessoas que participaram na sessão de escuta que as coisas não terminam aí, mas que vão “continuar o caminho da escuta e da colaboração recíproca”.

“Encontraremos um caminho concreto nos próximos meses, mas certamente é um novo caminho para o Dicastério para os Leigos, Família e Vida”, disse.

Artigo de Elise Ann Allen, publicado a 22 de Setembro de 2022 no Crux.

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