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Há também influenciadores católicos. Essas pessoas experientes em redes sociais costumam publicar vídeos direccionados para jovens, alguns que se interessam pela fé pela primeira vez – ou a abraçam novamente – até ao ponto de se declararem católicos.
Não tendo nenhuma educação religiosa prévia, fazem perguntas espirituais e exigem respostas e regras de comportamento. Isto pode ser motivo de preocupação para os líderes da Igreja.
Renaud Laby, padre da diocese francesa de Le Mans, estuda actualmente o fenómeno dos influenciadores católicos como estudante de doutoramento em ciências sociais da religião na École Pratique des Hautes Études, um dos mais prestigiados centros de investigação e universidades da França.
Nesta entrevista com Arnaud Bevilacqua do La Croix, analisa as relações contrastantes entre líderes da Igreja e influenciadores católicos nas redes sociais.
Entre os líderes católicos e esses influenciadores, estamos em dois mundos completamente diferentes e gerações muito diferentes que não têm as mesmas referências culturais e mediáticas. Há uma grande lacuna cultural entre aqueles que cresceram numa cultura da palavra escrita e aqueles que foram embalados numa cultura de imagens, juntamente com uma cultura da Internet. Acho que os bispos podem estar um pouco desamparados diante desse fenómeno. Na minha opinião, a instituição sente os limites do que esses influenciadores estão a fazer, que estão além da instituição. Mas, ao mesmo tempo, está feliz pela presença deles porque estão a fazer o que a instituição não é capaz de fazer. O encontro de influenciadores, que aconteceu na Conferência Episcopal Francesa (CEF) a 23 de Setembro, é, sem dúvida, uma forma de a instituição se certificar de que tem participação no que está a acontecer, sem necessariamente tentar assumir o controlo.
Sim, de facto, há alguns meses, a CEF reuniu padres que estão presentes no TikTok. A ideia era ajudá-los a discernir o que realmente estavam a fazer quando se expressavam nessa rede social. A Igreja Católica, que é uma instituição de controlo, encontra-se um pouco desamparada diante da explosão da Internet e da possibilidade de a internet permitir que todos se expressem como católicos, enquanto o Código de Direito Canónico especifica que para falar em nome da Igreja é necessário um mandato da autoridade. Mas esses influenciadores não têm mandato. Deste ponto de vista, a lei está, portanto, completamente desactualizada. No entanto, há alguns que receberam uma missão particular, como Frei Paul Adrien d’Hardemare, dos Dominicanos. De facto, a Igreja oscila entre estar apreensiva e feliz com esta presença, especialmente porque, desde João Paulo II, os Papas afirmam que é necessário anunciar o Evangelho na Internet.
É óbvio que pode haver concorrência... Há alguns anos, fiz uma pesquisa na imprensa nacional e notei que os nomes de alguns dos “bloggers” mais lidos apareciam com menos frequência do que os do presidente da CEF ou o arcebispo de Paris, mas com muito mais frequência do que a maioria dos outros bispos franceses. No entanto, as autoridades percebem, com interesse, que esses influenciadores trazem uma voz cristã para a esfera pública.
Acho que a sua influência permanece relativamente limitada à esfera católica. Faltam estudos sérios. É muito difícil estimar o seu alcance. Além dos comentários nos vídeos, é difícil identificar os perfis dos jovens alcançados por esses influenciadores católicos. Alguns deles, poucos em número, podem cruzar fronteiras algorítmicas. O que me preocupa é que os influenciadores estão principalmente focados em dar informações. Está tudo muito bem, mas o que leva as pessoas à fé é antes de tudo um encontro. O Magistério tem uma frase muito interessante: o anúncio inicial é antes de tudo um testemunho do que o Evangelho mudou na minha vida. Então pode haver um aprofundamento e difusão da doutrina. O cristianismo não deve ser visto meramente como uma doutrina a ser integrada.
É do seu interesse acompanhar os influenciadores, convidá-los a reflectir sobre as suas práticas, dando-lhes recursos teológicos, talvez formação, para que possam dar um passo atrás no que estão a fazer. Porque, para esses influenciadores, pode haver o risco de procurarem fama. Ao tentar chamar a atenção por todos os meios possíveis, podem fazê-lo apenas por autoglorificação. Não é novo para os católicos manifestarem-se. No final do século XIX, os bispos emocionaram-se ao verem os fiéis a manifestarem-se nos jornais. O que há de novo hoje é que isso agora é um fenómeno de massas. Devemos acompanhar este movimento o melhor que pudermos, mas é simplesmente impossível controlá-lo.
Entrevista de Arnaud Bevilacqua, publicada no La Croix a 27 de Setembro de 2022.
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