Arquidiocese de Braga -

1 setembro 2022

Papa urge cardeais a imitar os discípulos na evangelização

Fotografia Andrew Medichini/AP

DACS com Crux/Agência Ecclesia

Francisco pediu para manter viva nos corações dos cardeais a admiração por Deus, já que ela é “um caminho de salvação”.

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O Papa Francisco disse aos cardeais que devem estar em constante admiração de Deus e partilhar a missão de espalhar o Evangelho pelo mundo. O Santo Padre celebrou na terça-feira a missa que encerrou o encontro de dois dias que se seguiu ao consistório, com quase 200 cardeais presentes.

Na homília, o Sumo Pontífice focou-se nas leituras do dia, que disse transmitirem dois tipos de admiração: a admiração de São Paulo pelo plano de salvação de Deus, e a admiração dos discípulos que encontram o Jesus ressuscitado, que lhes incumbe a missão de fazer discípulos em todas as nações.

A leitura do Evangelho recorda o que aconteceu depois da ressurreição de Jesus, quando disse aos discípulos para os encontrar na Galileia, e depois, assim que chegaram, incumbiu-os de espalhar a Palavra de Deus e “fazer discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado”. 

“Se depois entramos no relato curto, mas profundo, do Evangelho, se respondemos ao chamamento do Senhor, juntamente com os discípulos, e formos à Galileia, ao monte por Ele indicado, experimentamos uma nova admiração”, afirmou o líder da Igreja Católica.

Ao reler esta missão confiada por Jesus, o sentido de admiração deve vir do “facto fantástico de que Deus nos envolve no seu plano”, disse o Papa, afirmando que esta é “a missão dos apóstolos com o Cristo ressuscitado”.

Mais profundo que isso é a “promessa final, que “infunde esperança e consolação”, de estar com eles “todos os dias, até ao fim dos tempos” – palavras que, de acordo com o Papa, “ainda têm força para fazer vibrar os corações”, dois mil anos depois.

“Não deixa de nos maravilhar a insondável decisão divina de evangelizar o mundo a partir daquele miserável grupo de discípulos, que ainda estavam em dúvida. Mas, olhando mais de perto, não é diferente a admiração que nos invade se olharmos para nós, aqui reunidos, a quem o Senhor repetiu aquelas mesmas palavras, aquele mesmo envio”, explicou, acrescentando que esta admiração “é um caminho de salvação”.

O Papa Francisco pediu a Deus para manter esta admiração viva nos corações dos presentes, e libertá-los “da tentação de nos sentirmos "à altura", de nos sentirmos “eminentíssimos”, de nutrir a falsa segurança de que hoje, na realidade, é diferente, não é mais como era no início, hoje a Igreja é grande, a Igreja é sólida, e nos situamos nos graus eminentes de sua hierarquia”.

Havendo alguma verdade nesta noção o Papa avisou que também há “tanto engano, com que o Mentiroso de sempre tenta mundanizar os seguidores de Cristo e torná-los inofensivos”.

“Na verdade, a Palavra de Deus hoje desperta em nós admiração de estar na Igreja, a admiração de ser Igreja! Voltemos a esta admiração inicial, baptismal! E é isso que torna atraente a comunidade dos crentes, primeiro para si e depois para todos”, acrescentou, dizendo que esté é “o duplo mistério de ser abençoado em Cristo e ir com Cristo ao mundo”.

Esta admiração, diz Francisco, “não diminui” nos cardeais com o passar dos anos, “nem diminui com o crescimento das responsabilidades na Igreja”, mas cresce e torna-se mais forte e profunda.

O Santo Padre celebrou na terça-feira a eucaristia que encerrou o encontro de cardeais de 29 e 30 de Agosto, no Vaticano, dedicado ao estudo e discussão da recente reforma da Cúria Romana, levada a cabo através da constituição apostólica Praedicate Evangelium. Entre os 200 cardeais estavam os 20 criados pelo Papa no consistório público de sábado, 27 de Agosto.