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29 Abr 2020
Quarta-feira da III Semana da Páscoa
Homilia no Paço Arquiepiscopal
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A história da Igreja primitiva continua a ser referência para a nossa vida pessoal e comunitária. Não foi fácil a sua vida. Se Cristo foi perseguido e condenado à morte, também os cristãos sentiram o aguilhão da perseguição. Mas a perseguição não levou a melhor. Nunca traíram o seu ideal evangélico. Não podiam viver em determinados lugar, mudavam de residência e continuavam fiéis. As contrariedades foram, pelo contrário, motivo para que o cristianismo crescesse. Deixavam uma cidade e iam fundar novas células noutros lugares. A perseguição fez com que andassem de terra em terra a anunciar o Evangelho. Filipe é um desses exemplos. Foi para a cidade da Samaria, anunciou Cristo e muitos aderiram às suas palavras. Fundou, então, diversas comunidades. Não era fácil a vida. Cristo dava alento e a comunidade oferecia tudo o que era necessário para que não sucumbissem. Eram fortes porque tinham uma comunidade com eles e o cristianismo, em pouco tempo, tornou-se uma rede de comunidades espalhadas por todas as cidades. É interessante este dinamismo. Alguns queriam que eles fossem uma simples seita, a quem chamavam “Seita dos Nazarenos”, mas as comunidades multiplicavam-se.

Interessante o modo como viviam e cresciam. Não eram nada sem a comunidade e cedo se  organizaram para que houvesse uma estrutura mais ou menos igual. Porque pertenciam a uma determinada comunidade recebiam um cartão, igual para todos. Falo da “Carta de Comunhão” que os apresentava em qualquer lugar onde estivessem. Era grande o sentido de pertença e ninguém se sentia sozinho. A comunhão, a Koinonia, prepara-os para o anúncio do Evangelho. Em primeiro lugar, crescendo nas cidades vizinhas. Depois, alguns comerciantes, que andavam de cidade em cidade, tornaram-se os primeiros evangelizadores em muitos lugares. Surgiam sobretudo nos portos junto ao mar. E as Cartas de Comunhão eram o modo de serem acolhidos em qualquer lugar e celebrar a fé com outras comunidades. Não eram desconhecidos. A fé unia e dava força. Por isso nos admiramos como o cristianismo, sem nenhuma estratégia humana, foi nascendo rapidamente em todo o império.

O que é que isto poderá dizer hoje à Igreja? Podemos não ser compreendidos ou até perseguidos. Se estivermos unidos nada nos meterá medo. Alguns poderão quer devastar a Igreja. A Igreja fará com que da perseguição, aberta ou camuflada, brotem ramos de nova juventude. O futuro da Igreja vai passar por estas pequenas comunidades em ligação umas com as outras, com profundos laços de fé e comunhão. Os ventos serão adversos. A comunhão permitirá que tudo seja ultrapassado.

Nesta semana de oração pelas vocações, quero lembrar as vocações de especial consagração, ou seja, os religiosos e as religiosas. Nos três primeiros séculos, os cristãos foram perseguidos e conseguiram sobreviver a partir da comunhão. Muitos morreram mártires e o martírio era o sinal mais eloquente do seguimento de Cristo. Nada lhes metia medo. Antes pelo contrário, era desejado e procurado. Exemplo disso foi Sto. Inácio de Antioquia que, condenado ao martírio em Roma, escrevia aos cristãos dessa cidade para que não interviessem junto das autoridades mas que o deixassem morrer por Cristo. Chegada a paz, graças ao imperador Constantino, a Igreja começou a ser protegida e a vida cristã a ser muito fácil. Apareceram os religiosos, inicialmente em experiências de vida isolada, cenobítica e com expressões que hoje não compreendemos. O seu desejo era seguir Cristo em autenticidade numa pobreza radical. Foram apelidados de mártires brancos pelo desejo de viverem apenas para Cristo. Esta experiência do martírio branco continuou com outras experiências de consagração que foram acontecendo. Mais tarde, a vida solitária deu lugar à vida comunitária, não como fim em si mesma, mas para promover a edificação do Reino de Deus. Foram surgindo vários carismas conforme as necessidades dos tempos.

É bom termos conhecimento da razão de ser da vida consagrada. Poucos entendem a sua razão de existir. Na Igreja testemunham que só Deus basta e que querem oferecer a vida para mostrar o quanto Ele ama a Humanidade. Como cristãos devemos ter grande respeito por todas as formas de vida consagrada. Deveríamos encontrar modos para mostrar que amamos estes nossos irmãos pela sua entrega. Rezemos, também, para que Deus lhes conceda vocações.

O cristianismo cresceu a partir da força das comunidades. Sintamo-nos convidados a experimentar a vida em ambiente comunitário. Não aceitemos um cristianismo individualista. Respeitemos, estimemos e rezemos pelos religiosos e religiosas, e que o Senhor lhes conceda muitas e santas vocações.

Também, neste dia, em que celebramos a solenidade de Sta. Catarina de Sena, proclamada pelo Papa S. João Paulo II Padroeira da Europa, juntamente com Sta. Brígida da Suécia e Sta. Edith Stein, rezemos para que, na Europa, a Igreja readquira a autenticidade e unidade pela qual ela ofereceu a sua vida.

 

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

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