Arquidiocese de Braga
Foi Bispo de Dume, onde fundou um mosteiro, sendo no ano de 569 elevado a Bispo Metropolita de Braga, dotado de influência sobre todas as dioceses da província da Galécia. É, desde 1985, o padroeiro principal da Arquidiocese de Braga.
S. Martinho de Dume nasceu na Panónia, província romana situada no território da actual Hungria, tendo nascido presumivelmente em 520. Ainda novo foi para a Palestina. Estudou grego e ciências eclesiásticas no Oriente. De volta ao Ocidente, dirigiu-se para Roma e para a França, onde visitou o túmulo do seu conterrâneo S. Martinho de Tours.
Cerca do ano 550 veio para a Galécia, como Apóstolo dos Suevos, contribuindo para que abjurassem do Arianismo.
Foi Bispo de Dume, onde fundou um mosteiro, sendo no ano de 569 elevado a Bispo Metropolita de Braga, dotado de influência sobre todas as dioceses da província da Galécia.
Martinho era um homem de uma eloquência e sabedoria elevada e por isso proferia discursos e pregações excecionais. Em tempos de heresias, conseguiu, segundo se diz, converter o Rei Suevo Teodomiro, cuja corte se situava em Braga, ao cristianismo, convertendo desta forma todo o Reino. O Bispo impulsionou a realização de dois concílios em Braga – em 561 e 572 – tendo efectuado a ordenação do território “Parochiale Suevorum” e a difusão do cristianismo frente às crenças pagãs de raiz pré-românica.
Nos primeiros séculos, foi tarefa primordial do cristianismo a purificação das inúmeras superstições e costumes pagãos que continuavam a vigorar nos povos já convertidos à fé em Cristo. A tentativa de conjugar estes ritos com a nova fé era muito frequente. Martinho, na sua missão de Bispo Metropolita, cujo domínio superava largamente o da sua diocese, enfrentou como principal desafio depurar esta fé vivida debaixo de influências pagãs. O cristianismo tentava, então, apagar os vestígios de rituais e superstições herdadas da ocupação romana.
Entre as suas obras podemos encontrar “De correctione rusticorum” (“Correcção dos erros dos rústicos”). Os rústicos eram os povos rurais que permaneciam apegados às velhas superstições do paganismo. Os ídolos, os demónios, o culto das forças da natureza, o hábito de dar aos dias da semana o nome de deuses da mitologia greco-latina – Martinho foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies) –, as práticas divinatórias, as superstições como o celebrar o dia do rato e das traças eram criticados por não serem consentâneos com o estatuto de um verdadeiro cristão.
Ao que se supõe, Martinho fundou o mais antigo mosteiro (cenóbio) existente em território português, situado em Dume, nos arredores de Braga.
Morreu em 579, tendo sido sepultado na catedral dumiense. Os seus restos mortais foram trasladados em 5 de fevereiro de 1591, por ordem do arcebispo D. Frei Agostinho de Jesus, para a Igreja de S. Frutuoso, e daqui para a Sé bracarense em 22 de outubro de 1606.
As suas relíquias continuam na Sé de Braga. O túmulo onde esteve sepultado, escondido em Dume até ao século XVI, esteve no Museu D. Diogo de Sousa e encontra-se hoje no Núcleo Museológico de Dume. Foi declarado padroeiro principal da Arquidiocese de Braga, celebrando-se a sua festa litúrgica no dia 22 de Outubro.
É, desde 1985, o padroeiro principal da Arquidiocese de Braga.