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O Papa apelou hoje, numa mensagem dedicada à União Europeia, a uma resposta comum perante a pandemia e à preservação dos valores fundamentais do projeto comunitário.
No texto, Francisco afirma que a pandemia é “como uma encruzilhada que obriga a tomar uma opção: ou seguimos pelo caminho embocado no último decénio, que aparece animado pela tentação da autonomia, esperando-nos mal-entendidos, contraposições e conflitos cada vez maiores; ou redescobrimos o caminho da fraternidade, que sem dúvida inspirou e animou os Pais fundadores da Europa moderna, a começar precisamente por Robert Schuman”.
A mensagem assinala o 40.º aniversário da Comissão dos Episcopados da União Europeia (COMECE) e o 50.º aniversário das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a União Europeia e da presença da Santa Sé como Observador Permanente no Conselho da Europa.
O Papa destaca que a pandemia veio sublinhar que “ninguém pode sobreviver sozinho e que uma certa forma individualista de conceber a vida e a sociedade gera apenas desconforto e solidão”, tornando “mais relevante” a necessidade do projecto comunitário.
O pontífice apresenta um conjunto de “sonhos” para a Europa e evoca uma intervenção de São João Paulo II para lançar um convite: “Europa, volta a encontrar-te! Volta a encontrar os teus ideais, que têm raízes profundas. Sê tu mesma! Não tenhas medo da tua história milenar, que é uma janela para o futuro mais do que para o passado”.
Francisco questiona todos sobre a Europa que sonham para o futuro e a importância de conservar a sua “concepção do homem e da realidade”.
“Sonho uma Europa amiga da pessoa e das pessoas”, escreve o Papa, que deseja ainda “uma Europa que seja uma família e uma comunidade”, apelando à defesa da vida “em todos os seus momentos, desde o instante em que surge invisível no ventre materno até ao seu fim natural”, numa referência às legislações que abriram portas à prática do aborto e da eutanásia.
“Nenhum ser humano é dono da sua própria vida ou da dos outros”, acrescenta.
Para Francisco, o trabalho é o “meio privilegiado para o crescimento pessoal e a edificação do bem comum”, e pede oportunidades de emprego, especialmente para os mais jovens.
A mensagem aborda ainda o desafio ecológico e pede uma Europa “solidária e generosa”, em particular no campo da cooperação internacional e das migrações.
“Sonho uma Europa saudavelmente laica, onde Deus e César apareçam distintos, mas não contrapostos. Uma terra aberta à transcendência, onde a pessoa crente se sinta livre para professar publicamente a fé e propor o seu ponto de vista à sociedade”, refere Francisco.
P. Paulo Alexandre Terroso Silva
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