Arquidiocese de Braga -

2 fevereiro 2007

A Universidade Católica como Esperança e Profecia

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Colaborador

(Saudação na Sessão Solene do 40º Aniversário - 02/02/07)

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Há quarenta anos a cidade de Braga acolheu, com alegria e responsabilidade, a Universidade Católica. Foi o início duma caminhada que tem presenciado etapas diferentes dum desenvolvimento, que hoje pode orgulhar-nos, no serviço que presta à cultura e à evangelização.

Nesta sessão solene de evocação desta data, toca-me a grata tarefa de dar as boas vindas a quantos se dignaram honrar-nos com a sua presença. Sejam bem vindos para, em Igreja, participarmos neste momento de acção de graças por quanto a Universidade Católica realizou em prol da Igreja e de Portugal neste percurso de 40 Anos.

Entre nós, estão muitos que marcaram o ritmo da Católica em momentos paradigmáticos. Deixem-me recordar Suas Eminências os Cardeais D. Manuel Gonçalves Cerejeira e D. António Ribeiro. Presto homenagem aos Professores Doutores José do Patrocínio Bacelar Oliveira e Manuel Isidro Araújo Alves. Partiram, mas o seu testemunho de dedicação é alento para que não nos detenhamos perante as dificuldades.

Na brevidade duma saudação, ouso lembrar o que o Papa João Paulo II referiu no Jubileu dos Universitários: “O saber iluminado pela fé, longe de afastar-se do vivido no quotidiano, habita-o com toda a força da esperança e da profecia”. Confrontamo-nos com múltiplas realidades étnicas e culturais: constatamos uma fragmentação e instrumentalização do conhecimento. Corremos, por isso, o risco de reduzir a cultura a um pragmatismo utilitário. Não basta promover um profissionalismo exigido pela globalização.

A Universidade será “esperança” e simultaneamente “profecia” se for capaz de formar e amadurecer homens e mulheres que participam, - através dum confronto harmonioso, crítico e construtivo – num amanhã duma sociedade alicerçada nos valores de sempre – justiça, liberdade, paz, solidariedade – e que hoje são sentido para os indivíduos perdidos no emaranhado de propostas sedutoras porque redutoras.

Se as universidades surgiram na Idade Média como síntese entre um saber teológico, filosófico e científico, hoje, para que a União Europeia não se reduza ao mercado, elas são insubstituíveis, e particularmente a Católica, se gerarem um património cultural europeu onde a fé continue a permitir uma verdadeira unidade, no meio duma legítima diversidade, como luz norteadora a que muitos pretendem alhear-se.

Daí que a celebração dos 40 Anos da Universidade Católica manifesta um reconhecimento da sua importância no contexto universitário e, concretamente, nesta cidade que a viu nascer e que continua a necessitar da sua presença.

Se há 40 Anos as perplexidades eram naturais, hoje, e gostaria de falar como Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o projecto deve ser acolhido como imprescindível e verdadeiramente estruturado em valores dum humanismo cristão, que todos acolhem e lutam para que se concretizem.

Braga, como Arquidiocese onde a Universidade Católica deu os primeiros passos, não deixará de lhe proporcionar o amor de sempre.

 

+ Jorge Ferreira da Costa Ortiga,

Arcebispo Primaz