Arquidiocese de Braga -
23 dezembro 2013
DO NATAL AOS REIS
O Auditório Vita promove mais uma edição do concerto “Do Natal aos Reis”. A edição deste ano conta com a actuação do Coral de Letras da Universidade do Porto, cujo reportório versará sobre cantos tradicionais portugueses da natividade de Fernando Lopes-Gr
O Auditório Vita celebra no Domingo, dia 5 de Janeiro, às 21.30h, o Dia de Reis, com o habitual concerto “Do Natal aos Reis”. O concerto apresenta o Coral de Letras da Universidade do Porto, dirigido pelo Maestro José Luís Borges Coelho e conta com a participação do actor Pedro Lamares. Será interpretada, integralmente, a Primeira Cantata do Natal sobre Contos Tradicionais Portugueses da Natividade para coro misto a capella de Fernando Lopes-Graça. A música e os textos populares entrarão em diálogo com a actualidade pela voz de Pedro Lamares.
A candura dos textos tradicionais, que manifestam uma relação humana e doce com o Menino Jesus projecta-se numa leitura das problemáticas da actualidade, invocando a maravilhosa mistura de coragem, simplicidade, esperança e ternura que só o povo sabe mostrar ao longo dos séculos. De certa forma, o diálogo intertextual recorda que o Natal, o nascimento da “pequenina luz bruxuleante” da esperança (pedindo emprestada a expressão de Jorge de Sena) é um acontecimento de beleza no meio das maiores provações, uma alegria mais funda, e uma confiança que é capaz de imaginar para além da linha do horizonte. Esta sabedoria popular é capaz de acreditar “Que na noite de Natal/ Num curral,/Baixou o filho de Deus/Lá dos céus!” e de sentir que, apesar das dificuldades e pobreza, é possível fazer nascer entre nós um eco de generosidade: “Ó meu Menino Jesus,/Eu vos venho entregar/Esta linda pomba branca/Para o Menino brincar”; “Cheguei aqui a Belém,/E venho muito cansado/Of’recer este cabrito/Ao meu Menino adorado”. É visível uma esperança humaníssima na preocupação de alimentar e fazer crescer o próprio Deus Menino: “Em vez de o brindar/Com algum mimo/Dêem-lhe leite,/Que é pequenino”.
Também hoje o frio e a indiferença ferem muitas crianças, muitas mulheres (e alguns homens) vítimas de violência doméstica, incontáveis milhares de mortos e feridos em guerras como a da Síria, Iraque ou Sudão do Sul; o desemprego e a emigração afligem inúmeras famílias; o fosso entre ricos e pobres agrava-se. A lista das desgraças é infindável. Vivem-se tempos sombrios, como disse (em “Aos que vierem depois de nós”), Bertolt Brecht: “Que tempos são estes, em que é quase um delito falar de coisas inocentes, pois implica silenciar tantos horrores? Esse que cruza tranquilamente a rua não poderá jamais ser encontrado pelos amigos que precisam de ajuda?”. Também hoje é necessário fazer nascer a esperança entre nós. Uma esperança assente na justiça para que possa, como afirma Brecht, “chegar o momento em que o homem seja bom para o homem”. Nesse sentido, muita esperança nos dão as palavras do Papa Francisco quando recorda que “uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce” (Julho de 2013).
Este Concerto de Reis é a favor da Comunidade Monástica Al Khalil Deir Mar Musa, na Síria. No final dos anos oitenta, o jesuíta padre Dall'Oglio deu vida a uma comunidade no antigo mosteiro de Deir Mar Musa, na Síria, transformando-o num lugar para o diálogo entre religiões, de modo especial entre a religião cristã e o islão, atraindo jovens de todas as partes do mundo, e também não-crentes. Esta comunidade permaneceu no local para ajudar as populações e vive hoje muitas dificuldades na ajuda aos refugiados, entre os quais se contam muitos cristãos perseguidos pelos fundamentalistas islâmicos. Segundo informações da Agencia Ecclesia, “o Arcebispo Alnmed classificou o ataque à cidade de Sadad como um ‘massacre’ de violência dantesca. Os que sobreviveram ao terror dos combates ‘foram ameaçados e estão aterrorizados’. Sadad ficou como uma memória. Um monumento à perseguição dos cristãos. Na cidade ainda está viva a língua aramaica, a língua de Jesus. Quando Sadad estava sob a mira das armas, o Arcebispo Selwanos pediu ajuda, mas não teve resposta. As suas palavras dirigiram-se a todos nós, sem excepção. Gritamos pedindo socorro ao mundo, mas ninguém nos ouviu. Onde está a consciência humana? Onde estão os meus irmãos?”. Não é possível ignorar mais o sofrimento dos Cristãos neste país.
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