Arquidiocese de Braga -
19 fevereiro 2014
RITO BRACARENSE PRESENTE EM SIMPÓSIO INTERNACIONAL
O Vaticano acolhe durante esta semana um simpósio internacional dedicado aos 50 anos da constituição “Sacrosanctum Concilium”, documento do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia que entrou em vigor a 16 de fevereiro de 1964 e que lançou as bases para a po
O Vaticano acolhe durante esta semana um simpósio internacional dedicado aos 50 anos da constituição “Sacrosanctum Concilium”, documento do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia que entrou em vigor a 16 de fevereiro de 1964 e que lançou as bases para a posterior reforma litúrgica. O pe. Joaquim Félix Carvalho, formador do Seminário Conciliar e professor de liturgia na Faculdade de Teologia, estará presente no Simpósio no âmbito de um painel dedicado às diversas tradições litúrgicas, apresentando a evolução verificada desde o Concílio Vaticano II do Rito Bracarense.
Em declarações ao Igreja Viva, o pe. Joaquim Félix refere que “desde o século XIII que a Igreja de Braga tem a consciência de celebrar com costumes próprios quer a Eucaristia, quer os demais Sacramentos”. A última edição do missal de Rito Bracarense foi impressa em 1924 por decisão de D. Manuel Vieira de Matos, que aplicou em toda a Arquidiocese a celebração segundo o mesmo Rito, numa prática que perdurou até ao Concílio.
“Com a reforma litúrgica do Vaticano II, os clérigos começam a acompanhar com muito entusiasmo as novidades aplicadas à liturgia romana, adoptando os livros litúrgicos reformados”, acabando por progressivamente deixar a celebração segundo o Rito Bracarense.
Curiosamente, numa auscultação feita ao clero e à cidade durante os anos 60, “as elites culturais - por exemplo o director do Arquivo de Braga, entre outras instituições - manifestam-se a favor da manutenção do Rito Bracarense, no sentido que o Rito moldou a matriz espiritual desta Igreja desde longas gerações”, refere o docente.“Penso que, hoje, ter livros próprios - missal, liturgia das horas - não se justifica”. Joaquim Félix refere que, durante a década de 70, foi feito, com aprovação da Congregação para os Ritos, a edição em português e latim da celebração da Eucaristia segundo o Rito Bracarense, mas ainda sem uma reforma do Rito segundo as orientações do Vaticano II que, por força de circunstâncias limitadoras na Arquidiocese, não se chegou a realizar, aprovando-se apenas um esquema de apoio à celebração do Tríduo Pascal.
A celebração segundo o Rito Bracarense dá-se também no dia 2 de Fevereiro (Dia da Apresentação do Senhor) e no Domingo de Ramos. Para Joaquim Félix, mais do que uma estrutura celebrativa própria da Eucaristia, o Rito Bracarense pode ocupar o seu lugar na Arquidiocese através de um conjunto de orações, formas de bênção, hinos e expressões próprias, enriquecidas com o património histórico, num ajuste às circunstâncias actuais e num desenvolvimento orgânico da liturgia local, “sem afectar a matriz fundamental do Rito Romano” celebrado na Igreja. Um relevo especial dedicado à figura de Maria e as referências particulares ao Espírito Santo são algumas das características do património litúrgico bracarense.
IGREJA VIVA, 20 de Fevereiro de 2014 (RV/DACS)
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