Arquidiocese de Braga -
26 dezembro 2015
"Casa Esperança é resposta de Misericórdia"
Álvaro Magalhães | Diário do Minho
D. Jorge Ortiga avança com nova resposta social da igreja de Braga dirigida à reinserção social dos ex-reclusos dos estabelecimentos prisionais de Braga e Guimarães.
Numa lógica de cumprimento das Obras de Misericórdia, concretizando em atos concretos a doutrina da Igreja, a Arquidiocese de Braga vai avançar com a criação daquela que será a “Casa Esperança”, uma estrutura que apoiará a transição dos reclusos que terminam as suas penas de prisão e que necessitam de uma “reentrada harmoniosa” na liberdade do quotidiano social.
«No caso dos ex-reclusos, verifica-se que muitos perdem a capacidade de viver autonomamente devido a uma longa experiência prisional. Outros há que nunca estiveram plenamente inseridos na sociedade, pela natureza dos seus percursos desviantes. Sair de um ambiente totalmente controlado para um ambiente onde há poucas ou nenhumas restrições e uma grande variedade de tentações é muitas vezes motivo para que muitos ex-reclusos regressem ao crime», explicou o Arcebispo de Braga, na homilia que proferiu ontem na Sé Catedral.
É assim que D. Jorge Ortiga fundamenta a iniciativa: «Pensamos, por isso, numa casa de transição, “Casa Esperança”, para facilitar a passagem da vida institucional para a vida em comunidade num processo o mais “harmonioso” possível – fornecendo um ambiente mais ou menos supervisionado, mais ou menos estruturado no qual os residentes possam gradualmente recuperar ou alcançar uma vida com relativa autonomia». Sem definir a localização ou estatuto de funcionamento, o prelado avança apenas que a “Casa Esperança” será «mais do que uma resposta puramente residencial», e que procurará proporcionar «um ambiente privilegiado para o desenvolvimento ou aquisição de estilos de vida normativos, de competências básicas, pessoais e sociais, promovendo-se uma autonomia progressiva dos seus beneficiários».
Duas cadeias, uma resposta integradora
O Arcebispo Primaz argumenta a iniciativa não apenas pelo facto da Igreja Católica procurar viver intensamente o Jubileu da Misericórdia, mas pela realidade concreta da Arquidiocese de Braga. «Gostaria de pensar e convidar a que pensássemos nos presos. Temos uma cadeia em Braga e outra em Guimarães. Estão bem muradas mas teremos de ir para além dos muros e repensar o que poderemos fazer pelos reclusos, quase todos relativamente jovens. Se muitos tivessem um acolhimento e atendimento por parte das comunidades talvez não estivessem lá. Alguns encontram-se verdadeiramente descartados da sociedade e da família», sustenta D. Jorge Ortiga, que tem visitado ambos os estabelecimentos prisionais.
«O Santo Padre pede que marquemos o Ano da Misericórdia com sinais que testemunhem o Amor misericordioso como apelo à conversão», lembra o prelado, apontando que os cidadãos em geral e, particularmente, os cristãos devem sentir especialmente convidados a olhar «para as situações humanas» a que, habitualmente, prestam «pouca atenção», pensando até que «os outros as devem resolver», e atuar.
Por isso, desejou o Arcebispo de Braga: «Que o Natal nos coloque em movimento para que a verdadeira religião nos comprometa com os homens e os seus destinos. Identifiquemo-nos com os problemas e “esmaguemos” as dores humanas fazendo com que se atenuem porque vivenciadas em verdadeira unidade fraterna que não se alheia, mas que arrisca soluções e caminhos novos para a sociedade. Isto deve ser o Natal. Que neste Ano da Misericórdia vivamos um Natal de afetos a purificar, vivenciar e intensificar».
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