Arquidiocese de Braga -

10 julho 2014

OPINIÃO: S. BENTO, PAI E PADROEIRO DA EUROPA

Fotografia

A nossa cultura , concretamente a do Ocidente, foi construída por homens e mulheres, tantas vezes anónimos, que impuseram uma marca determinante a esta cultura herdeira de judeus, gregos, romanos e cristãos. Também de árabes do norte de África.

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A nossa cultura , concretamente a do  Ocidente, foi construída por homens e mulheres, tantas vezes anónimos, que impuseram uma marca determinante a esta cultura  herdeira de judeus, gregos, romanos e cristãos. Também de árabes do norte de África.

Aqui, neste Ocidente europeu se desenvolveram e caldearam culturas que se influenciaram mutuamente e deixaram marcas que ainda hoje, tantos séculos depois, se evidenciam em todos os aspectos sócio-antropológicos, espirituais ou artísticos.

  Entre os maiores cabouqueiros da Europa, discretos, operativos e silenciosos mas efectivamente determinantes na definição da sua cultura, estão os filhos espirituais de um romano nascido no século V ( 480 ) e que do Atlântico aos Urais, da Escandinávia ao mediterrâneo , com a sua presença criaram uma civilização, malgrado as vicissitudes da História. Bento de Núrsia era o seu nome. Beneditinos , de vários matizes, são os seus filhos espirituais. Os mosteiros, lugares de oração e de trabalho, eram e são o espaço espiritual e temporal onde os monges se entregavam e entregam aos labores do aperfeiçoamento do espírito e do trabalho das suas mãos. Os mosteiros e seus monges, que seguiram e seguem a Regra de Bento de Núrsia, foram motores determinantes desta cultura. Daqueles cenóbios e dos monges que os povoaram ao longo dos séculos, se promovia uma cultura irradiante de respeito pelo outro, pela Natureza e de uma saudável solidariedade.

Onde se implantou um mosteiro, frequentemente em locais isolados e despovoados, nasceu uma aldeia ou até mesmo uma cidade. Basta pensar em Alcobaça ( monges de Cister) ou, aqui bem no coração do Minho, Cabeceiras de Basto ( os monges beneditinos, os monges negros).

Os monges, filhos espirituais de S. Bento, eram considerados na Idade Média  os “ oratores” , nomeadamente dos monges negros e os cistercienses , verdadeiros mediadores entre os homens e Deus . E, por isso, o mosteiro,cada mosteiro, para muitos foi lugar de eterno repouso. E cada mosteiro tornava-se, deste modo, um centro de grande interesse e atracção, objecto de dádivas dos simples e dos poderosos, na procura da salvação eterna ou na cura de doenças junto das boticas que os mosteiros tinham abertas á comunidade.

A Agricultura , pelo trabalho árduo dos “ laboratores”,  beneficiou , e muito, da presença dos monges. E não é por acaso que a boa fruta que ainda hoje se consome em Portugal, se produz junto de antigos mosteiros ( Amares, Ermelo, a região do vinho do Douro ou Alcobaça ).

À sombra do seu mosteiro se fixaram os “ bellatores” medievais, hoje detectados nos solares  que se encontram  dispersos por terras que nasceram à sombra de um mosteiro , homens  que procuravam, sob a protecção do mosteiro, que viviam em  “ laus perenis” , um lugar de paz eterna.

Mas a devoção ao Santo Patriarca S. Bento, também tem, desde tempos imemoriáveis, uma forte implantação popular. Será difícil encontrar uma igreja paroquial sem uma imagem do “ Pai e Padroeiro da Europa”, S. Bento. E a Arquidiocese de Braga tem um dos mais famosos santuários do mundo dedicados  S. Bento: O nosso S. Bento da Porta Aberta que em 2014 comemora os 50 anos do Breve de Paulo VI, que o proclamou Padroeiro da Europa e se prepara para em 2015 comemorar os 400 anos da fundação do santuário que está na origem  do que hoje existe e é objecto de peregrinações e visitas de simples turistas de todo o mundo.

Carlos Aguiar Gomes