Arquidiocese de Braga -
9 dezembro 2024
Alegra-te, cheia de graça
Solenidade da Imaculada Conceição 2024
- 1. Mil nomes, um nome
Ao longo dos séculos a Igreja invoca a Virgem Santa Maria com mil nomes, mas ela escolheu um só nome junto de Deus: “Serva do Senhor”.
Todas as Nossas Senhoras são a mesma Mãe de Deus. Com efeito, os inumeráveis títulos dados à Virgem Santa Maria, a Jovem de Nazaré escolhida para ser a Mãe de Deus, referem-se à mesma e única Mulher admirável, a quem carinhosa e filialmente chamamos Nossa Senhora, porque é Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e Mãe da Igreja.
A oração mais conhecida no culto mariano é a “Avé Maria”. Trata-se deste imperativo dirigido pelo Anjo Gabriel à Virgem Santa Maria: Chaire em grego e Ave em latim, mais precisamente Gaude, isto é, alegra-te. A expressão grega kecharitomene traduzida por “cheia de graça” expressa a singularidade da alegria da Virgem Santa Maria, mãe de Deus e mãe da Igreja.
Maria é a primeira mulher a quem Deus fala e saúda-a: «alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo» (Lc 1, 28). Esta saudação é de tal forma, que ela ficou perturbada. As palavras do mensageiro angélico evocam a profecia de Sofonias: «Canta de alegria, filha de Sião. Soltai gritos de júbilo, Israel. Alegra-te e exulta de todo o coração, filha de Jerusalém» (Sf 3,14).
- 2. Imaculada Conceição
Há 170 anos, o Papa Pio IX declarou o dogma da Imaculada Conceição. Aqui no Sameiro há 120 anos foi coroada a bela imagem da Senhora. O que é, então, a Imaculada Conceição?
Escreveu uma poetisa italiana: «quando o céu beijou a terra nasce Maria que quer dizer a simples, a boa, a cheia de graça» (Alda Merini).
Em 1854 foi dito na bula Ineffabilis Deus, com esta linguagem: «Por uma graça e favor singular de Deus omnipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição».
O Catecismo da Igreja Católica sintetiza: «Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe do seu Filho. “Cheia de graça”, ela é “o mais excelso fruto da Redenção”. Desde o primeiro instante da sua conceição, ela foi totalmente preservada imune da mancha do pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao longo da vida» (n. 508).
Maria é Aquela que a Sagrada Escritura apresenta como a toda bela: «quem é essa que desponta como a aurora, bela como a lua, fulgurante como o sol, terrível como esquadrão com bandeiras desfraldadas?» (Cc 6,10).
Na verdade, «o que a fé católica crê, a respeito de Maria, funda-se no que crê a respeito de Cristo. Mas o que a mesma fé ensina sobre Maria esclarece, por sua vez, a sua fé em Cristo» (Catecismo da Igreja Católica 487).
- 3. Mãe da Esperança
Como os romeiros entoam nas suas cantigas à Senhora, nós suplicamos: «Senhora do Sameiro, / que estais no altar/ pedi ao Senhor/ p’ra guerra acabar».
Grande é a alegria de evangelizar como Maria, primeira peregrina da fé, esperança e caridade.
Na proposta arquidiocesana dos passos de esperança do Advento/Natal: propõe-se para hoje as palavras da resposta de Maria ao Anjo: «Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). Com este passo de esperança cada um é convidado a acreditar em si mesmo e a confiar-se à Palavra feita carne no seio da Virgem santa Maria.
O tempo de Advento Natal é lugar de esperança. Este é o tempo de com Maria, globalizar a esperança. Com efeito, dizia Santo Agostinho: «a esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação ensina-nos a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las».
Não será o Evangelho a mudar, mas o nosso modo de o compreender e de o viver.
+ José Manuel Cordeiro
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