Arquidiocese de Braga -

22 junho 2024

Braga envia mensagem de paz ao mundo através da Aldeia das Religiões

Fotografia Francisco de Assis

Francisco de Assis - DM

Encontro inter-religioso terminou este sábado, em Priscos

Terminou este sábado a segunda edição da Aldeia das Religiões, que decorreu em Priscos, Braga. O dia de sexta-feira ficou marcado pela visita do Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro e do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, que consideram que, através da Aldeia das Religiões, onde convivem, refletem e comem na mesma mesa, representantes de várias religiões e nacionalidades, Braga está a enviar uma forte mensagem de  paz, inclusão e respeito pela diferença. 

Tanto o Arcebispo de Braga como o presidente da Câmara de Braga visitaram as diferentes tendas das mais de 40 religiões presentes no concelho de Braga, inteirando-se das suas vivências e dimensão no concelho. O Padre João Torres, pároco de Priscos, mentor e da Aldeia das Religiões, e o presidente da Junta de Freguesia de Priscos, Israel Pinto, também acompanharam a visita.

A Igreja Católica de Braga está representada na Aldeia por mais do que um movimento, com destaque para a Educação Moral e Religiosa Católica e Centro Missionário da Arquidiocese de Braga.

Em declarações ao Diário do Minho, o Arcebispo de Braga começou por felicitar o padre João Tores, a paróquia e freguesias de Priscos pela iniciativa «louvável», sobretudo pela atualidade.

«Depois de algum tempo de reflexão, em boa hora retomaram a Aldeia das Religiões. Podemos dizer que é um tema mais atual do que nunca, este diálogo inter-religioso, de construção da fraternidade e da paz. E é tão bonito ver aqui representação das principais confissões religiosas no mundo, a boa relação, poderem sentara-se à mesma mesa, no  respeito uns pelos outros. É este o caminho da fraternidade e da paz. Braga é cada vez mais uma cidade intercultural e por isso também inter-religiosa. É nossa missão acolher bem quem veio viver no meio de nós, respeitando as diferenças, a sua cultura e religião e, ao mesmo tempo, sermos construtores desta nova relação e nova maneira de viver e de conviver na cidade e na Arquidiocese de Braga. Na inclusão, hospitalidade e respeito, sem perder a nossa identidade. Porque é a partir da identidade, e da luz do Evangelho que podemos construir melhor as relações humanas e fraternas», disse D. José Cordeiro. Para o prelado, Deus está na Aldeia das Religiões. É a expressão própria das culturas e das religiões. É isso que nos une e nos fortalece. O Deus de Jesus Cristo, a quem nós chamamos de Pai Nosso, congrega-nos a todos como irmãos e irmãs. É uma mensagem de paz que Braga envia ao mundo», concluiu.


 

«É fantástico ver religiões diferentes, sentadas à mesma mesa, a refletir»

Ao Diário do Minho, o padre João Torres não escondeu a satisfação pela visita dos mais altos representantes da sociedade bracarense, mas sobretudo pela bela convivência entre os representantes das diferentes religiões.

«É uma alegria termos aqui connosco o Senhor Arcebispo de Braga e o presidente da Câmara de Braga. É a confirmação que esta atividade merece o aval das mais altas entidades do concelho e da Arquidiocese». 

Segundo o padre Torres, o encontro tem corrido bem, com visitantes de várias partes do país, inclusivamente de Coimbra. Mesmo em termos de críticas, têm sido, em termos gerais, «muito positivas; o que é uma coisa boa. Tem sido bonito de ver as diferentes confissões religiosas a convidarem-se umas às outras para estarem nos encontros, estarem todas à mesma mesa. E há outra coisa fantástica, que é estarem todos juntos a fazerem meditação. Isto é um milagre», considera.

Questionado se esta mensagem pode chegar  às nações beligerantes, sobretudo aquelas em conflito religioso, o mentor da Aldeia das Religiões acredita que sim. «Creio que sim. Havendo pequenos focos de luz, esta luz pode chegar a diferentes sítios. Eu dizia na abertura que, por estes dias, Deus está mesmo aqui».

Quanto ao presidente da Câmara de Braga classificou o evento de «importante» para Braga. «Porque, no fundo, acaba por dar testemunho daquilo que é hoje a diversidade que se vive no concelho. Braga tem neste momento 130 nacionalidades e obviamente, com cidadãos, que professam religiões diversificadas. Braga tem sido um excelente exemplo de integração e é um testemunho que em Braga existe uma tolerância particular e respeito próximo uns dos outros. Ou seja, a dimensão religiosa não é uma barreira, é algo com que se consegue conviver. Por isso, esta iniciativa da Aldeia das Religiões acaba por dar testemunho que o facto de termos religiões diferentes não nos tornam adversários nem inimigos. Há diferentes perspetivas sobre a vida, sobre a sociedade, mas não necessariamente conflituantes. Acho que esta é uma mensagem de paz que sai de Priscos para Braga e para o Mundo, que eu espero que possa prosseguir no futuro», disse Ricardo Rio.