Arquidiocese de Braga -

9 julho 2024

Apresentação do Instrumentum laboris para a Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos

Fotografia Reprodução

DACS com Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos

Está a ser apresentado nesta manhã o Instrumentum Laboris para a Segunda Sessão da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, numa Conferência de Imprensa, na Sala de Imprensa da Santa Sé, em Roma.

Participam da conferência de imprensa o Cardeal Mario Grech, Secretário-Geral do Secretariado Geral do Sínodo, o Cardeal Jean-Claude Hollerich, SJ, Arcebispo do Luxemburgo e Relator Geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o Reverendo Monsenhor Riccardo Battocchio, Secretário Especial da Assembleia e o Padre Giacomo Costa, SJ, Secretário Especial da Assembleia.

Abaixo pode ler o resumo da apresentação, assim como pode-se fazer download do documento completo.

 

Uma breve apresentação do Instrumentum laboris para a Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos

 

Em 2021, a Igreja de Deus foi "convocada em Sínodo" (cf. Documento Preparatório, n. 1). Desde então, as Igrejas locais, nas quais e a partir das quais a Igreja Católica existe na sua unidade e universalidade, aceitaram o convite para se interrogarem sobre os passos que Deus pede à sua Igreja. Trata-se, ontem como hoje, de anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, Aquele que salva o mundo, o cura e o conduz à sua plena realização. Caminhar juntos - isto é: "sinodalmente" - no caminho indicado por Jesus é a condição para que todos na Igreja, vivendo em comunhão, participem na missão comum.

* * *

O Instrumentum laboris (II) é, antes de mais, como o seu nome indica, um "instrumento de trabalho" para os membros da Assembleia que reunir-se-á em Roma no próximo mês de outubro (2-27). 

Não é um texto que ofereça respostas pré-fabricadas, nem um documento que pretenda abordar todas as questões relacionadas com a necessidade de sermos cada vez mais "sinodais em missão". É um texto de base, articulado mas essencial, destinado a favorecer a oração, o diálogo, o discernimento, o amadurecimento de um consenso a partir de algumas convergências amadurecidas ao longo do caminho em vista da entrega ao Santo Padre de um Documento final da XVI Assembleia.

O texto, naturalmente, pode ser utilizado nos próximos meses nas várias realidades eclesiais para encorajar a participação de todo o Povo de Deus, na oração e na partilha das intenções, na tarefa confiada aos membros da Assembleia.

Fazendo um balanço do caminho percorrido até agora e, em particular, dos contributos que as Igrejas ofereceram desde o Relatório de Síntese da Primeira Sessão, o Instrumentum laboris para a Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos oferece algumas indicações e algumas propostas sobre o modo como a Igreja no seu conjunto, as Igrejas locais e os grupos de Igrejas podem e poderão responder à necessidade de ser "sinodais em missão".

Portanto, o Instrumentum laboris deve ser lido dentro e em continuidade com todo o processo sinodal iniciado em 2021: desde a consulta às Igrejas locais, às assembleias nacionais e continentais, à Primeira Sessão da Assembleia do Sínodo dos Bispos, ao Relatório de Síntese, ao Encontro Internacional de Párocos para o Sínodo e à ativação de dez grupos de estudo que foram encarregados pelo Santo Padre de aprofundar outros temas, incorporando assim algumas das indicações surgidas na Primeira Sessão e iniciando já a "fase de implementação" do processo sinodal, prevista na Constituição Apostólica Episcopalis Communio.

O IL é composto por cinco secções. Depois da Introdução, o IL abre com uma secção dedicada aos Fundamentos da compreensão da sinodalidade, que reitera a consciência adquirida ao longo do caminho e sancionada pela Primeira Sessão. Seguem-se três Partes estreitamente interligadas, que iluminam a vida sinodal missionária da Igreja a partir de diferentes perspectivas: (I) a perspetiva das Relações - com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre Igrejas - que sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que as suas estruturas; (II) a perspetiva dos Percursos que apoiam e alimentam na concretude o dinamismo das relações; (III) a perspetiva dos Lugares que, contra a tentação de um universalismo abstrato, falam da concretude dos contextos em que se encarnam as relações, com a sua variedade, pluralidade e interligação, e com o seu enraizamento no fundamento nascente da profissão de fé. Cada uma destas Secções será objeto de oração, intercâmbio e discernimento num dos módulos que marcarão os trabalhos da Segunda Sessão.

* * *

A introdução

A Introdução recorda o caminho percorrido até agora e dá graças a Deus pelos frutos que o processo sinodal já produziu e que são reconhecíveis numa Igreja que apresenta-se viva e em movimento. Entre eles, a utilização generalizada da metodologia sinodal da Conversação no Espírito. O documento começa então com uma passagem do livro do profeta Isaías, que descreve um banquete preparado pelo Senhor para todos os povos, símbolo de convívio e comunhão. Este tema está ligado à missão da Igreja de levar esperança e salvação à humanidade, especialmente aos que sofrem. O caminho sinodal, iniciado em 2021, é visto como uma oportunidade para renovar o Povo de Deus na sua missão, enraizada na identidade batismal comum e na diversidade dos contextos eclesiais.

No centro da reflexão está a pergunta orientadora: "Como ser uma Igreja sinodal em missão?". O documento sublinha que não se trata apenas de melhorar as estruturas e os procedimentos da Igreja, mas de renovar o empenhamento missionário de todos. Isto requer uma compreensão profunda da sinodalidade e uma conversão contínua. Por fim, a introdução recorda que a Segunda Sessão da XVI Assembleia não pode ser separada da Primeira Sessão: as duas Sessões estão em continuidade "e sobretudo fazem parte de um processo mais amplo que, com base no que é indicado pela Constituição Apostólica Episcopalis communio, não terminará no final de outubro de 2024".

* * *

Fundamentos (n.ºs 1-21).

Durante a Segunda Sessão, a Assembleia empenhar-se-á em discutir os fundamentos que regem o caminho de conversão e reforma que o Povo de Deus pretende percorrer para ser cada vez mais sinodal na missão, harmonizando diversidade e diferença, na reciprocidade de homens e mulheres, num caminho de constante conversão e reforma.

Este capítulo oferece o horizonte no qual situar as reflexões e propostas pastorais e teológicas, explorando os fundamentos da Igreja sinodal missionária, em particular a sua identidade como Povo de Deus e sacramento de unidade. Esta visão enraíza-se na tradição viva da Igreja e exprime-se nas convergências que foram surgindo ao longo do caminho sinodal. A sinodalidade é vista como um caminho de conversão e de reforma, orientado para a missão e a participação de todos os baptizados. A Igreja é chamada a ser um sinal de unidade e um instrumento de reconciliação, num mundo marcado por divisões e conflitos. Isto requer uma compreensão renovada da comunhão eclesial e um compromisso de viver a sinodalidade em todas as suas dimensões. Neste capítulo, é dado um amplo espaço à reflexão sobre o papel da mulher na Igreja. De facto, os contributos recolhidos em todas as fases do processo põem em evidência a necessidade de reconhecer mais plenamente os carismas, a vocação e o papel das mulheres em todas as esferas da vida da Igreja, como um passo indispensável para promover uma sã reciprocidade relacional.

Durante a assembleia

Através da experiência da Conversação no Espírito - já vivida durante a Primeira Sessão - e no aprofundamento destas perspectivas, a Assembleia será chamada a verificar a existência de um autêntico consenso eclesial sobre estes aspectos fundamentais da vida do Povo de Deus, em particular sobre alguns pedidos concretos relativos à valorização da mulher na Igreja, e a manifestá-lo.

* * *

AS TRÊS PARTES CENTRAIS
 

Parte I - RELATÓRIOS (n.ºs 22-50)

Sobre os fundamentos identificados na primeira parte do documento, devem ser examinadas e verificadas as relações que permitem à Igreja ser sinodal na missão. Trata-se da relação com Deus Pai, em Jesus Cristo e no Espírito Santo, expressa sacramentalmente no caminho da iniciação cristã. Trata-se da relação entre homens e mulheres numa comunidade em que o Espírito Santo dá a cada um a capacidade de agir, das mais diversas formas, para o bem de todos (carismas); em que há pessoas chamadas a desempenhar diferentes serviços (ministérios); em que, através do sacramento da Ordem, alguns são chamados a participar no sacerdócio de Cristo, pastor e cabeça, como ministérios ordenados. Da relação entre os fiéis à relação entre as Igrejas num mundo e para um mundo que, no meio de tantas contradições, procura a justiça, a paz, uma esperança maior do que a que se limita ao tempo presente ou ao futuro mais ou menos imediato.

A vitalidade da Igreja vai para além das suas estruturas e, por isso, convida ao cultivo de relações autênticas e profundas. As relações são a base da vida sinodal e missionária da Igreja, que se exprime na comunhão e na participação de todos os membros do Povo de Deus na única missão. Por outro lado, uma Igreja relacional é a mensagem que vem dos relatórios das Igrejas locais, e em particular da voz dos jovens que pedem uma Igreja de relações, não de estruturas, não burocrática, mas fundada em relações que suscitam e são vividas em dinâmicas e caminhos.

Durante a assembleia

A Assembleia poderá dar indicações sobre temas como: a iniciação cristã; o reconhecimento e a promoção dos carismas e dos ministérios; a relação entre bispo, presbítero e diáconos na igreja local, mas também a análise de uma tipologia de ministérios baseada no sacramento do batismo e a proposta de dar vida a novos ministérios como "escutar e acompanhar". Será também uma oportunidade para explorar o conceito de "intercâmbio de dons" na esfera ecuménica e no diálogo com outras tradições religiosas e com toda a humanidade.

* * *

Parte II - PERCURSOS (n.ºs 51-79)

Consideraremos então os percursos pelos quais é possível cuidar das relações e desenvolvê-las de forma cristã, em vista da missão. Antes de mais, os percursos formativos, a todos os níveis da vida da Igreja. O Il recorda que "não há missão sem contexto, não há Igreja sem enraizamento num lugar preciso, com as suas especificidades culturais e contingências históricas. Por isso, não é possível preparar planos de formação em abstrato". Entre os caminhos a serem explorados estão as formas e os critérios com os quais concretizar o "discernimento comunitário" que permite, nas diversas situações, escutar "o que o Espírito Santo diz às Igrejas" e fazer escolhas consequentes, com decisões adequadas, articulando a responsabilidade e a participação de todos e a tarefa específica de quem exerce o serviço de autoridade. Entre os caminhos a seguir estão aqueles que permitem a quem tem responsabilidades eclesiais prestar contas com transparência das suas acções para o bem da Igreja e da missão.

Durante a assembleia

A Assembleia é chamada a sugerir formas concretas de responder a estas exigências de formação, discernimento comunitário e transparência, responsabilidade e avaliação, tendo em conta a unidade da Igreja Católica e a variedade de contextos.

* * *

Parte III - LUGARES (n.ºs 80-108)

As relações e os percursos tomam forma nos lugares. O "lugar" não é simplesmente definido em termos geográficos ou puramente espaciais: antes, recorda a concretude e, ao mesmo tempo, o carácter contextual da cultura que o caracteriza, e a peculiaridade dinâmica e móvel da condição humana. O Instrumentum laboris analisa os contextos concretos em que se encarnam as relações, reconhecendo a variedade e a pluralidade das experiências eclesiais, e convida-nos a superar uma visão estática dos lugares e a ultrapassar a imagem de relações piramidais entre diferentes realidades eclesiais (Paróquia, Diocese ou Eparquia, Província Eclesiástica, Igreja Universal). A Igreja, una e universal, vive "nos lugares" e "a partir dos lugares", numa circularidade dinâmica (ou "interioridade mútua"). Evitando tanto a dispersão e o particularismo, como a tendência para a homogeneização e o achatamento, os grandes temas do diálogo ecuménico, do diálogo inter-religioso e do diálogo com as culturas inserem-se neste horizonte.

Durante a assembleia

A Assembleia poderá, portanto, tratar de temas como a vida da Igreja local (em particular a promoção de organismos de participação), as ligações entre as Igrejas e os seus bispos (Conferências Episcopais, Estruturas hierárquicas orientais, Concílios particulares), o serviço à unidade do Bispo de Roma numa Igreja sinodal (neste contexto, há também a reflexão sobre os desenvolvimentos que o Sínodo dos Bispos sofreu nos últimos anos e a procura de formas de exercício do ministério petrino abertas à "nova situação" do caminho ecuménico, rumo à unidade visível dos cristãos).

* * *

Conclusão (n.ºs 109-112)

O documento termina recordando como cada uma das perguntas que contém pretende ser um serviço à Igreja e, através da sua ação, uma oportunidade para curar as feridas mais profundas do nosso tempo. Recorda como o mundo é um sinal sacramental de uma presença que o transcende e anima, um lugar onde tudo está ligado e marcado pelo desejo do outro. Tudo é um apelo à relação e um testemunho de não autossuficiência. O documento termina com um convite a continuar o caminho como peregrinos da esperança.  


Download de Ficheiros

Breve resumo

Instrumentum-laboris