Arquidiocese de Braga -

13 janeiro 2025

Encontro Sinodal defende valorização dos organismos de consulta nas paróquias

Fotografia DACS

DACS com DM/Ecclesia

Iniciativa promovida pela CEP reuniu 300 participantes, analisando propostas saídas de processo iniciado em 2021

“Esse documento é um condensado da vida e dos sonhos da Igreja. Alimenta o sonho da Igreja que queremos ser e não é longínquo, mas podemos por em prática … Espero que esse nosso encontro seja replicado em cada diocese, paroquias, nas famílias, e que chegue ao coração de cada um de nós, transforme, mude as nossas comunidades", disse D. José Ornelas, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na abertura do Encontro Sinodal Nacional, que decorreu no sábado, dia 11 de janeiro, em Fátima. 

Membros das Equipas Sinodais diocesanas e dos Conselhos Pastorais de cada diocese, junto com os Bispos de Portugal, refletiram sobre o Documento Final do Sínodo. Da Arquidiocese de Braga participaram 30 pessoas.  

Durante o encontro defendeu-se a necessidade de valorizar, “ativar e fortalecer os órgãos de consulta” da Igreja Católica, alargando a participação e responsabilidade dos católicos.

Assim, os 300 participantes das várias dioceses, divididos por 36 grupos, apresentaram as conclusões dos partilhas que mantiveram ao longo do dia, incluindo a proposta de criar “conselhos pastorais em todas as paróquias e/ou unidades pastorais” das dioceses portuguesas.

No segundo momento de debate entre os participantes, os vários grupos deixaram sugestões de implementação das propostas do Sínodo 2021-2024, que visam alargar os espaços de escuta e participação, visando uma “liderança partilhada, próxima e criativa”, a todos os níveis.

Os participantes assumiram o desejo de que se dinamizem os conselhos pastorais, aos vários níveis, procurando “potenciar as estruturas de sinodalidade existentes” com maior representatividade dos vários membros da comunidade. 

Recorde-se que o número 107 do Documento Final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, aprovado pelo Papa, recorda as “experiências de reforma e boas práticas já existentes, como a criação de redes de conselhos pastorais ao nível de comunidades de base, paróquias e zonas, até ao conselho pastoral diocesano”.

 

Mudanças nos modelos de formação, sobretudo nos seminários 

De referir que o Conselho Pastoral Diocesano é um órgão de corresponsabilidade com a missão de “investigar e ponderar o concernente às atividades pastorais da diocese e propor conclusões práticas”, como determina o Código de Direito Canónico.

Por outro lado, a valorização do método sinodal, em particular a “conversação do Espírito” nos vários níveis da vida da Igreja, foi outra questão referida em várias intervenções.

No Encontro Sinodal, os grupos apontaram as áreas do acompanhamento e acolhimento como prioridades para as comunidades católicas, pedindo ainda mudanças nos “modelos de formação”, em particular nos seminários. 

Os delegados destacaram ainda a necessidade de “criar hábitos sistemáticos de avaliação nas comunidades” com a ajuda de grupos de trabalho, para superar a “pastoral de manutenção”.

Valorizar as famílias e novas formas de agir

O Encontro Sinodal sugere outras formas de atuação e medidas de “concretização da sinodalidade”, nomeadamente a valorização das famílias e a criação de “novas formas de agir”.

A iniciativa teve como objetivo refletir sobre o documento final do Papa Francisco e da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade e a sua aplicação prática nas comunidades.

Destinado aos membros das Equipas Sinodais e dos Conselhos Pastorais de cada diocese, este encontro contou também com a presença de vários bispos de Portugal.

De salientar ainda que a manhã de trabalhos iniciou-se com as palavras de abertura de D. José Ornelas, presidente da CEP, seguindo-se uma apresentação do documento final do Sínodo 2021-2024, trabalhos de grupo e dois plenários.

Um dos grupos sugeriu que o encontro nacional se repita em 2026 para apresentar “boas práticas”, implementadas, o que deve mesmo acontecer.

Apelo a nova cultura de inclusão e avaliação nas comunidades católicas

“Criar espaços específicos para ouvir todas as pessoas, especialmente, as pessoas com deficiência e os grupos marginalizados” foi uma das propostas deixadas na apresentação a cargo de Carmo Rodeia, da Diocese de Angra, e do padre Eduardo Duque, da Arquidiocese de Braga, que abriu o encontro

O padre Eduardo Duque sublinhou, na sua intervenção, que o processo lançado em 2021 tem mostrado “uma Igreja em renovação”.

“Vamos sonhando com uma Igreja reconciliada, renovada, curada”, acrescentou.

O membro da Equipa Sinodal da CEP apresentou as cinco partes do documento final, falando da “conversão das relações” e da sinodalidade como “estilo de vida”.

“Os processos de decisão não podem estar centrados numa pessoa”, sustentou o sacerdote, pedindo uma dinâmica “mais colegial”, para construir uma Igreja “corresponsável”.

Necessidade de atualizar o modelo de paróquia

Carmo Rodeia, da Equipa Sinodal da CEP, destacou a necessidade de “atualizar o modelo de paróquia, criando zonas pastorais mais próximas das comunidades” e de “implementar práticas de avaliação e prestação de contas”.

A “missão no ambiente digital” e a “cultura de prevenção de abusos” foram outros temas abordados.

Os participantes foram desafiados a «fortalecer os organismos de participação, tornando os conselhos e as assembleias espaços de diálogo, transparência e corresponsabilidade”.

Carmo Rodeia destacou a importância de construir relações respeitosas “entre homens e mulheres, de diferentes gerações, e grupos de diversas identidades, dentro e fora da Igreja”.

A intervenção sublinhou os apelos a “uma participação mais ampla dos leigos e leigas nos processos de discernimento eclesial”, que saiu do último Sínodo, para «superar as barreiras» que existem, com “oportunidades de participação novas e criativas”.

As dioceses são convidadas a mudar “estruturas e processos de decisão para que sejam mais participativos e transparentes”.

A apresentação sublinhou a importância de promover momentos de “formação e educação para a sinodalidade”.

“A etapa que agora nos propomos viver é talvez a mais desafiadora”, observou Carmo Rodeia.