Arquidiocese de Braga -

6 março 2025

Festival Internacional de Órgão de Braga com programa original e de excelência

Fotografia DACS

DM - José Carlos Ferreira

A 11.ª edição do Festival Internacional de Órgão de Braga, este ano subordinado ao tema “O órgão e o sopro”, tem um programa pautado pela qualidade e, sobretudo, pela originalidade.

Nesta edição, que vai decorrer de 2 a 18 de maio esta originalidade chega-nos através de concertos onde o órgão vai dialogar com instrumentos como o sheng, vindo da China, a corneta medieval, a trompa alpina e até o assobio.

A programação foi ontem dada a conhecer em conferência de imprensa na igreja do Pópulo, com as presenças do Arcebispo Metropolita da Braga, D. José Cordeiro,  do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga, Bernardo Reis, e do Provedor da Irmandade de Santa Cruz, Fernando Rodrigues. 

Ao diretor artístico do festival coube a missão de apresentar o programa do festival deste ano, composto por 12 momentos musicais que vão decorrer entre 2 e 18 de maio, e que José Rodrigues garantiu ser uma programação pautada pela originalidade e a excelência. O concerto de abertura acontece no dia 2 de maio e tem lugar na Sé de Braga, às 21h30, tratando-se de um concerto a dois órgãos, com o organista da catedral de Colónia,Winfried Bönig e o responsável pelo música sacra na mesma catedral, Alexander Niehues. 

“Este duo terá a seu cargo o grande concerto de abertura do festival, juntamente com solistas de instrumento de sopro da Universidade do Minho, para apresentar um programa de música alemã e uma batalha a dois órgãos que está neste momento a ser composta especialmente para ser apresentada neste concerto”, disse.

No dia 3 de maio, na igreja do Salvador, às 11h, está agendado um concerto com órgão e quinteto de metais, com a organista Daniela Moreira e o Camélia Ensamble. No mesmo dia, às 21h30, na igreja de S. Lázaro, ouvem-se os sons dos Alpes, com o concerto pelo organista Gabriel Gully e o Lochus Alphorn Qartett, nos trompas alpinas. 

No dia 4 de maio, às 16h, o festival, por exigência técnica, vai até à igreja nova de Prado. Ali atuam Guy-Baptiste Jaccottet no órgão e o mestre assobiador Bertrand Causse. No dia 9 de maio, Quatro Ventos vão soprar na igrej de Santa Cruz às 21h, com Rui Soares no órgão e Mvsica Antiqva Porto nos sopros. No dia 10, na capela da Faculdade de Teologia, às 11h, atuam Magumi Hamaya, no órgão, e Wu Weu, no sheng, um órgão de sopro. No mesmo dia, às 21h30, a igreja da Misericórdia acolhe o concerto com Adriano Regueiro, no órgão, a soprano Mariola Gongar, e Ana Pazos, no cornetto e trompeta. No dia 11, na igreja de Águas Santas, na Póvoa de Lanhoso, atuam às 16h, Diogo Zão, no órgão, Luís Melo, na flauta barroca, e o coro Ars Vocalis. No dia 16 de maio, às 21h30 a igreja do Coração de Maria, na Quinta da Armada, recebe João Santos no harmónio, Fernando Miguel Jalôto, no cravo e Sérgio Silva, no órgão. 

Há teatro no auditório da escola Sá de Miranda, no dia 17, às 11h, com a apresentação de “Um sopro na floresta”. Neste dia, às 21h30, na igreja de Montariol, atuam Daniel Nunes, no órgão, e a Banda Sinfónica da PSP.  O festival encerra no dia 18, às 18h30, na igreja do Pópulo, com o concerto de Tiago Ferreira, no órgão, e Orquestra do Distrito de Braga dirigida pela maestrina Constança Simas.

D. José Cordeiro espera que festival reanime na esperança

O Arcebispo Metropolita de Braga desejou ontem que esta edição do Festival Internacional de Órgão de Braga, realizada em Ano de Jubileu, possa também reanimar a esperança.

D. José Cordeiro, na apresentação do certame, mostrou-se impressionado com o património de órgãos da Arquidiocese, “não só na sua quantidade, como na qualidade”. “A música está na demanda do essencial da vida. E este ano que celebramos o Ano Santo Jubilar, sob o lema Peregrinos da Esperança, que este festival possam também contribuir para reanimar na esperança, fazer renascer na esperança”, disse.

O prelado defendeu que para isto e a elevação do coração, precisamos muito da música e do canto. Na sua intervenção, D. José Cordeiro desejou que o restauro do órgão ibérico da igreja do Pópulo seja uma realidade a breve prazo.

Órgão da igreja do Pópulo  à espera de ser restaurado  

O órgão de tubos da igreja do Pópulo, um dos mais importantes da cidade de Braga, está à espera de há meses por um parecer favorável da Direção do Património para que possa avançar o seu restauro e voltar a ter vida.

Para o diretor artístico do Festival Internacional de Órgão de Braga, “ter um instrumento musical silenciado, só para enfeitar, não tem qualquer sentido”. “É necessário uma mudança de paradigma relativamente ao património. Aquilo que todos esperam das instituições é ação”, acrescentou José Rodrigues.

Aos jornalistas, o diretor explicou que o restauro deste órgão, orçado em cerca de 300 mil euros, tem esbarrado em várias burocracias. Esta intervenção, salientou, “é uma urgência” porque é um dos instrumentos “mais importantes da cidade”. O órgão da igreja do Pópulo esconde uma “belíssima caixa em ‘chinoiserie’, algo único, que foi invertida”, sendo agora urgente devolver aos olhos de todos esta caixa.

Cluster criativo

O presidente da Câmara de Braga, por sua vez, reconheceu a importância deste festival na valorização do órgão de tubos. «Queremos criar um cluster criativo em torno deste festival, abrangendo a reabilitação destes instrumentos, o estímulo à criação artística e à promoção de artistas que possam utilizar estes instrumentos de forma mais regular. Braga tem-se afirmado como âncora na divulgação deste género musical na região, alargando a programação a outros concelhos e consolidando a dimensão económica associada ao festival, atraindo visitantes de todo o país para assistir aos concertos e atividades associadas»,disse.

Lançado o desafio de realizar um concerto semanal

O Provedor da Irmandade de Santa Cruz aproveitou a apresentação do Festival Internacional de Órgão de Braga para deixar um desafio à Arquidiocese de Braga e à Câmara de Braga. 

“Porque não nas várias igrejas existentes no centro de Braga ocorrer um dia por semana, ou um dia por mês, tocando música de órgão? Fazer uso assíduo do espólio organeiro de Braga através de concertos regulares, fazendo a sua divulgação através da publicação cultural já existente. Certamente que a Braga 25, Capital Portuguesa da Cultura, agradecia”, propôs Fernando Rodrigues.

O provedor mostrou-se ainda satisfeito por pertencer à organização deste festival, que tem como objetivo preservar, promover e valorizar o património relacionado com o órgão existente na Arquidiocese de Braga, onde se inclui o órgão da Irmandade de Santa Cruz.

Revitalizar arte organística

O Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga salientou, por sua vez, a importância deste festival na revitalização da arte organística na Arquidiocese de Braga ao longo destes 11 anos.

Para Bernardo Reis, graças a uma conjugação de esforços entre as entidades que organizam este festival, incluindo associações e mecenas, este certame “tem permitido voltar a ouvir os vários órgãos de tubos que os templos da cidade de Braga possuem, e que são muitos”. “Volvida mais de uma década, são muitas as mais valias que podemos enumerar desde a criação do festival, sendo de salientar o alcance nacional e internacional que este evento atingiu”, disse.