Arquidiocese de Braga -
10 março 2025
Peregrinação de Amares e Terras de Bouro à Sé apela à mudança em ano de Graça

DM - Francisco de Assis
Fiéis das 42 paróquias do Arciprestado concentraram-se na Igreja de São Paulo, antes de partirem para a Sé de Braga, em peregrinação
O Arciprestado de Amares e Terras de Bouro realizou ontem a sua Peregrinação Jubilar à Sé de Braga para, também em união com a Igreja Arquidiocesana, dizer presente e rezar para uma melhor Igreja e sociedade mais justa. Na celebração da Via-Sacra, designada de “Passos de Esperança”, presidida pelo Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, foram repetidos apelos ao aproveitamento do tempo favorável da conversão e mudança, a começar com a vida de cada cristão, antes de pedir mudanças aos outros, ao mundo e à Igreja.
A concentração dos peregrinos deu-se na igreja de S. Pedro e S. Paulo, onde o padre Tiago Simões Barbosa, arcipreste de Amares e Terras de Bouro deu as boas vindas a todos; seguida de uma pequena oração. Depois o povo de Deus seguiu em peregrinação à Sé.
Tendo em conta o tempo Quaresmal, o arciprestado de Amares e Terras de Bouro optou por fazer uma via-sacra no interior da Sé. Uma celebração bem preparada, com a preocupação de uma participação efetiva dos fiéis de todas as paróquias. Para isso, escolheram-se orações e cânticos bem conhecidos e foi preparado um guião, que serviu de guia, mas também de recordação da Peregrinação Jubilar. Desta forma, o coro interparoquial não cantou sozinho. Por todos os cantos da Catedral de Braga ecoaram-se vozes do povo.
Aliás, um dos méritos destas peregrinações jubilares é aproximação entre os fiéis do mesmo arciprestado e dos arciprestados à igreja Arquidiocesana.
A Via-Sacra foi ativamente participada por catequistas, leitores, unidades pastorais e sacerdotes de todas as paróquias. Durante a mesma, rezou-se pelas famílias, pelas crianças e idosos, pelos doentes, incluindo o Santo Padre; pelas mulheres, mas também para que a humanidade saia do “comodismo e da indiferença”.
“Libertai-me de julgar que não me toca a mim socorrer os outros”. “Fazei-me ver nos irmãos a vossa presença” foram algumas preces.
Já sob a jaculatória “Ensinai-me, Maria, a dizer sim até ao fim”, os fiéis foram desafiados à humildade e ao reconhecimento das próprias faltas “Quando deixo de lutar, aceitando conviver com as minhas falsidades”, “Quando vou adiando e não encontro coragem de dizer ‘sim’ a Deus”; “Quando sou indulgente comigo e inflexível com os outros”; “Quando quero que a Igreja e o Mundo mudem, mas eu não mudo”, refletiu-se.
Na sua intervenção, o Arcebispo de Braga pegou precisamente na questão da contradição e da exigência entre nós e os outros, para pedir mudança.
“Peregrinar é atitude de quem é pecador. Alguém dizia nestes dias que o jubileu é para os pecadores. E todos nós que estamos aqui, a começar por mim, somos pecadores. Há alguns que pensam que os pecadores são só os outros, e eles não são. Querem que a Igreja mude, querem que o mundo mude, como rezamos, mas não querem mudar. Não mudam o seu coração, não mudam a sua mentalidade, não mudam a sua maneira de ser, de estar e de agir, à luz do Evangelho”, apontou.
D. José refletiu também sobre a tentação, lembrando que tentação, como aconteceu com Jesus, não é mal em si. “A tentação põe-nos à prova. A tentação é uma oportunidade. Porque a tentação pode ser uma antecâmara do pecado, mas é também é oportunidade para escolher seguir o combate cristão. O combate espiritual é a busca permanente do bem”, disse.
E o prelado citou ainda o Papa Francisco para dizer que com o diabo não se dialoga, porque ele é astuto e ganha sempre. “Então só se pode responder com a palavra de Deus. Foi o que Jesus fez. Mas para isso, é preciso estarmos familiarizados com a palavra de Deus, rezarmos a palavra de Deus, como fizemos agora, escutar a palavra de Deus, participar na Eucaristia, na oração pessoal, familiar e comunitária”, vincou, para que Deus “não nos deixe cair em tentação”.
Como estava previsto, depois da celebração, os peregrinos de Amares e Terras de Bouro visitaram os recantos da Sé Catedral, como o Coro Alto, as capelas de São Geraldo e dos Arcebispos, bem como o espólio do Tesouro-Museu, espaços habitualmente reservados.
No final, o arcipreste, o padre Tiago Barbosa, estava feliz pela forma como a peregrinação decorreu, fazendo questão de agradecer a todos. Desce o Arcebispo aos fiéis, passando pelas autoridades, padres, catequistas, jovens e escuteiros. “Correu tudo muito bem”, disse ao Diário do Minho.
A próxima peregrinação é de Cabeceiras de Basto, dia 23 de março.
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