Arquidiocese de Braga -
17 novembro 2025
Peregrinos de Esposende desafiados «a servir e estar ao lado dos pobres»
Carla Esteves - DM
Bispo Auxiliar, D. Nélio Pita, presidiu à peregrinação jubilar arciprestal de Esposende
Mais de 700 peregrinos do Arciprestado de Esposende desafiaram, ontem, o intenso temporal que se fez sentir e deslocaram-se a Braga, enchendo a Sé Primacial com a sua devoção. Em virtude da chuva intensa, a Peregrinação Jubilar do Arciprestado de Esposende, presidida pelo Bispo Auxiliar de Braga, D. Nélio Pita, não incluiu o habitual cortejo pelas ruas do centro histórico, mas ainda assim, ficou marcada por um ambiente de intensa fé e recolhimento.
O Arciprestado de Esposende, liderado pelo Arcipreste, padre Rui Neiva, mobilizou para esta Peregrinação Jubilar as suas 15 paróquias, incluindo grupos e movimentos pastorais.
Segundo o Arcipreste de Esposende, padre Rui Neiva, «para muitos esta constituiu a oportunidade de conhecer, pela primeira vez a “Igreja Mãe”», traduzindo-se também «numa maneira das paróquias vivenciarem uma comunhão diferente».
O programa realizou-se exclusivamente na Sé de Braga, onde muitos tiveram que assistir de pé, face à inexistência de mais lugares sentados numa celebração eucarística marcada por uma emoção profunda.
D. Nélio Pita percorreu toda a Sé Catedral, caminhando pela nave central, e aspergiu a assembleia, abençoando-a, num gesto de proximidade, tendo depois, durante a sua reflexão, associado o sentido da Peregrinação Arciprestal de ontem ao Dia Mundial dos Pobres, data também assinalada a 16 de novembro, por instituição do Papa Francisco em 2017, no final do Jubileu da Misericórdia.
Dirigindo-se aos fiéis do Arciprestado de Esposende, com quem se encontrou pela primeira vez, o Bispo Auxiliar de Braga, enalteceu a sua «coragem, sabedoria e determinação, neste dia frio, de chuva e vento».
Destacando o momento de Adoração do Santíssimo Sacramento, presença real do Senhor na Eucaristia, como um dos mais importantes da celebração,
D. Nélio Pita associou o gesto à celebração do Dia Mundial dos Pobres, advertindo que «eles não são uma espécie de apêndice, não são apenas um ornamento ou um assunto para as Conferências Vicentinas ou para o Centro Social».
«Os pobres são um assunto de toda a Igreja, de todos os fiéis.
E assim como nós nos mobilizamos para estar com Jesus para participar da Eucaristia, também nos devemos mobilizar para servir e estar ao lado daqueles que são pobres, porque eles são o rosto de Deus», afirmou, considerando-os «presença real de Jesus».
À assistência, o Prelado pediu atenção e coragem para vencer três tentações que surgem quando falamos dos pobres, sendo que «a primeira é pensar que a Igreja, os padres, os bispos, o povo de Deus, deve apenas preocupar-se com as “coisas santas”, isto é, com a celebração, com as flores, com os ornamentos, com o incenso, com o serviço do sacramento, e não não deve falar, não deve pensar nos pobres».
Segundo D. Nélio Pita «esta é uma espiritualidade desencarnada e esta espiritualidade é incompatível com o Evangelho porque, precisamente, Jesus fez-se pobre e surgiu como aquele que anuncia a Boa Nova aos pobres.
Não apenas a Boa Nova através da Palavra, mas, sobretudo, através de gestos».
«A Igreja não pode ser uma instituição alheada daquelas que são as chagas dos irmãos mais pobres», alertou. D. Nélio Pita apontou como segunda tentação aquela que o Papa Leão XIV denomina de “tentação da impotência”, que consiste em sentir que nada podemos fazer e que não está ao nosso alcance ajudar os pobres.
«Esta é a chamada “Tentação da Impotência” e o Papa Leão XIV convida-nos a assumir uma postura de compromisso social. Gestos, às vezes, pequenos, de uma forma determinada, constante, podem fazer a diferença na vida dos nossos irmãos», realçou.
Referiu ainda uma terceira tentação, associando-lhe um alerta importante, pedindo aos presentes para não caírem no erro de considerar que o problema dos pobres, o problema da desigualdade social, pode ser resolvido por «algum salvador, isto é, por alguma ideologia política».
«E volta e meia aparecem alguns salvadores que consideram que vão ter a solução para os problemas da sociedade. E nós, cristãos católicos, devemos saber decidir se as propostas que são feitas são propostas que nascem do amor ou nascem do ódio. Se são propostas que nascem com o desejo de servir e trabalhar pelo bem comum e em particular pelos pobres, ou são propostas que afastam os pobres e que promovem apenas o limite», alertou.
Pedindo aos fiéis que não caiam na tentação de considerar «algum líder político como salvador», D. Nélio Pita fez ainda um veemente apelo para que não sigam esses “Messias Políticos”.
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