Arquidiocese de Braga -
9 dezembro 2015
IV Domingo Advento
"Altura em que der à luz aquela que há-de ser mãe".
A poucos dias do Natal, a Sagrada Escritura faz-nos saborear a visita de Deus. As coisas começam a ficar mais claras. O profeta do quarto domingo de Advento (Ano C), Miqueias, anuncia uma nova «reconstrução» após a ruína de Jerusalém. Agora, essa «reconstrução» surgirá a partir de Belém, graças ao aparecimento de um rei justo e pacificador (primeira leitura). O salmista convida a suplicar por esse rei, esse pastor, o próprio Deus: «Vinde em nosso auxílio»! Jesus Cristo incarna esse Deus Salvador: oferece-se ao Pai para cumprir a sua vontade (segunda leitura). Ele convida-nos a assumir a mesma disponibilidade. Maria é disso um exemplo: acolhe a Palavra e acredita no seu cumprimento (evangelho). Hoje, pela boca de Isabel, somos agraciados com a alegria da salvação.
O Deus de Israel surpreende sempre: quanto tudo parece perdido, ou é simplesmente insignificante e marginal, Deus intervém e altera a realidade. Deus está sempre disposto a afugentar o pessimismo e a oferecer uma vida nova.
Os capítulos quinto e sexto do livro de Miqueias são, seguramente, posteriores à destruição de Jerusalém, no ano 587 antes de Cristo. Depois da devastação provocado pelos exércitos inimigos, pouca coisa se podia esperar do futuro do povo de Deus. Não parecia sequer possível que pudesse haver realmente uma nova manhã.
Contudo, a voz do profeta anuncia que a pequena cidade de Belém, casa ancestral da família de David, dará ainda outro personagem para a salvação do povo. Repete-se aqui a teologia do pequeno, do último, que, com frequência, aparece nos textos bíblicos.
A visita de Deus será inesperada e cheia de paradoxos: «As suas origens remontam aos tempos de outrora, aos dias mais antigos»; o presente está carregado de medo e de incerteza, mas há uma promessa de paz: «Ele será a paz». A paz é dom escatológico de Deus ao seu povo.
A profecia anunciada por Miqueias é a de um novo rei que libertará o povo de Deus da opressão: o nascimento de uma criança será o sinal do fim da escravidão do povo. Quando chegar a «altura em que der à luz aquela que há de ser mãe», os que estavam perdidos e dispersos serão reunidos na comunidade de fé e viverão em segurança.
Assinala-se que o novo rei da casa de David será um «pastor» cuja missão lhe é confiada «pelo poder do Senhor, pelo nome glorioso do Senhor, seu Deus».
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