Arquidiocese de Braga -

6 janeiro 2016

II Domingo Comum C

Fotografia

"Serás a alegria do teu Deus"

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A última parte do livro de Isaías (capítulos 56 a 66) é atribuída a um profeta anónimo («Terceiro Isaías» ou «Trito-Isaías») que viveu depois do cativeiro na Babilónia. O contexto geográfico destes capítulos situa-se em Judá. O coração desta parte situa-se entre os capítulos 60 e 62, cuja protagonista é a cidade de Jerusalém.

O fragmento proposto para primeira leitura faz parte de um oráculo de salvação (versículos 1 a 12) que apresenta Jerusalém como esposa de Deus. Introduzida pelo profeta Oseias, esta imagem foi também utilizada por outros profetas (Jeremias, Ezequiel, Isaías, entre outros) para ilustrar a estreita relação entre Deus e o povo de Israel. Aqui, a novidade é que não se trata de um reencontro dos esposos, mas de um autêntico noivado/casamento entre Deus e a cidade. A linguagem amorosa e matrimonial atravessa todo o texto: amor, coroa, diadema, predileta, esposo, desposa, esposa, marido.

O profeta apresenta a cidade como uma noiva que está impaciente, enquanto prepara o seu traje nupcial. Com uma rica sobreposição de imagens, o esposo surge como o sol que se espera com ansiedade ao amanhecer. Finalmente, brilha com todo o seu esplendor e a cidade, com os seus muros iluminados, resplandece como uma coroa de ouro. A cidade converte-se, então, na «coroa esplendorosa», no «diadema real» que o esposo coloca sobre a cabeça da esposa. Com o matrimónio, ela torna-se a nova rainha e recebe um nome novo: «Predileta» e «Desposada». A imagem da alegria na lua de mel reflete a mesma felicidade experimentada por Deus ao ser amado pelo seu povo: «serás a alegria do teu Deus».   Deus ama-te. Nunca te abandona. Cuida de ti em todos os momentos e circunstâncias da vida. Estas palavras dão-nos alegria, porque sabemos que não estamos sozinhos a percorrer o caminho. Deus está connosco, acompanha-nos. «Ele não Se limita a afirmar o seu amor, mas torna-o visível e palpável. Aliás, o amor nunca poderia ser uma palavra abstrata. Por sua própria natureza, é vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que se verificam na atividade de todos os dias. A misericórdia de Deus é a sua responsabilidade por nós. Ele sente-Se responsável, isto é, deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos» (MV 9).