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Paróquia de Santa Cecília de Ocua, 12 de abril de 2018
Salama Othene - Olá a todos,
Espero encontrar-vos bem e de saúde.
Desde Santa Cecília de Ocua, paróquia da Diocese de Pemba no norte de Moçambique, uma saudação amiga, desejando paz e graça de Jesus Cristo Ressuscitado.
Sou Paulino Carvalho, padre ordenado em 2005, natural do arciprestado de Cabeceiras de Basto.
Desde julho de 2017 que estou a trabalhar, juntamente com os leigos Sofia e António, no projeto SALAMA[1], que resulta de um acordo de cooperação missionária em que a nossa Diocese assume a sua “552ª paróquia”. Tudo começou num simples e-mail onde a resposta que me chegou foi: “Ajudar, ajudar era dares um ano da tua vida a esta paróquia!”
Podem perguntar-me: “com a falta de padres na diocese de Braga, porquê ir?” Eu também fiz a mesma pergunta! Para ser missionário, sabemos que não é preciso partir para longe. No entanto, a Igreja também é missionária além fronteiras. Apresento um dado: a Diocese de Pemba, em território, é quase tão grande quanto Portugal e apenas tem 18 padres diocesanos. Por isso, sendo o SALAMA um projecto missionário e Santa Cecília de Ocua a “552ª paróquia” da nossa diocese a precisar de padres, eu voluntariei-me para aqui dar um tempo da minha vida!
Assim, hoje quero testemunhar que tem sido uma bela experiência caminhar com este povo, procurar aprender como viver e ter esperança mesmo no meio de tantas necessidades.
Por exemplo, vivi a semana da oitava da Páscoa como nunca havia vivido. Realizamos o primeiro Curso Básico de Catequistas, dos três que estão programados para este Ano Pastoral. Foi um momento concreto de vivenciar a desconfiança diante do túmulo vazio e a alegria pascal nos sinais do mesmo. Desconfiança: esperávamos trinta participantes, chegaram quinze. Vieram da zona mais distante da sede da paróquia: a dificuldade de transporte, o deixar a família, a machamba[2] durante uma semana, algum desanimo terão sido alguns dos impedimentos para chegarem. A Alegria Pascal: os participantes, entre as dificuldades em entender e expressar o português, o cansaço de uma semana de formação intensiva, proporcionaram um ambiente de amizade, comunhão e todos saímos reforçados na missão de anunciar Cristo Ressuscitado.
Bom estas letras já começam a ficar longas.
Começo a terminar: sabem, apesar da distância não me sinto sozinho. Os familiares, amigos e colegas padres, muitas pessoas têm acompanhado este projeto através das redes sociais[3]. As palavras, orações e ajudas concretas como a participação no “Apadrinhamento de Catequistas”, no “Presente Solidário – Uniforme Escolar para as meninas” ou no Contributo Penitencial da Quaresma são belos sinais e incentivos para esta missão.
Passados já nove meses deste tempo de voluntariado missionário, digo-vos sem cessar e de coração cheio: Kioshukuro - Obrigado, muito agradecido.
E se me perguntam como podem continuar ajudar!?
Rezar para não faltar voluntários missionários ao SALAMA; acompanhar, acarinhar e divulgar este projecto; doar algo material e, quem sabe, partir em missão dando aqui “um tempo da vossa vida”!
Mpaka nihuku nikina – até um destes dias!
Abraço agradecido,
Paulino Carvalho
[1] Toda a informação no menu SALAMA em www.arquidiocese-braga.pt/centromissionario
[2] Terreno agrícola onde as pessoas plantam os alimentos que irão garantir a soberania alimentar das famílias.
[3] Facebook: CMAB – Centro Missionário da Arquidiocese de Braga; Instagram: cmab_salama
Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 12 de abril de 2018.
Rua de São Domingos, 94b
4710-435 Braga
Sara Poças
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