Arquidiocese de Braga -
6 janeiro 2022
100 anos das Irmãs do Espírito Santo

CMAB
Ir. Emília Garcês, Missionária do Espírito Santo
O Instituto das irmãs do Espírito Santo tem o seu fundamento na jovem Eugénie Caps, de quem recebeu o carisma e o ideal de Vida Religiosa Missionária. Desde muito cedo, por influência da Infância Missionária, é impelida à busca interior de Deus, que ela procura em si, fora si, em todo tempo e lugar.
Em 1915, após a Comunhão, vê, por uma luz interior, uma Assembleia de Religiosas Missionárias que aumenta à medida que se espalham pelas Missões e, no seu coração, compreende que é desejo de Jesus que seja ela a iniciadora de uma nova obra de Irmãs Missionárias. Tal como Libermann, ela crê que “É-se sempre feliz, quando se está com Jesus, mesmo que seja no Calvário”.
Procurando um sinal providencial, descobre os escritos espirituais do Venerável Pe. Libermann e neles identifica o itinerário místico que já vivia e o Espírito Missionário que quer implementar no seu Instituto. Eugénie sente que há agora maior Luz e contacta os Missionários Espírito Santo. Em 1920, Mons. Alexandre Le Roy, superior geral dos Missionários do Espírito Santo, de passagem pela França, toma conhecimento da intuição e sonho desta jovem e vê a ação da Providência Divina, pois andava à procura de missionárias para os Camarões. Num encontro com Mons. Le Roy e as jovens Eugénie e Lucie, em Paris, estes determinam que um novo Instituto, exclusivamente missionário, será fundado, tendo o seu próprio regulamento, missão e nome: Irmãs Missionárias do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria. A fundação dá-se na festa da Epifania, em 1921, na paróquia de Farschwviller, Lorraine, França, com a primeira comunidade: Eugénie Caps e mais duas companheiras. Estamos assim a celebrar o nosso primeiro centenário.
A nossa espiritualidade tem três pilares: a relação mestre-discípula, a docilidade ao Espírito e o testemunho da santidade e missão de Cristo.
A nossa ação e vocação é sermos enviadas a evangelizar os “povos cujas necessidades são muito grandes e que são os mais abandonados na igreja de Deus”. Estamos presentes em 4 continentes: Europa, África, Ásia e América. Vivemos em comunidades internacionais e somos originárias de 16 países: Canadá, Brasil, Haiti, Portugal, França, Holanda, Filipinas, Angola, Nigéria, Senegal, Guiné-Bissau, Congo Brazzaville, República Centro-africana, Moçambique, Cabo Verde e Camarões, onde vivemos desafios bem diversos.
Não somos para ensino ou para a saúde, somos para ir onde a Igreja ainda não teve alguém para enviar, e o nome de Jesus Cristo não é proclamado, nem conhecido. Privilegiamos, pelo nosso carisma, servir na evangelização, em comunhão com a Igreja local, sempre que os contextos o permitam. Há meios onde estamos que o anúncio explícito nos está vedado. Nestes meios, a nossa ação e anúncio do Evangelho são mais discretos. Então, as obras sociais – educação, saúde, formação feminina, justiça e paz – vão ao encontro das necessidades dos povos mais desfavorecidos e proporcionam a evangelização testemunhal junto de pessoas de várias confissões religiosas e de diversos estratos sociais.
Também o diálogo inter-religioso e a proximidade com os chefes tradicionais são o caminho essencial para uma convivência pacífica e uma missão de conjunto. Há contextos de animismo em que é muito difícil a adesão à fé, sobretudo dos mais velhos, mas convivemos harmoniosamente e é possível nas escolas um primeiro anúncio aos mais jovens. Nas situações de excessiva pobreza, terrorismo, guerra, perseguição religiosa, e com os refugiados e deslocados, procuramos viver a proximidade, contribuindo com os recursos que dispomos, sejam eles humanos, espirituais, materiais, no intuito de rasgar horizontes de fé, de esperança, prosseguindo nas pegadas do Mestre: “Onde quer que nos encontremos, o essencial é dar testemunho do amor, de modo que a nossa própria vida anuncie o Senhor”.
Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 06 de janeiro de 2022.
Download de Ficheiros
IV_2022_01_06_net.pdf
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