Arquidiocese de Braga -

17 abril 2020

Arquidiocese de Braga trabalha para celebrar “Pentecostes digital”

Fotografia

DACS

O Conselho Episcopal da Arquidiocese de Braga reuniu ontem, dia 16 de Abril, através de videoconferência.

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O Arcebispo Primaz afirmou, logo no início da reunião, que apesar de muitas das questões relativas à vida eclesial em tempos de pandemia não poderem ainda ter uma resposta segura, a proactividade é hoje, mais do que nunca, absolutamente necessária.

“Não podemos esperar por aquilo que virá a acontecer. Quando poderemos abrir as igrejas para se voltar a celebrar? Quando poderemos ter catequese se as crianças já não irão às escolas? Como responderemos aos novos problemas sociais? Não sabemos ainda com exactidão, mas temos de preparar cenários futuros”, sublinhou.

No encontro digital, cada Vigário foi convidado a a reflectir sobre a sua área de actuação e a pensar em possíveis soluções que possam ajudar as pessoas, famílias e paróquias, partindo do “pior cenário”, que se revelará se as Igrejas ficarem encerradas até às férias escolares.

 

O “Pentecostes digital”

O Pe. Sérgio Torres, responsável pela Comissão para a Pastoral Comunitária e Missionária, sublinhou as palavras do Arcebispo Primaz, dizendo que não é possível prever-se o futuro, mas que urge a necessidade de um “Pentecostes digital”. 

A “tradução” dos livros “Semeadores de Esperança” em linguagem e gramática digital foi uma das sugestões dadas pelo Pe. Sérgio.

O sacerdote recordou ainda os passos já dados nos Conselhos Presbiterais, Pastorais e de Arciprestes, apelando à continuação de “um caminho de Páscoa”. Na reunião falou-se ainda do Plano Pastoral para o próximo triénio e o Programa Pastoral de cada ano, centrado na Caridade e na Pastoral dos Jovens. O Pe. Sérgio pediu, no entanto, que a comunidade não se desligue totalmente dos planos anteriores centrados na Fé e na Esperança.

 

Educação Cristã continua… à distância

A Comissão Arquidiocesana para a Educação Cristã é das que mais tem sentido os desafios provocados pela pandemia, já que se encontra impedida de contactar presencialmente com as pessoas que lhe dão sentido. Impedidos de frequentar formações, os membros do Departamento de Catequese estão já a intensificar a remodelação de alguns materiais.

Também o Departamento da Presença da Igreja no Ensino já elaborou um repositório de recursos digitais para ajudar os professores de EMRC a realizarem a sua missão nestes tempos de confinamento.

A Catequese conta com algumas novidades e vários recursos que já podem ser utilizados. O Cónego Luís Miguel Rodrigues, responsável pela Comissão Arquidiocesana para a Educação Cristã, sublinhou que “os vídeos não pretendem substituir as dinâmicas de relação do catequista com o grupo e as famílias, antes as supõem e estimulam”. Cada catequista terá que encontrar “a arte e o engenho” para fazer acontecer os encontros semanais com catequizandos, com o grupo e com as famílias.

No que diz respeito à Catequese da Adolescência, os catequizandos podem contar com o projeto “Say Yes”. Semanalmente serão emitidos sete programas televisivos Ecclesia (Fé dos Homens) com os encontros de catequese da Etapa 5 – Denver 1993. Os conteúdos da Etapa serão distribuídos a cada programa e já há um guião que facilita o acesso ao Diário de Bordo e ao Diário de Bordo de Catequistas, relativos à Etapa 5. Estes programas serão transmitidos na RTP2, às quartas-feiras, pelas 15h10, e têm a duração de vinte minutos.

Posteriormente, cada programa fica disponível no canal de Youtube da Agência Ecclesia e no EDUCRIS. Os programas têm início na quarta-feira, dia 22, e estendem-se até ao dia 10 de Junho.

Já no que toca à Catequese da Infância (#catequesemcasa), serão disponibilizados vídeos com as catequeses do terceiro bloco de cada um dos catecismos da infância no canal de Youtube Educris. Estes vídeos também têm a duração de vinte minutos e são apresentados de segunda a sexta, às 18h30.

 

Celebrações da Fé mantêm sobriedade e centralidade

O Cónego Hermenegildo Faria, responsável pela Comissão para a Celebração da Fé, realçou a necessidade de todos cumprirem as recomendações das autoridades civis, sendo que algumas festas e celebrações poderão vir a ser adiadas de forma a preservar-se a saúde pública. No entanto, assinalou, os sacramentos podem continuar a ser celebrados com “sobriedade e essencialidade”, desde que em ambiente circunscrito.

A formação litúrgica continuará a ser disponibilizada no suplemento Igreja Viva e as Vésperas de Domingo serão difundidas nas redes sociais, com a colaboração de professores da Escola de Música Litúrgica de São Frutuoso.

 

Pastoral Social vive incontáveis preocupações

A Comissão para o Desenvolvimento Humano Integral, representada pelo Cónego Roberto Mariz, vive neste momento em sobressalto, sobretudo no que diz respeito às IPSS com valências da infância e de idosos. O sacerdote expressou a preocupação com a falta de recursos humanos, mas sublinhou que tem sido possível acompanhar e ajudar os utentes. 

O Departamento Sócio-Caritativo tem continuado a distribuir alimentos, assim como ajudas para medicamentos, ou refeições. Os pedidos de apoio à Cáritas têm aumentado e tem sido preciso usar recursos financeiros para adquirir alimentos.

Recorde-se que desde o início da pandemia que a Arquidiocese de Braga já avançou com várias iniciativas para apoiar quem mais precisa neste momento: o Hotel do Lago e o Hotel João Paulo II foram disponibilizados para alojar profissionais de saúde e o Arcebispo Primaz pediu aos sacerdotes que doassem um dos seus salários para o “Fundo Partilhar com Esperança”.

A Pastoral da Saúde da Arquidiocese também instituiu a iniciativa “Um Ouvido com C’Oração”, uma linha verde de escuta e acompanhamento espiritual, e têm sido muitos os sacerdotes que se têm disponibilizado para apoiar os seus paroquianos em várias dimensões.

 

Vocações são para continuar a ser estimuladas

O Cónego Vítor Novais, responsável pela Comissão das Vocações, salientou o facto de estarem a ser cumpridas todas as recomendações das autoridades de saúde, pelo que vários dos encontros previstos para Março não foram realizados. Os pré-seminaristas têm, no entanto, continuado a ser acompanhados, quer por correspondência, quer por mensagens e e-mails.

Os encontros de Abril e Maio serão realizados via Skype e o acompanhamento individual dos pré-seminaristas será feito, durante o mês de Maio, com autorização dos encarregados de educação, através de plataformas virtuais. Já durante o mês de Junho, serão promovidos encontros dos responsáveis pela equipa do Pré-Seminário com cada pré-seminarista e os seus pais.

Desde a declaração do Estado de Emergência que todos os seminaristas estão em casa, mas também em contacto permanente com os formadores. As aulas decorrem online e as atividades complementares também deverão ser retomadas neste formato. As ordenações diaconais e a instituição no Ministério do Leitor foram adiadas, com a data a definir posteriormente. As ordenações presbiterais aguardam evoluções no que diz respeito à pandemia.

O livro “31 Dias com Maria”, habitualmente à venda na Livraria Diário do Minho e cujas receitas revertem para o Fundo de S. José – que atribui bolsas de estudo a seminaristas – este ano vai ser disponibilizado gratuitamente online.

 

Adaptações em todas as Comissões e Departamentos

A Formação do Clero irá continuar, mas com as devidas adaptações consoante a evolução da pandemia, como é exemplo o retiro previsto para final de Junho, que poderá ter de ser não-presencial.

A Semana de Oração pelas Vocações, este ano entre os dias 26 de Abril e 3 de Maio, verá a Mensagem do Papa – “As palavras da Vocação” – divulgada através dos meios digitais, como o Facebook do Departamento da Pastoral Vocacional. Os subsídios divulgados a nível nacional também serão publicados online e o Jornal Diário do Minho volta a receber a publicação de uma dinâmica referente à época com a ajuda do Bispo Auxiliar da Arquidiocese, D. Nuno Almeida. No final será elaborado um caderno com todas as páginas agregadas, sendo posteriormente difundido também através da internet.

O Pe. Manuel Morujão, responsável pelos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, enfatizou a necessidade de num tempo como este todos serem capazes de “converter o virtual em virtuoso”, aproveitando os recursos digitais para uma comunicação “fraterna” e capaz de realizar o “Pentecostes digital”.

É de notar que os Institutos já deram bom exemplo de uma comunicação próxima e fraterna quando, na segunda-feira de Páscoa, organizaram um momento de convívio com música entre pessoas nas varandas e terraços da Praça da Faculdade de Filosofia, de forma a demonstrarem a sua solidariedade para com o Asilo de S. José, que tem sido fustigado pela pandemia. Um grupo de funcionários e Irmãs assistiu ao momento a partir do Asilo.

Já o Pe. Luís Marinho, responsável pela Comissão para os Leigos, Família e Vida insistiu no acompanhamento e reconforto da comunidade em geral, já que os “gestos de Jesus Cristo” não podem parar.

“Como ainda estamos (e estaremos por algum tempo) mergulhados na angústia, no sofrimento, no confinamento, no desconcerto face a um futuro que desconhecemos, é preciso continuar a acompanhar, consolar, cuidar de todos, enterrar os mortos. Portanto, viver ao estilo de Jesus Cristo, celebrando a fé em Jesus Cristo, continuando os gestos de Jesus Cristo”, afirmou.

A Noite Up’s e a Vigília de Pentecostes, que já tinham chegado a acordo no aspecto de serem duas vertentes de uma única proposta, serão realizadas apenas no campo digital.

O Cónego José Paulo Abreu, responsável pela Comissão para os Bens Patrimoniais e Cultura, lembrou ainda o apoio indispensável aos estudantes estrangeiros e fez uma série de sugestões pensadas para reforçarem as celebrações online, alertando também para a necessidade de serem planeadas com antecedência as primeiras celebrações presenciais que serão, certamente, particularmente intensas.

A D. Nuno Almeida coube a responsabilidade de encerrar a reunião. O Bispo Auxiliar pediu aos sacerdotes que ajudem a ativar o polo familiar da evangelização, a “Igreja Doméstica”.

“É tempo de nos esquecermos de nós próprios e das nossas importantes agendas, para nos lançarmos com novo vigor a servir o Povo de Deus, que é, verdadeiramente, a nossa gente a quem queremos bem, com todo o coração. Não nos percamos em miudezas internas e autorreferenciais!”, concluiu.

 


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