Arquidiocese de Braga -
11 março 2011
SEMANA SANTA 2011

Colaborador
Programa da Semana Santa de Braga. Para mais informações visitar www.semanasantabraga.com.
Quaresma e Solenidades da Semana Santa
Braga 2011
Programa cultural e religioso
Uma iniciativa de:
Cabido da Sé de Braga
Irmandade da Misericórdia
Irmandade de Santa Cruz
Câmara Municipal de Braga
Turismo do Porto e Norte de Portugal
Associação Comercial de Braga
Organização
Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga
Colaboração de
Paróquia e Junta de Freguesia de S. Victor
Breve História
As representações comemorativas da Paixão e Morte de Jesus tiveram início na Terra Santa, no século IV, desde que, após séculos de perseguição pelo poder romano, o imperador Constantino, com o famoso Édito de Milão (313), deu a paz à Igreja. Realizavam-se nos locais e horas em que tinham decorrido os respectivos acontecimentos. A peregrina Egéria (ou Etéria), que, nos finais daquele século, se deslocou do noroeste da Ibéria (Galécia) à Palestina, no seu escrito Peregrinatio ad Loca Sancta (Peregrinação aos Lugares Santos), faz já um relato daquelas celebrações. Foram, de facto, os peregrinos que deram a conhecer a Semana Santa e estenderam ao mundo cristão o costume de a celebrar. É provável que nas terras da Península Ibérica, isso aconteça já desde tempos próximos dos séculos IV-V.
Por sua vez, a Quaresma —com alusão aos quarenta dias da travessia do deserto pelo povo de Israel —surgiu como tempo de preparação espiritual para o baptismo que, já no século III, era costume celebrar na Vigília Pascal. Desde o século V, foi assumida também como tempo penitencial para os pecadores que haveriam de ser reconciliados com Deus e a Igreja na Quinta-feira Santa.
A Semana Santa de Braga, de cujo início exacto se desconhecem o tempo e o modo, entronca, sem dúvida, nesta tradição multissecular e conserva o sentido original de comemoração dos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, tendo sido, no decurso dos tempos, enriquecida com elementos inovadores e exclusivos. De modo semelhante, a Quaresma em Braga mantém o duplo sentido original atrás referido, tendo também ela sido enriquecida com acções celebrativas de preparação e ambientação para a Semana Santa e Páscoa que são únicas em Portugal e no mundo.
Programa Geral
O programa das celebrações em Braga contempla, no grande arco de tempo litúrgico que vai da Quarta-feira de Cinzas até à Páscoa, as duas fases atrás referidas como herdadas da História: a Quaresma, como tempo de preparação e ambientação espiritual, e a Semana Santa estritamente dita. Na fase quaresmal, esse programa integra uma série de actos religiosos e outra de actos culturais; nos dias da Semana Santa, embora inclua ainda dois concertos de música sacra, ele desdobra-se sobretudo em actos estritamente religiosos: celebrações na Catedral e em outras igrejas, vias sacras e procissões no espaço público da Cidade.
É um programa vasto, tornado possível pela colaboração de múltiplas entidades e de pessoas individuais. No plano simbólico, pode dizer-se que é toda a cidade de Braga e a sua região quem promove e torna possível a realização da ”sua” Semana Santa.
Bem-vindo/a à Semana Santa de Braga!
Preparação Quaresmal
9 MARÇO –QUARTA-FEIRA DE CINZAS
8:30 h, Sé Catedral
Abertura do Lausperene Quaresmal
A cidade de Braga conserva esta antiga tradição de, no decurso da Quaresma, todos os dias expor à adoração dos fiéis o Santíssimo Sacramento, desde o princípio da manhã até ao fim da tarde, passando sucessivamente de igreja para igreja. É uma devoção muito antiga, instituída em 1710 pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles. E muito assumida, quer pelas igrejas que se esmeram na arte do adorno floral das suas tribunas e altares, quer pelas muitas pessoas crentes, de todas as idades e condições, que acorrem a visitar o Senhor exposto.
21:30 h, Sé Catedral
Missa e Imposição das Cinzas
Início da Quaresma.
13, 20 E 27 DE MARÇO –1º, 2º E 3º DOMINGO DA QUARESMA
17:00 h, Igreja de Santa Cruz
Via Sacra em Santa Cruz
17:30 h, Igreja de Santa Cruz
Conferências Quaresmais e Eucaristia
10 ABRIL –5º DOMINGO DA QUARESMA
15:00 h, Igreja de Santa Cruz
Procissão de Penitência ao Bom Jesus do Monte
Organização da Irmandade de Santa Cruz.
14 DE ABRIL –QUINTA-FEIRA
21:00 h, Sé Catedral
Celebração Penitencial com confissões individuais
Promovida pela Paróquia da Sé com a colaboração do Cabido.
Concertos e Espectáculos
PROGRAMA CULTURAL
18 MARÇO –SEXTA-FEIRA
21:30 h, Sé Catedral
Concerto de órgão por Alessandro Bianchi
Organização da Comissão da Semana Santa.
25 MARÇO –SEXTA-FEIRA
21:30 h, Igreja de S. Paulo (Seminário)
Concerto pela Cappella Bracarensis
Apoio do Seminário Conciliar.
1 ABRIL –SEXTA-FEIRA
21:30 h, Igreja de São Lázaro
Concerto pelo Decateto de Metais Spirit Brass - DM
Organização da Comissão da Semana Santa.
Patrocinado por: Paróquia e Junta de Freguesia de S. Lázaro.
7 ABRIL –QUINTA-FEIRA
21:30 h, Auditório VITA
«Compassos»
—Espectáculo de Ballet
Coreografia de Margarida Mendes.
Com passos de dança onde os compassos marcam de forma simples a expressão de cada movimento simbolizando o compasso como forma de viver a tradição.
Oferta do Colégio Teresiano de Braga.
8 ABRIL –SEXTA-FEIRA
21:30 h, Sé Catedral
Coro e Orquestra do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga
Oferta do Conservatório.
9 ABRIL –SÁBADO
21:30 h, Igreja de S. Victor
Coral de Lestonnac, de Cangas (Galiza)
Organização da Paróquia e da Junta de Freguesia de S. Victor.
15 ABRIL –SEXTA-FEIRA
21:30 h, Igreja de S. Marcos (Hospital)
Requiem de Mozart, pela Orquestra de Câmara do Distrito de Braga e Coro da Associação de Pais do Conservatório C. Gulbenkian
Dirigido pelo Maestro António Baptista.
Organização da Irmandade da Misericórdia.
Patrocinado por: Consórcio Escala Braga.
18 ABRIL –SEGUNDA-FEIRA SANTA
21:30 h, Igreja de Santa Cruz
Coro e Orquestra Académica da Universidade do Minho
Organização da Irmandade de Santa Cruz.
19 ABRIL –TERÇA-FEIRA SANTA
21:30 h, Sé Catedral
Coro da Sé Catedral do Porto, com orquestra e solistas Requiem Op. 89/B (1890) de Antonín Dvorak.
Organização da Comissão da Semana Santa.
Patrocinado por: Artur da Silva Ribeiro, Braga Parque, Montepio Geral e Primavera BSS.
DATA –A DEFINIR
Fórum FNAC, Braga Parque
Sessão de entrega de prémios do concurso de fotografia 2011.
Patrocinado por: Loja FNAC de Braga.
Exposições
PROGRAMA CULTURAL
ABRIL
Várias localidades
«A Semana Santa em Braga»
Exposição Itinerante que percorrerá várias cidades de Portugal.
Apoio da Câmara Municipal de Braga.
9 DE MARÇO A 30 DE ABRIL
Museu Pio XII
«Dos Escombros à Luz»
Exposição de peças alusivas à Paixão e Páscoa.
Organização do Museu Pio XII.
15 A 22 DE ABRIL
Tesouro-Museu da Sé de Braga
«Paixão do barro»
Organização: Tesouro-Museu da Sé de Braga e Pelouro do Turismo e Artesanato do Município de Barcelos.
15 a 26 DE ABRIL
Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
Exposição de fotografia sobre a Semana Santa de Braga
Premiados do concurso edição 2010.
Organização da Comissão da Semana Santa. Apoio da BLCS.
8 A 30 DE ABRIL
Casa dos Crivos
Relicários na História da Igreja – Exposição de relicários.
Organização: Câmara Municipal de Braga, Irmandade da Misericórdia e Irmandade de Santa Cruz.
Patrocinado por: Caixa Geral de Depósitos.
9 A 29 DE ABRIL
Convento Franciscano de Montariol
«A alegria Cristã tem as suas raízes com forma de Cruz…»
Exposição de pinturas da Colecção Completa de XIV quadros a óleo pelo Artista Bracarense Casanova, inspirados no Livro de Via Sacra de JoseMaria Escrivá.
Organização da C. O. da Procissão de N.ª S.ª da Burrinha (Paróquia e Junta de Freguesia de S. Victor).
12 A 29 DE ABRIL
Catedral de Tuy — Ala Lateral, Galiza, Espanha
«Procissão de Nossa Senhora da Burrinha… e do Povo de Deus»
Exposição de fotografia de Sérgio Freitas e Nuno Veiga.
Organização da C. O. da Procissão de N.ª S.ª da Burrinha (Paróquia e Junta de Freguesia de S. Victor).
14 A 29 DE ABRIL
Biblioteca Municipal Professor Machado Vilela, Vila Verde
Alguns dos momentos importantes da Semana Santa em Braga
Exposição de fotografia de Carlos Ribeiro.
Organização da C. O. da Procissão de N.ª S.ª da Burrinha (Paróquia e Junta de Freguesia de S. Victor).
Colaboração: Câmara Municipal de Vila Verde e Comissão da Semana Santa.
15 A 28 DE ABRIL
Galeria da Junta de Freguesia de S. Victor, Braga
«Cristo Crucificado»
Exposição de crucifixos particulares.
Organização da C. O. da Procissão de N.ª S.ª da Burrinha (Paróquia e Junta de Freguesia de S. Victor).
Colaboração: Convento Franciscano de Montariol, Irmandade de Guadalupe e Irmandade de Nossa Senhora-a-Branca.
SEMANA SANTA
Braga Parque
Exposição da Semana Santa
Iniciativa de Braga Parque.
Celebrações Religiosas
16 ABRIL –SÁBADO
A noite do sábado antes de Ramos é como uma primeira Vigília, de carácter penitencial, a preparar a Semana Santa, tal como, no sábado seguinte, a Vigília Pascal será a celebração festiva do triunfo de Jesus sobre a morte.
21:30 h – Procissão em que se faz a trasladação da imagem do Senhor dos Passos, da igreja de Santa Cruz para a igreja do Seminário, percorrendo a Rua do Anjo, Campo de Santiago (onde serão cantados o Miserere, de A. Lotti, e Crux Fidelis, de M. Faria) e Largo de S. Paulo.
Recolhida a procissão, segue-se a Via Sacra, que, entoando os «Martírios», percorre, pela sua ordem, as seguintes «estações» ou Calvários:
1.ª Estação
Jesus toma a sua cruz
Largo de São Paulo
2.ª Estação
Jesus encontra Sua Mãe
Largo de Santiago
3.ª Estação
Jesus cai por terra
Rua de S. Paulo
4.ª Estação
A Verónica limpa o rosto de Jesus
Rua D. Paio Mendes
5.ª Estação
A caminho do Calvário
Casa do Igo, Campo das Carvalheiras
6.ª Estação
Jesus consola as mulheres de Jerusalém
Arco da Porta Nova
7.ª Estação
Segunda queda
Largo do Paço
8.ª Estação
Jesus é pregado na cruz
Casa dos Coimbras
17 ABRIL – DOMINGO DE RAMOS
O Domingo de Ramos é o pórtico de entrada na Semana Santa. Neste dia a Igreja comemora a entrada de Jesus em Jerusalém, para consumar o seu mistério pascal. É uma entrada que prefigura e preludia a sua entrada, pela Ressurreição gloriosa, na Jerusalém Celeste. Jesus, porém, quis chegar ao triunfo passando pela Paixão e Morte. Por isso se lê, na Missa de Ramos, o evangelho da Paixão. Os fiéis são convidados a olhar para Jesus, o qual «sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigamos os seus passos» (1 Pd 2, 21).
São três os actos celebrativos deste dia:
11:00 h, Igreja do Seminário
(Largo de S. Paulo)
Bênção e Procissão dos Ramo0073
No fim, Procissão em direcção à Catedral, percorrendo a Rua D. Gonçalo Pereira.
Cinco dias antes da morte, Jesus, manso e humilde, montado num jumentinho, desce do Monte das Oliveiras em direcção a Jerusalém. O povo saiu-lhe ao encontro, atapetando o caminho com os seus mantos e com ramos de árvores. As crianças e todo o povo aplaudiam-no com entusiasmo: «Hossana ao Filho de David! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas!».
A Santa Igreja recomenda: «Convidem-se os fiéis a tomar parte, no maior número possível, na solene Procissão de Ramos, dando assim público testemunho de amor e gratidão a Cristo-Rei».
11:30 h, Sé Catedral
Missa do Domingo de Ramos
As leituras desta Missa, sobretudo a narração da Paixão segundo S. Mateus, colocam diante da assembleia o quadro dos acontecimentos dolorosos de Jesus que irão ser comemorados ao longo da Semana Santa. Convidados a seguir os seus passos, os cristãos sabem que «se sofremos com Ele, também com Ele seremos glorificados» (Rm 8, 17).
17:00 h
Procissão dos Passos
Sai da Igreja do Seminário (Largo de S. Paulo).
A solene Procissão dos Passos, organizada pela Irmandade de Santa de Cruz, oferece aos espectadores, em quadros alegóricos e encenação dramática, o mesmo que, na Missa de Ramos foi lido no evangelho da Paixão. Nela desfilam as figuras que intervieram no julgamento, condenação e morte de Jesus: soldados, algozes e inimigos; mas também Cireneus e amigos, Madalenas arrependidas e piedosas mulheres. O próprio Jesus, o «Senhor dos Passos», levando a cruz às costas, atravessa as ruas da Cidade, como outrora percorreu as de Jerusalém.
Segue o itinerário dos «Passos» ou «Calvários»: igreja do Seminário, Largo de Paulo Orósio, Rua do Alcaide, Campo de Santiago, Rua do Anjo, Largo Carlos Amarante (contornando-o), Largo de S. João do Souto, Ruas D. Afonso Henriques, D. Gonçalo Pereira, D. Paio Mendes, Av. S. Miguel-o-Anjo, Arco da Porta Nova, Rua D. Diogo de Sousa, Largo do Paço, Rua do Souto, Largo do Barão de S. Martinho e Rua de S. Marcos, recolhendo à igreja de Santa Cruz.
Junto à igreja de Santa Cruz, tem lugar o Sermão do Encontro e, no decurso deste, os ouvintes assistem ao comovente encontro de Jesus com sua Mãe Dolorosa, a «Senhora das Dores». Antes e/ou depois do Sermão do Encontro, bem como no fim da Procissão, o Grupo Vocal «Os Consenso» entoará motetes apropriados.
20 ABRIL –QUARTA-FEIRA SANTA
21:30 h
Cortejo bíblico «Vós sereis o meu povo»
(Procissão de Nossa Senhora da «burrinha»)
Sai da Igreja de S. Victor.
Organizado, desde 1998, pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de S. Victor, este eloquente cortejo apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus que a Igreja celebra nos dias seguintes. Desde o chamamento de Abraão, passando pela era dos Patriarcas, pela escravidão no Egipto e gesta libertadora de Moisés (prefiguração de Cristo), até à infância de Jesus, incluindo a sua fuga para aquele país com José e Maria montada numa burrinha, desfilam, em sucessão cronológica e em verdadeira catequese viva, profetas, reis, figuras eminentes, símbolos e quadros bíblicos do Antigo Testamento. No essencial, assim é figurada a Aliança de Deus com o seu povo ? «Vós sereis o meu povo» ? e prefigurada a Nova Aliança que será selada com o sangue de Cristo.
Itinerário: igreja de S. Victor, Largo da Senhora-a-Branca, Avenida Central (lado norte), Largo de S. Francisco, Rua dos Capelistas, Jardim de Santa Bárbara, Rua do Souto, Largo do Barão de S. Martinho, Avenida Central (lado sul), Largo da Senhora-a-Branca, igreja de S. Victor.
21 ABRIL – QUINTA-FEIRA SANTA
Neste dia a Igreja lembra o início da Paixão do seu Senhor, comemorando especialmente os seguintes acontecimentos: instituição do sacerdócio; instituição da Eucaristia; agonia de Jesus e seu julgamento.
10:00 h, Sé Catedral
Missa Crismal e Bênção dos Santos Óleos
Comemorando a instituição do sacerdócio, o Arcebispo Primaz faz-se acompanhar de todo o clero da Arquidiocese e com este, como presbitério participante do seu pleno sacerdócio, concelebra a Eucaristia. Durante a celebração, consagra os Santos Óleos, que serão levados pelos presbíteros para as suas paróquias a fim de servirem para ungir os baptizandos e os doentes.
16:00 h, Sé Catedral
Lava-Pés e Missa da Ceia do Senhor
A anteceder a Missa da Ceia do Senhor, o Arcebispo que preside lava os pés a doze pessoas que representam os doze Apóstolos. Assim se comemora o que fez Jesus e se actualiza a sua eloquente lição: «Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo este seu amor. […] Levantou-se da mesa, depôs as vestes e tomando uma toalha pô-la à cinta. Depois de lhes lavar os pés […], disse-lhes: ‘Compreendestes o que vos fiz? Vós chamais-me Mestre e Senhor e dizeis bem porque Eu o sou. Ora, se Eu, sendo Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também’» (Jo 13, 1-15).
Terminado este rito, segue-se a Missa da Ceia do Senhor. É uma celebração dominada pelo sentimento do amor de Cristo que, na véspera da sua Paixão, enquanto comia a Ceia com os discípulos, instituiu o Sacrifício-Sacramento da Eucaristia, como memorial da sua Morte e Ressurreição a celebrar, tornando-o sempre actual, no decurso dos tempos: «Durante a ceia, tomou o pão dizendo: ? ‘Tomai e comei. Isto é o meu corpo, entregue por vós.’ Do mesmo modo, tomou o cálice e, dando graças, deu-o aos discípulos dizendo: ? ‘Tomai e bebei todos. Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim’» (Lc 22, 19-20).
No momento próprio, o Presidente da celebração faz a homilia apropriada, com especial incidência na lição do lava-pés e no «mandamento novo» deixado por Jesus como testamento espiritual para os seus discípulos (Sermão do Mandato). «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. […] É nisso que todos reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros como Eu vos amei a vós» (Jo 13, 34-35).
Terminada a missa, a assembleia canta a hora de Vésperas, enquanto que o Cristo vivo presente na Hóstia consagrada é conduzido em procissão pelas naves da Catedral para um lugar de adoração, onde permanecerá até ser dali retirado, também processionalmente, no dia seguinte, para o sepulcro. Os fiéis são convidados a velarem com Ele, na hora da sua Paixão. Em sinal de luto, o altar é desnudado.
Durante a tarde, enquanto os fiéis são convidados a visitarem as sete igrejas, que representam as Sete Estações de Roma (Sé Primaz, Misericórdia, Santa Cruz, Terceiros, Salvador, Penha e Conceição / Mons. Airosa), os farricocos, percorrem a cidade, com as suas ruidosas matracas. Na sua origem pagã, eram um grupo de mascarados que percorria as ruas, anunciando a passagem dos condenados e relatando os seus crimes. Já «cristianizados», em tempos antigos, conforme a mentalidade de então, percorriam as ruas chamando os pecadores públicos à sua reintegração na Igreja, depois de arrependidos e perdoados. Era a forma do tempo, de entender a misericórdia para com os pecadores, aos quais tinha sido aplicada a indulgência (ou «endoença»). Actualmente, atribui-se-lhe um significado substitutivo e residual, de chamamento dos Irmãos da Misericórdia para a procissão da noite.
22:00 h
Procissão do Senhor «Ecce Homo»
Sai da Igreja da Misericórdia.
Organizada desde tempos antigos pela Irmandade da Misericórdia, esta procissão evoca o julgamento de Jesus, ao mesmo tempo que celebra a misericórdia por Ele ensinada. Abre o cortejo o exótico grupo dos farricocos com grosseiras vestes de penitência, descalços e encapuçados, de cordas à cinta, como outrora os penitentes públicos, uns empunhando matracas e outros alçando fogaréus (taças com pinhas a arder). Daí chamar-se também «Procissão dos Fogaréus». Integrados na procissão, os fogaréus evocam os guardas que, munidos de archotes, foram, de noite, prender Jesus.
A imagem do Senhor «Ecce Homo» (ou «Senhor da cana verde») representa o Cristo que se declarara rei e que o governador romano pôs a ridículo pondo-lhe na mão um simulacro de ceptro (uma cana verde). Foi assim que Pilatos o apresentou à multidão, dizendo: ? «Eis aí o Homem!».
Além de muitas figuras alegóricas da Ceia e do julgamento de Jesus, desde 2004 incorporam-se na procissão alegorias das catorze obras de misericórdia, bem como figuras históricas ligadas à fundação e à história das Misericórdias, especialmente à de Braga.
Na saída e no recolher da Procissão, o Grupo Vocal «Os Consenso» entoará cantos apropriados.
A procissão percorre o seguinte itinerário: Igreja da Misericórdia, Rua D. Diogo de Sousa, Arco da Porta Nova, Av. S. Miguel-o-Anjo, Rua D. Paio Mendes, Rua D. Gonçalo Pereira, Largo de S. Paulo, Largo de Paulo Orósio, Rua do Alcaide, Campo de Santiago, Rua do Anjo, Rua de S. Marcos, Largo Barão de S. Martinho, Rua do Souto, Largo do Paço, Igreja da Misericórdia.
21 ABRIL –QUINTA-FEIRA SANTA
10:00 h – Na Sé Catedral: Ofício de Laudes, com alocução do Presidente aludindo às Sete Palavras de Jesus na Cruz. Terminadas as Laudes, os Capitulares presentes acolhem os penitentes que desejarem receber o Sacramento da Reconciliação (confissão)
15:00 h – Em doze locais da Cidade:
Lançamento de morteiros, assinalando o momento da morte de Jesus.
Convidam a um minuto de silêncio em Sua memória.
Patrocínio da ANEPE —Associação Nacional de Empresas de Produtos Explosivos (Lisboa).
15:00 h, na Sé Catedral
Celebração da Paixão e Morte do Senhor
À mesma hora em que Cristo expirou, os cristãos celebram o mistério da sua Morte redentora. Não há Missa, como seu memorial, mas comemoração directa, integrando a sequência dos actos seguintes:
1ª Parte ? Liturgia da Palavra. Leituras alusivas ao sacrifício de Cristo, intercaladas com cântico de salmos, e narração da Paixão de Jesus segundo S. João. O Bispo que preside profere a homilia, tradicionalmente conhecida como Sermão do Enterro.
2ª Parte ? Oração universal. Sequência de orações pelas necessidades da Igreja e do mundo.
3ª Parte ? Adoração da Cruz. Depois de conduzida, encoberta, ao Bispo Presidente, este proporciona ao povo a progressiva descoberta do seu mistério ? «Eis o madeiro da Cruz!» ?, ao mesmo tempo que o convida à sua adoração: ? «Vinde, adoremos!». E todo o povo desfila, então, aproximando-se para beijar e adorar o que foi o preço da sua redenção.
4ª Parte ? Comunhão eucarística. Comungando o Corpo de Cristo, os fiéis lembram as palavras de S. Paulo: «Sempre que comerdes deste pão […] anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha» (1 Cor 11, 26).
Segue-se o canto de Vésperas. E depois, a
Procissão Teofórica do Enterro
Costume trazido de Jerusalém pelo Convento de Vilar de Frades, no séc. XV ou XVI, daí passando a muitas catedrais. Abolido no séc. XVII, manteve-se na Catedral bracarense. Nesta impressionante procissão, o Santíssimo Sacramento, encerrado num esquife coberto de um manto preto, é levado pelas naves da Catedral ? daí o nome de procissão teofórica (que transporta Deus) ? e deposto em lugar próprio para a veneração dos fiéis. Os acompanhantes cobrem o rosto em sinal de luto. Dois meninos ou duas senhoras cantam em latim: «Heu! Heu! Domine! Heu! Heu! Salvator noster!» (Ai! Ai! Meu Senhor! Ai! Ai! Salvador nosso!).
22:00 h
Procissão do Enterro do Senhor
Sai da Sé Catedral.
Organizada pelo Cabido da Catedral, Irmandades da Misericórdia e de Santa Cruz e Comissão da Semana Santa, esta imponente procissão ? de todas a mais solene e comovente ? leva pelas ruas da Cidade o esquife do Senhor morto. Acompanham-no aquelas e outras irmandades, cavaleiros das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé e autoridades. Vão também os andores de Santa Cruz e da Senhora das Dores.
Em sinal de luto, os Capitulares e os membros das Confrarias vão de cabeça coberta. Para mostrar a sua dor, as figuras alegóricas ostentam um véu de luto. As matracas dos farricocos vão silenciosas. As bandeiras e estandartes, com tarja de luto, arrastam-se pelo chão.
A procissão percorre o seguinte itinerário: Sé, Rua D. Gonçalo Pereira, Largo de S. Paulo, Largo de Paulo Orósio, Rua do Alcaide, Campo de Santiago, Rua do Anjo, Rua de S. Marcos, Largo Barão de S. Martinho, Rua do Souto, Largo do Paço, Rua D. Diogo de Sousa, Arco da Porta Nova, Av. S. Miguel-o-Anjo, Rua D. Paio Mendes, Sé.
23 ABRIL –SÁBADO SANTO
10:00 h, Sé Catedral
Ofício de Laudes, com alocução do Presidente
Terminadas as Laudes os Capitulares presentes acolhem os penitentes que desejarem receber o Sacramento da Reconciliação (confissão).
Durante o dia, visita ao Santo Sepulcro (na capela de Nª Sra. do Sameiro, Sé Catedral) onde permanece a Sagrada Eucaristia.
21:00 h, Sé Catedral
Vigília Pascal e Procissão da Ressurreição
Para a Vigília Pascal convergem todas as celebrações da Semana Santa e mesmo de todo o Ano Litúrgico. Lembrando a grande noite de vigília do povo hebreu no Egipto, aguardando a hora da libertação (Ex 12), nela celebram os cristãos a sua própria redenção pelo mistério da Ressurreição de Cristo. Por ela se realiza a grande Páscoa ou Passagem da morte para a vida ou do estado de perdição para o estado de salvação. É a vitória final de Deus, em Cristo, sobre o pecado, o mal e a própria morte. No plano espiritual, os cristãos apropriam-se da graça desta passagem pelo Baptismo. Por isso, a liturgia baptismal tem aqui um lugar de destaque.
A Vigília Pascal ? chamada por Santo Agostinho «a mãe de todas as Vigílias» ? é uma soleníssima celebração, muito rica de simbolismo global e de símbolos particulares: as trevas, a luz, a água, o círio pascal, a cor alegre dos paramentos, a explosão de som e luz.
Integra quatro partes e conclui com a Procissão da Ressurreição.
1ª Parte ? Liturgia da Luz. Com Cristo ressuscitado, a Luz brilhou nas trevas. O círio pascal, que O simboliza, é benzido, conduzido em procissão e colocado diante da assembleia. Os participantes são convidados a terem nas mãos velas acesas, imitando aqueles servos de que fala o Evangelho (Lc 12, 35-37), os quais esperam, vigilantes, o seu Senhor que os fará sentar à sua mesa. Esta parte termina com o canto do Precónio (Pregão), anunciando solenemente a vitória de Cristo.
2ª Parte ? Liturgia da Palavra. Narram-se os gestos maravilhosos de Deus na história da salvação, desde a Criação do mundo até ao grande gesto da «Nova Criação» pela ressurreição de Cristo, início e primícias de um mundo novo. As leituras são intercaladas por aclamações, a última das quais é o canto do Aleluia pascal. Ao cântico de Glória, a Catedral escurecida torna-se, de repente, uma explosão de luz.
3ª Parte ? Liturgia Baptismal. Invocam-se os santos, com o canto da Ladainha. Benze-se a água do Baptismo, que é levada em procissão.
Asperge-se o povo. Renovam-se as promessas do Baptismo. Se há baptizandos, é-lhes ministrado este Sacramento.
4ª Parte ? Liturgia Eucarística. Celebração festiva da primeira Missa da Páscoa. No final da Missa, o Santíssimo Sacramento, que estivera encerrado na urna com um manto negro, é colocado na custódia e trazido para o altar-mor. Organiza-se a Procissão da Ressurreição, própria do Rito Bracarense, pelas naves da Catedral. De novo no altar-mor, Cristo vivo na Hóstia branca abençoa todos os fiéis, que dele se despedem ouvindo e cantando o Regina Coeli, laetare (Rainha dos Céus, alegrai-vos), em modo de parabéns àquela que de Senhora das Dores se transformou em Senhora da Alegria.
24 ABRIL –DOMINGO DE PÁSCOA
11:30 h, Sé Catedral
Missa Solene do Domingo de Páscoa
Todo o Domingo é um dia pascal, porque simboliza e evoca, no ritmo cristão das semanas, o primeiro dia do mundo novo inaugurado com a Ressurreição de Cristo. O Domingo de Páscoa é, nesse sentido, o paradigma de todos os domingos. Por isso proclama a Liturgia: ? «Este é o dia que o Senhor fez! Exultemos e cantemos de alegria!» Por isso também, nele, a Igreja celebra com especial solenidade a Eucaristia, memorial que recorda aquele mistério.
Visita Pascal
É um costume muito enraizado no norte de Portugal, este de, no Domingo de Páscoa, um grupo de pessoas («Compasso»), sempre que possível presidido por um sacerdote, com trajes festivos e partindo da respectiva igreja paroquial, se dirigir com a Cruz enfeitada aos lares cristãos a anunciar a Ressurreição de Cristo e a abençoar as suas casas. Soam campainhas em sinal de júbilo, fazem-se tapetes de flores pelas ruas e caminhos, estrelejam foguetes no ar.
Entrando em cada casa, estabelece-se um pequeno diálogo celebrativo. Dá-se depois a Cruz a beijar a todos os presentes.
No âmbito da Cidade de Braga, reveste especial significado a Visita Pascal aos Paços do Concelho.
As celebrações terão a colaboração dos Coros do Seminário Conciliar, dir. Maestro António Azevedo Oliveira (na generalidade dos actos na Catedral); Coro Gregoriano de Braga (na procissão do Enterro) e Coro da Sé Catedral, dir. Dr. Hélder Apóstolo (Vigília Pascal e Missa do Domingo de Páscoa); Grupo Vocal «Os Consenso», dir. A. Vilas Boas (na Trasladação do Senhor dos Passos e no Sermão do Encontro, e na saída e entrada da Procissão do «Ecce Homo»).
As procissões serão animadas musicalmente pelas Bandas de Cabreiros(Braga) e de Calvos (Póvoa de Lanhoso).
Mais informação e sempre actualizada no sítio oficial da Semana Santa de Braga: www.semanasantabraga.com
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