Arquidiocese de Braga -
8 novembro 2013
IMAGEM DO BEATO IRMÃO FELIX BENZIDA EM AMARES

Santuário da Abadia, em Amares, acolhe este domingo a celebração de ação de graças pela beatificação de um filho da terra.
O Santuário de Nossa Senhora da Abadia, o centro espiritual do concelho de Amares e o mais antigo santuário mariano de Portugal, acolhe no próximo domingo, a partir das 16h00, uma Missa de ação de graças pela beatificação do religioso salesiano Irmão Félix (Manuel José de Sousa), cerimónia que incluirá a bênção da imagem do novel beato que será colocada ao culto na igreja paroquial de Santa Marta de Bouro.
«Esta é uma oportunidade para reunir o concelho de Amares no seu centro religioso e dar também oportunidade para que as pessoas possam realizar um ato de júbilo em honra do Irmão Mário Félix, já que a esmagadora maioria não teve a possibilidade de o fazer na cerimónia de beatificação que decorreu, em Tarragona, Espanha, no passado mês de outubro», afirmou ao Diário do Minho o cónego Narciso Fernandes, sacerdote que investigou a história de vida do novo beato da Arquidiocese de Braga.
Para além destes aspetos, o capitular do Cabido Primacial e Metropolitano de Braga destaca a oportunidade da «mensagem de vida» do beato nascido em Amares passar para a vida dos cristãos de hoje, sobretudo os seus conterrâneos. «A mensagem do Irmão Mário Félix passa pelo desejo profundo da pobreza, do desprendimento e pela luta terrível que travou na sua juventude para descobrir o caminho da felicidade», sustenta o cónego Narciso Fernandes.
Para o sacerdote, o
beato
Manuel José de Sousa (nome de Batismo) que «procurava a felicidade nos bens
materiais, acabou por a descobrir nos bens eternos».
Na reunião do último Conselho Presbiteral arquidiocesano, o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga recordou aos participantes que teve «a graça» de participar, no dia 13 de outubro, na beatificação de 522 mártires que, em Espanha e durante a guerra civil, «deram a vida em testemunho de amor a Cristo, único Rei das suas vidas», sendo que um deles era oriundo da arquidiocese.
D. Jorge Ortiga destacou que a imagem que benzerá durante a cerimónia que terá lugar no Santuário da Abadia será colocada à veneração dos cristãos, no final da celebração na igreja de Santa Marta de Bouro. «Aí se conserva a Fonte Batismal onde foi batizado. Como membro da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs (Irmãos de La Salle) quisemos colocar na sua imagem parte do lema desta Congregação: “Signum fidei”, sinal da fé. Espero a presença de sacerdotes e cristãos e que aceitem este lema como interpelativo para o ser e o agir da vida diocesana», frisou.
O Arcebispo Primaz lembrou que a Igreja diocesana tem tido
nos últimos anos «a graça da declaração» de vários beatos: Bea-
ta Alexandrina de Balasar, Beato
D. Frei Bartolomeu dos Mártires e agora Beato Mário Félix. «Temos outros com o
processo da beatificação introduzida. Teremos de os conhecer melhor e dar a
conhecer para que Deus nos conceda o dom da canonização. O mundo hodierno
necessita de referências e a evangelização deve ser essencialmente narrativa»,
assevera D. Jorge Ortiga.
Uma história de vida a conhecer pelos cristãos
O mais novo beato da Arquidiocese de Braga pertenceu aos Irmãos das Escolas Cristãs, conhecidos por religiosos de La Salle, e foi um dos vários fiéis martirizados na perseguição religiosa que teve lugar entre 1934 e 1939, em Espanha. Manuel José de Sousa nasceu em Santa Marta de Bouro, arciprestado de Amares, a 27 de dezembro de 1860, tendo sido morto em Griñon, a 30 km de Madrid, refere a obra “Venerável Manuel José de Sousa – Irmão Mário Félix – Um mártir da guerra civil espanhola”, da autoria do cónego Narciso Fernandes. Em criança emigrou para o Brasil, onde trabalhou numa empresa de confeções do Rio de Janeiro pertencente a um tio, acrescenta a biografia publicada em 2003. Durante a permanência no Rio de Janeiro estabeleceu contactos com cristãos protestantes, que lhe despertaram o interesse pela leitura da Bíblia. Mais tarde manteve contactos com padres jesuítas, relação que o reconduziu ao catolicismo. De regresso a Portugal fixou-se em Lisboa com um tecelão e a 14 de junho de 1888, aos 28 anos, entrou no Instituto de La Salle, tendo passado por várias casas da congregação até chegar à comunidade de Griñon. No dia 28 de julho de 1936, às mãos revolucionários os poucos religiosos foram executados.
O reconhecimento do martírio dos religiosos foi determinado a 19 de dezembro de 2011 pelo Papa emérito Bento XVI.
Álvaro Magalhães, Diário do Minho.
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