Arquidiocese de Braga -
25 janeiro 2022
Bispos ucranianos e polacos pedem que líderes evitem a guerra

DACS
Os responsáveis das igrejas dos dois países manifestaram preocupação com a falta de sucesso das mais recentes negociações entre Estados Unidos da América e Rússia.
Os bispos católicos da Ucrânia e Polónia publicaram um apelo conjunto a diálogo e entendimento para evitar o risco da eclosão de uma guerra entre a Rússia e os países do Ocidente na fronteira ucraniana. Os responsáveis juntaram-se ainda aos apelos de oração pela paz do Papa Francisco.
Os responsáveis das igrejas dos dois países manifestaram preocupação com a falta de sucesso das mais recentes negociações entre Estados Unidos da América e Rússia em acalmar as tensões políticas e militares em torno da fronteira ucraniana.
Os líderes da Igreja Greco-Católica Ucraniana e Polaca, das conferência de bispos dos dois países e ainda da Eparquia Católica Grega de Mukachevo (Ucrânia) apontam para a crescente presença militar russa na fronteira do país com a Ucrânia e dizem acreditar que a situação actual representa “uma grande ameaça para os países da Europa Central e de Leste e para todo o continente europeu”.
Os prelados pedem aos líderes que retirem todos os ultimatos “imediatamente” e que “não usem outros países como moedas de troca”, e deixam claro que qualquer guerra é “uma desgraça e nunca pode ser uma forma apropriada de resolver problemas internacionais” e que representa sempre “uma derrota para a humanidade”.
Citando São Paulo VI, Papa que descreveu a guerra como “um crime contra Deus e contra a própria humanidade”, os bispos sublinham, à luz “do poder aterrorizador dos instrumentos de destruição disponíveis até a países medianos e pequenas e dos laços fortes existentes entre as nações do mundo hoje que tornam difícil ou praticamente impossível limitar os efeitos de um conflito”, a necessidade de “procurar métodos alternativos à guerra para resolver conflitos internacionais”.
O Papa Francisco convocou para esta quarta-feira, 26 de Janeiro, uma jornada de oração pela paz. A Conferência Episcopal Portuguesa lançou esta segunda um apelo a que todas as dioceses e organismos eclesiais em Portugal se juntem à jornada de oração.
A administração norte-americana colocou ontem 8.500 soldados em alerta elevado para uma possível deslocação para a Europa de Leste. A maioria dos soldados farão parte de uma força de resposta da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que pode ser activada em breve.
De acordo com o The New York Times, a administração norte-americana está a considerar o envio de milhares de soldados para o leste europeu e para os países bálticos, assim como navios e aeronaves militares. A opção inicial está no envio de entre mil a 5 mil soldados, com o potencial de multiplicar esses números por dez vezes no caso de uma deterioração da situação.
A NATO tem colocado, nos últimos dias, forças armadas em estado de prontidão e enviado mais navios e aeronaves militares para o Leste europeu. O Reino Unido e os EUA ordenaram a retirada da Ucrânia das famílias dos respectivos corpos diplomáticos, citando “a crescente ameaça da Rússia”.
A Rússia tem estacionados cerca de 100 mil soldados nas fronteiras do país com a Ucrânia, continuando a enviar para a região armamento e sistemas de anti-aéreos. O governo de Vladimir Putin divulgou uma lista de exigências que é improvável que os países ocidentais venham a cumprir, e Joe Biden, o Presidente dos Estados Unidos da América, afirmou abertamente esta quarta-feira que espera que Putin ordene que tropas atravessem a fronteira estabelecida.
Putin tem defendido a acumulação de tropas com o argumento de que é um mero exercício militar. Entre as exigências russas está a da NATO nunca admitir a adesão da Ucrânia e um recuo das forças da NATO no leste europeu – para posições que ocuparam pela última vez no fim da década de 1990. Biden aprovou esta semana uma ajuda suplementar de cerca de 175 milhões de euros para Kiev, e autorizou a Estónia, Letónia e Lituânia a entregar às forças ucranianas misseís anti-aéreos, complementando o que o Reino Unido tem entregue desde o início do mês.
A Ucrânia passou por duas revoluções no século XXI, em 2005 e 2014, rejeitando ambas as vezes a influência da Rússia e aproximando-se da União Europeia e da NATO, movimentando-se no sentido da adesão a ambas as alianças.
Depois da revolução de 2014 (Revolução da Dignidade), em que meses de protestos acabaram por derrubar o presidente pró-Moscovo Viktor Yanukovych, Putin utilizou o vazio no poder a seu favor e anexou a região da Crimeia, para além de começar a apoiar rebeldes separatistas nas províncias de Donetsk e Luhansk através de milícias paramilitares.
Os rebeldes conseguiram estabelecer duas pequenas “repúblicas populares”, onde a pena de morte foi reestabelecida e dezenas de campos de concentração foram criados para torturar e executar dissidentes. O conflito vitimou, desde 2014, mais de 13 mil pessoas e obrigou à deslocação de milhões.
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