Arquidiocese de Braga -

13 outubro 2024

Renovar em Jesus Cristo

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  1. 1. Seguir Jesus Cristo

O episódio conhecido por “Jovem rico” aparece nos três evangelhos: Mateus, Marcos e Lucas. Aqui no evangelho de Marcos o encontro de Jesus com o jovem acontece gradualmente. Sim, “Jesus olhou para ele com simpatia”, e propôs-lhe a radicalidade evangélica de “vender, dar e ter, seguir”. Todavia, o jovem adulto não tinha um coração livre e não seguiu Jesus.

Seguir Jesus Cristo é uma questão de multiplicação do dom da graça, “receberá cem vezes mais... juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna”. Jesus propõe deixar tudo para ter tudo.

As certezas e seguranças dos poderosos e dos sábios impossibilitam de dar graças. Só o pequenino, mesmo que seja já adulto na fé, como Alexandrina, aberto ao novo, pode viver, cantar e rezar como Jesus os louvores de Deus. Só o pobre ensina a viver apenas e simplesmente de amor e acolhe a surpresa de Deus como o dom maior!

A primeira leitura dá a indicação que orienta para a felicidade: “considerei a riqueza como nada, em comparação com a sabedoria”. Na verdade, quem se decide a seguir Jesus descobre que “a palavra de Deus é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração”.

 

  1. 2. Ano de Congresso Eucarístico Nacional e de Congresso Eucarístico Internacional 

Alexandrina amava a Eucaristia, procurando uma união íntima com Jesus Sacramentado: “Ó meu querido Jesus, eu me uno em espírito neste momento e desde este momento para sempre a todas as santas Hóstias da Terra em todos os lugares onde habitais sacramentado. Aí quero passar todos os momentos da minha vida (...) sempre a consolar-Vos, a adorar-Vos, a amar-Vos, a louvar-Vos e a glorificar-Vos!” (Autobiografia).

Na Eucaristia Deus dá-se a si mesmo para que nós nos renovemos Nele. «Em Cristo, morto e ressuscitado, Deus une-se e desposa toda a humanidade. Deus fez-se homem para que todos os homens sejam divinizados. A Eucaristia é a universalização da obra de Cristo”. (...) “Na comunhão, Cristo dá-se-nos em alimento para que tenhamos não só força humana, mas uma energia verdadeiramente divina para trabalharmos na construção da comunidade humana fraterna» (François Varillon, SJ). 

Sim, «A Eucaristia nos convida a experimentar a graça da fraternidade (“fraternura”), um amor sem fronteiras que nos une como comunidade global. Cada celebração permite-nos renovar o nosso compromisso de amar e servir, transformando as nossas vidas num reflexo do amor de Jesus, que acolhe todos sem exceção» (Ir. Daniela Cannavina).

No 5.º Congresso Eucarístico Nacional concluiu-se que é necessário «Reforçar a Eucaristia como escola de fraternidade e sacramento de unidade. O encontro comunitário na celebração do Domingo ultrapassa todas as fronteiras. Ao partilhar o pão, na mesa do altar, tornamo-nos companheiros de caminho e somos chamados a criar comunhão. A Eucaristia convoca todos, está aberta a todos e não afasta ninguém».

A Eucaristia dá-nos a força de Cristo para curarmos o mundo.

 

  1. 3. Ser sinal de esperança

O 5.º Congresso Eucarístico Nacional concluiu também que cada cristão é chamado a «Ser sinal de Esperança. O amor dos crentes à Eucaristia acreditada, celebrada, adorada e vivida consolida a fraternidade, promove o perdão e a paz, tornando-se fonte inesgotável de esperança para o mundo».

Que tem esperança vive a alegria plena da vida. Na verdade, «Somente quando o futuro é certo como realidade positiva, é que se torna vivível também o presente. Sendo assim, podemos agora dizer: o cristianismo não era apenas uma “boa nova”, ou seja, uma comunicação de conteúdos até então ignorados. Em linguagem atual, dir-se-ia: a mensagem cristã não era só “informativa”, mas “performativa”. Significa isto que o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera factos e muda a vida. A porta tenebrosa do tempo, do futuro, foi aberta de par em par. Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova» (Spe salvi, 2).

Participar na Eucaristia, e viver a Eucaristia à maneira de Alexandrina não nos pode deixar igual. Cada vez que vimos à Eucaristia temos de sair transformados. Se saímos igual ao que entramos é porque não deixamos que o Senhor nos transforme, é porque não permitimos que o nosso coração seja abrasado. Celebrar e viver a Eucaristia é desejar ir pelo mundo ao encontro dos que mais precisam para lhes levar o amor de Cristo por cada um de nós. 

Com a Bíblia, no belo Cântico dos Cânticos podemos rezar: «Mostra-me o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz. A tua voz é suave e o teu rosto encantador» (Ct 2,14).

Cada cristão, a nível pessoal, ou melhor, em família e na comunidade cristã pode rezar com a simplicidade e a alegria do coração. A família, por ser ‘Igreja doméstica’ é escola de oração, como recorda o Papa Francisco: «“Padre, eu quero rezar, mas há tanto que fazer! Devo cuidar dos meus filhos; tenho os deveres de casa; estou demasiado cansado até mesmo para dormir bem". Isto até pode ser verdade; mas, se não rezarmos, nunca conheceremos a coisa mais importante de todas: a vontade de Deus a nosso respeito».

 

                                            + José Manuel Cordeiro
                                            Arcebispo Metropolita de Braga