Arquidiocese de Braga -

22 fevereiro 2021

Nova Ágora 2021 acontece a 5, 12 e 19 de Março

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DACS

Encontros deste ano serão totalmente online. Assistência continuará a ter oportunidade de fazer perguntas aos oradores.

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A sexta edição da Nova Ágora, que viu o seu adiamento em 2020, decorre no próximo mês, em formato totalmente online.

O primeiro encontro será no dia 5 de Março, com o tema “A Agonia do Planeta: a exigência de uma Conversão Ecológica”. Bagão Félix, economista e professor universitário, Domingos Xavier Viegas, professor universitário, e Orfeu Bertolami, também professor universitário, são os oradores convidados. O encontro é moderado por Isabel Varanda, professora universitária.

A segunda sessão decorre na sexta-feira seguinte, 12 de Março, subordinada ao tema “Medicina e Saúde, à luz da Pandemia”. Sobem ao palco Fernando Regateiro, Pedro Morgado e Miguel Oliveira, médicos e professores universitários. A moderação está a cargo de Helena Machado, presidente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.

O terceiro e último encontro deste ano acontece no dia 19 de Março e debate o “Precariado: Novas explorações laborais”. Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Paulo Marques, professor e investigador, e Paulo Granjo, doutorado em Antropologia Social, lançam novas luzes sobre o tema. Graça Franco, jornalista, modera a conversa.

Todas as conferências serão transmitidas através do Facebook e Youtube da Arquidiocese, pelas 21h00. Mais informações podem ser consultadas em www.novaagora.pt. Continuará a existir um tempo de debate no qual serão tidas em consideração as questões do público – via Facebook ou Youtube – aos oradores.

 

“Há limites para tudo”

“Vivemos tempos estranhos. Tempos de grande complexidade. As mudanças aceleram e alteram, de um dia para o outro, os âmbitos sociais, económicos e culturais. Se não aprendermos nada do que está a acontecer, então as vivências do passado e do presente deixam de ser úteis para a construção do futuro”, começou por dizer o Cónego Eduardo Duque, coordenador do evento.

O responsável deu como exemplo a apropriação indevida de vacinas contra a Covid-19 para dizer que este é um tempo propício a reflexões, sendo necessário “ir ao fundo da alma” para que o ser humano se possa reinventar. 

“Temos ao longo destas últimas décadas, construído e configurado o presente a partir dos nossos desejos, extorquido a natureza sem ouvir os seus prantos, consumido de tudo desmedidamente, espoliado as matérias primas dos países do terceiro mundo, enfim, vivemos num acelerador hiperactivo e até hiperneurótico, centrado no paradigma do sucesso rápido e fácil. Este paradigma chocou com o esgotamento da ideia moderna de progresso, como sendo linear, necessário, contínuo e superável, mais e mais e sempre mais”, sublinhou.

O Cónego explicou que se torna imperativo “reaprender a viver o tempo”, dado ser cada vez mais notória a necessidade de um progresso assente em “corresponsabilidade”, dependente da vontade de todos para ser possível de acontecer. 

“Porque acreditamos que a cultura transforma a lente com que se vê o mundo e dispõe o espírito para ser capaz de olhar mais longe do que a fronteira da freguesia mais próxima, e porque consideramos que dialogando, mesmo com gente que possa pensar diferente de nós, estamos a contribuir para abrir os olhos de todas as pessoas, continuamos a reunir especialistas de vários quadrantes capazes de produzir, através da sua palavra e exemplo, um impacto nas políticas e nas percepções que os seres humanos têm dela”, afirmou.

O responsável concluiu a sua intervenção lembrando que a pandemia de Covid-19 “atirou milhares de pessoas para o empobrecimento”, dilatando ainda mais o fosso existente entre ricos e pobres, mas que há mais questões para além das sociais, como as questões ecológicas.

“Há limites para tudo. Qual o preço a pagar pela devastação das montanhas selvagens, da beleza de um pôr de sol ou do ruído de um riacho a correr?”, questionou. 

  

Nova Ágora: um “laboratório cultural” 

O Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, relembrou que a Nova Ágora não pretende ser um evento apenas para a cidade ou para a Arquidiocese de Braga, mas para todo o país, ainda para mais num tempo em que, mais do que nunca, há a necessidade de união.

“A pandemia de Covid-19 provocou uma grande interdepêndencia comum e entre saberes. O problema é que, não raramente, em vez da cooperação entre pessoas nota-se quase uma concorrência entre elas, cada um quer chegar primeiro ao seu destino. Isso é tudo o que não queremos que a Nova Ágora seja. Pelo contrário”, frisou. 

O prelado explicou que a Arquidiocese de Braga quer ser promotora de cultura, “como sempre foi e continuará a ser”, sendo interveniente activa no campo da reflexão, sempre no sentido de incitar a cooperação e nunca a concorrência.

“Os temas deste ano são um campo fértil a ser explorado e que deve deixar incidências na sociedade. A cultura deve envolver-nos e mover-nos quotidianamente, deve ajudar à construção de um caminho novo para a sociedade.”

“Por isso é que o mundo da Nova Ágora não é um mundo fechado no catolicismo, mas sim aberto a todos aqueles que agem movidos pelo intuito de servir o Homem. Aliás, o Homem está sempre no centro das nossas preocupações, tudo o que é humano nos interessa! Evidentemente que não podemos falar de tudo de uma vez, mas escolhemos algumas áreas e procurámos peritos nelas dentro e fora da Igreja. Algumas pessoas sabemos que são católicas, outras nem sabemos que confissão têm. Queremos é escutá-las com a atenção de quem está a ouvir algo de novo”, afirmou. 

O Arcebispo Primaz deseja assim que o evento seja capaz de deixar algumas inquietações à sociedade em geral, mas sobretudo aos cristãos, que neste tempo de Quaresma devem ser capazes de questionar a sua própria vida e acções.

“Ultimamente tenho insistido muito na importância dos grupos. Queremos construir uma igreja que é sinodal, estabelecer laços uns com os outros. Na sua Carta Apostólica Veritatis Gaudium, o Papa Francisco lançou um desafio que consistia na elaboração de laboratórios culturais. Estes tornam-se providenciais nesta hora, por isso desejo que sejamos capazes construí-los. Os temas deste ano são um campo fértil a ser explorado e que deve deixar incidências na sociedade. A cultura deve envolver-nos e mover-nos quotidianamente, deve ajudar à construção de um caminho novo para a sociedade”, explicou.

D. Jorge Ortiga lembrou ainda que um processo de responsabilização individual e colectiva é urgente para este tempo e que a Nova Ágora pode ajudar à sua implementação. “É fundamental reflectir e discernir alguns compromissos concretos. Para isso necessitamos de uma cultura à medida do e para o Homem”, concluiu.