Arquidiocese de Braga -

13 julho 2022

Papa admite necessidade de “regular melhor” a renúncia pontifícia

Fotografia Lusa/EPA

DACS

Francisco voltou a afirmar que não está a ser preparada uma renúncia para breve.

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O Papa Francisco admitiu numa entrevista a necessidade de “regular melhor” a legislação canónica sobre a renúncia pontifícia, assumindo que prefere a designação de “bispo emérito de Roma” e insistindo que não pensa, para já, em seguir os passos de Bento XVI.

Na entrevista à Noticias Univision 24/7, canal norte-americano que transmite em espanhol, o pontífice realçou que “a própria história vai obrigar a regular melhor”, e que se deve “delimitar melhor as coisas, explicitar”.

O Código de Direito Canónico prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa. A renúncia não precisa de ser aceite por ninguém para ter validade, como indica o cânone 332, desde que seja “feita livremente e devidamente manifestada”.

Questionado sobre o seu futuro após uma eventual renúncia, Francisco, de 85 anos de idade, descarta a possibilidade de continuar a residir no Vaticano, assim como deixa de parte um regresso à Argentina, afirmando que “nesse caso eu seria o bispo emérito de Roma”.

Perante as perguntas das jornalistas mexicanas Maria Antonieta Collins e Valentina Alazraki, o Santo Padre admite a hipótese de instalar-se em São João de Latrão, junto à Catedral da Diocese de Roma, e “ir confessar, numa igreja”, um plano em tudo semelhante ao que tinha preparado para a renúncia como arcebispo de Buenos Aires – que teria acontecido em Novembro de 2013 –, onde passaria a residir na Casa Sacerdotal, junto da sua paróquia de infância, para “confessar e visitar os doentes”. 

Eleito em Março de 2013, Francisco volta a descartar uma renúncia, na qual nunca pensou, mas indica que “a porta está aberta” pela decisão do seu predecessor e que “o exemplo que o Papa Bento (XVI) nos deu é tão grande que, se vir que não consigo, que faço mal ou atrapalho, espero tirar força desse exemplo”.

Questionado sobre os rumores que, nas últimas semanas, sugeriram que estaria a preparar a renúncia, o Papa admite que os jornalistas tiveram motivos para a especulação, mas sublinha que a sua deslocação a Aquila, onde está sepultado Celestino V, e a convocação de um consistório, no final de Agosto, foram uma “coincidência”. “Neste momento, não sinto que o Senhor o peça [a renúncia], mas quando mo pedir, sim”, assinalou.

Em Abril de 2009, Bento XVI realizou um gesto simbólico ao depositar o pálio – insígnia pessoal e de autoridade – junto da porta santa da Basílica de Collemaggio, em Aquila, em cima do relicário com os restos mortais do Papa Celestino V (1215-1296), pontífice que governou a Igreja Católica apenas durante alguns meses, em 1294.

Francisco diz que, ainda que se sinta “limitado”, está a melhorar dos problemas no joelho que o impediram de visitar o Congo e o Sudão do Sul no início de Julho, viajando ao Canadá entre 24 e 30 de Julho.