Arquidiocese de Braga -

1. O Evangelho fala da semente que, uma vez lançada à terra, cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme. A Igreja vive desta liberdade incontrolável da Palavra que é eficaz a seu modo e sob formas tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e quebrando os nossos esquemas. 

2. Como recordamos na parábola do Evangelho de S. Lucas (15, 11-33), também na família cristã há sempre um filho “mais jovem”, um irmão “envelhecido”, mas sobretudo um Pai e Mãe que aguardam sempre e correm ao encontro. Estes não perguntam porque e onde se desencontraram mas acolhem com amor o filho que retorna a casa e estimulam também a reflexão daquele que considera que nunca de lá saiu. Por isso, queremos ser uma família que pede o dom das lágrimas, acompanhando os dramas dos seus filhos: quer dos que saíram, dos que permanecem à margem e dos que se experimentam em casa. Quem não sabe chorar, não é mãe (cf. ChV 75).

3. Os apóstolos da escuta, em hospital de campanha, de acordo com o apelo do Papa Francisco, seguem a tripla sensibilidade: à pessoa, ao discernimento e aos impulsos “para diante”. Neste sentido, alguns elementos do Departamento Arquidiocesano da Pastoral da Saúde de Braga fizeram, ao longo do último ano, um percurso sereno de escuta presencial de algumas pessoas LGBT e seus familiares, para quem Jesus Cristo é referência fundante. Simultaneamente fizemos um caminho de reflexão com profissionais e associações LGBT civis e confessionais. Quanto as feridas e a fé o permitiram, partilhamos histórias e rezamos juntos.

4. Destes degraus já percorridos salientamos quatro elementos:      

            a) a importância da escuta mútua e incondicional 

            b) a necessidade de formação de todos

            c) a relevância do cuidado com a linguagem 

            d) a urgência da criação de espaços seguros

5. Continuamos sem agenda nem prazos a cumprir, mas com um objetivo bem definido: partir de Cristo, com Cristo e como Cristo. Neste momento, gostaríamos de alargar a Escuta a todos aqueles que estão, de alguma forma, sob o véu do silêncio do universo digital, por receio ou proteção. Por isso lançamos um questionário online e anónimo, se assim o desejarem. Façam-nos entender o incontrolável da Palavra, a filigrana com que se reparam rochedos, as lágrimas com que se consertam pontes. O degrau serve para avançar não para descansar. Podem preencher o inquérito AQUI

Pela Coordenação do Grupo de Trabalho

Jorge Vilaça, Pe.

Rita Silva, Dra.