Arquidiocese de Braga -
19 março 2005
Mensagem da Páscoa - 2005
D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga
\nQUE O RESSUSCITADO FIQUE NOS DINAMISMOS DA VIDA
A Igreja Católica encontra-se a viver um Ano Eucarístico. Para orientar a caminhada o Santo Padre publicou uma Carta Apostólica a que atribuiu o título de “Fica connosco, Senhor, porque se faz tarde”. Trata-se dum convite formulado por dois discípulos que, conscientes da morte de Cristo, caminhavam, pesarosos e tristes, em direcção a Emaús. Cristo “intromete-se” na caminhada e na conversa. Ao aproximar-se da noite, considerando as trevas densas que pairavam no seu íntimo, convidam Jesus Cristo a entrar e ficar com eles (cf. Lc. 24,29).
Como cristãos acreditamos que Cristo ressuscitou e que, realmente, continua vivo e operante na história. As dúvidas e as perplexidades podem surgir. É missão da Igreja fazer com que a Sua pessoa não entre só nos registos de personalidades recordadas pelos feitos ou doutrina mas que exerça uma actualidade como presença reveladora do sentido para a vida.
Nesta Páscoa quero, talvez com alguma ousadia e identificando-me com a tradição do compasso, ser “campaínha” que solicita às pessoas e instituições - eclesiásticas ou civis – que, dum modo consciente e sem complexo, “convidem” Cristo vivo a entrar. Poderá parecer que a Sua actualidade já passou. Ele, como Ressuscitado, continua vivo. Compete aos crentes e às comunidades “demonstrar” de modo que se veja e sinta a Sua presença.
Ao formular votos de Santa Páscoa para todos os residentes no território da Arquidiocese, peço que O deixem entrar. Que fique em cada homem e mulher e nos mundos e ambientes de trabalho. Esperam-se soluções para o conjunto de problemas que desafiam o quotidiano dos portugueses. Necessitamos dum clima de maior tranquilidade social que permita uma convivência harmoniosa entre todos, duma aurora na justiça que defenda os direitos de todos e promova os deveres de cada um, de contornos programáticos e metodológicos que expressem uma educação sólida e consistente como alicerce duma sociedade humana, de níveis de confiança que garantam qualidade nos cuidados de saúde para uma vida feliz, de espaços de diálogo e acolhimento do diferente nas arenas da política para o bem de todos e não só de alguns, de coragem na qualidade de trabalho para todos e um índice de produtividade sem opressão de ninguém.
Poderia continuar a percorrer os caminhos da sociedade actual e entrar nas “casas” dos cidadãos. Fica a ideia que não deve ser uma voz no deserto. Cristo, com tudo o que significa em Si e na cultura portuguesa, ficando e permanecendo nas mentalidades e atitudes permitirá uma Páscoa perene onde os sinais de morte são abolidos e germina a esperança que provoca luta e empenho para um mundo melhor.
Fica connosco Senhor, e não permitas que “anoiteça” a esperança duma sociedade justa e humana.
Páscoa 2005.
+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz
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