Arquidiocese de Braga -
27 maio 2005
Adaptação de Espaços Arquidiocesanos
D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga
\nSempre a Igreja viveu situada no tempo como exigência para corresponder aos apelos da sua missão. Nunca se definiu como mera experiência pessoal de intimismo e de mística. Vive para a humanidade e é composta por homens e mulheres com necessidades idênticas a todo o ser humano.
Alguns, olhando o seu património material, atrevem-se a considerá-la rica e desfocada dos seus objectivos. Se detém um património fruto da generosidade dos seus membros, este justifica-se como meio para a evangelização através de iniciativas variadas.
O Bispo, como dinamizador desta tarefa anunciadora dum mundo de fraternidade, tem o encargo de dotar as Dioceses das estruturas necessárias para o apostolado e de providenciar para que nada falte aos obreiros ou trabalhadores da Vinha do Senhor.
Desde o início do meu serviço como pastor da Arquidiocese de Braga delineei como tarefa prioritária - não como preocupação material, mas como vontade de me libertar duma preocupação para me concentrar, mais livremente, no específico da missão eclesial – reestruturar os serviços diocesanos, criando condições dignas de trabalho e rentabilizando o existente para desempenhar uma acção pastoral consentânea com as exigências técnicas e profissionais dos momentos actuais. Não poderemos agir convenientemente com amadorismos e metodologias ultrapassadas. O coração da Igreja terá de bater ao ritmo da modernidade para a acompanhar e dar-lhe o espírito de Cristo.
Os Sacerdotes e demais agentes de pastoral, numa vida pautada pela pobreza, que não é miséria, devem dedicar-se, exclusivamente, à causa do Reino sem preocupações por aquilo que o futuro poderá trazer. Somos um presbitério algo envelhecido e sem seguranças sociais tranquilizadoras.
Como Igreja reconhecemos que a caracterização sociológica do nosso povo também está marcada por um índice etário bastante elevado. As famílias continuam a ser os únicos lares condignos, mas condicionalismos variados obrigam a que se encontrem alternativas credíveis, geridas por profissionais, abertas ao espírito de solidariedade e vocacionadas para um acompanhamento humano, espiritual e técnico.
Repensando o aproveitamento de determinados espaços e movidos por estas ideias estudamos variadíssimas alternativas para escolher o que nos pareceu mais útil e consentâneo com a missão da Igreja. Poderíamos ter encontrado soluções mais rentáveis. Quisemos a moral e a ética e os contractos assinados garantem um serviço à cidade de Braga e, particularmente, aos sacerdotes com seus familiares e às pessoas pobres carecidas de meios para uma velhice tranquila.
Na verdade, uma clínica com todas as especialidades e exames de diagnóstico numa orientação predominantemente geriátrica e duas Residências Assistidas (uma com apartamentos, situada na Rua D. Manuel Vieira de Matos e outra com quartos individuais, localizada na Rua D. Afonso Henriques) poderão ser um serviço que, por intermédio e responsabilidade exclusiva – na construção ou adaptação assim como na gestão por um período de tempo – duma sociedade de profissionais já com garantias dadas responderá a problemas sociais graves. O compromisso de respeitar orientações da Igreja na sua moral e ética católica dão-nos a tranquilidade de colocar a mesma Igreja ao serviço do bem comum.
O edifício de S. Geraldo funcionará como um espaço de encontro e convívio num ambiente de índole cultural. Com diversos serviços de restauração, o palco proporcionará as condições para debates, tertúlia, apresentação de livros, música seleccionada, etc. Outras perspectivas poderão ser abertas.
Termino, agradecendo a presença de todos e formulando votos para que as estruturas anunciadas sirvam a qualidade de vida dos bracarenses e de quem nos procura, sem deixar de ser locais que dignificam a Igreja.
D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga,
Arcebispo Primaz
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