Arquidiocese de Braga -

16 dezembro 2005

Na Sessão Solene de Inauguração do Campus Camões

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D. Jorge Ortiga

\nCentro Regional da Universidade Católica Gostaria que este momento me proporcionasse uma ocasião para formular dois desejos. 1 – Em primeiro lugar, a inauguração deste novo espaço é ou pode ser sinónimo da consistência do Centro Regional de Braga da Universidade Católica. Penso ser chegada a hora de ultrapassar o período de “instalação” para permanecer a estabilidade dum Centro, como reconhecimento pelo caminho percorrido. 2 - Por outro lado, este tempo novo para a Católica em Braga, permite-me augurar que o Centro Regional seja promotor daquilo a que o Santo Padre João Paulo II, no encontro mundial para professores universitários por ocasião do Ano Jubilar de 2000, chamou de “Laboratórios Culturais”. Com isto, o Santo Padre pretendia um diálogo construtivo entre a teologia, filosofia, ciências do homem e ciências da natureza, acolhendo a norma moral como exigência intrínseca da verdade e condição indispensável para chegar à mesma. Não é o momento para explicar o funcionamento e metodologia destes laboratórios e a sua diferenciação dos “Laboratórios da Fé”. Basta referir que se estruturam como espaços de diálogo e colaboração entre professores e alunos num intuito de rigor científico e com duas características fundamentais: - Inter-disciplinaridade. Num mundo onde se multiplicam as especializações das ciências a academia universitária pode fragmentar-se em compartimentos estanques, hermeticamente fechados e sem comunicação recíproca. Congregar os diferentes pensares num intuito de procura do sentido último do homem, pode concentrar a “universidade” num inter-agir com benefícios para os intervenientes, para a Igreja e para a Sociedade. - Inter-culturalidade. A multiculturalidade, religiosa ou não, exige uma peculiar educação conducente a uma mundo mais social e pacífico. Só um verdadeiro humanismo, aberto à dimensão ética e religiosa, levará a querer conhecer e a estimar as culturas diferentes e os valores espirituais característicos de todo o fenómeno religioso. Creio não significar intromissão na vida interna da Universidade desafiar para esta experiência de diálogo entre a cultura e a fé. A cidade de Braga, e nela o norte de Portugal, necessita deste confronto harmonioso para um contributo positivo ao novo mundo que já nasceu e que continua a evoluir duma maneira impressionante. Daí que estas novas instalações não podem “instalar” o Centro Regional de Braga no intuito duma competência académica. Precisamos de focos irradiadores de cultura, dum modo abrangente, onde a luz da fé pode e deve elucidar o verdadeiro sentido da vida. Também por aqui passa a missão da Universidade Católica. É muito pouco estar na vanguarda da investigação e garantir um futuro profissional. A diferença no mundo da concorrência, reside numa capacidade de ler a vida e a sociedade com os olhos da fé. Rezo para que prossigamos no caminho, descortinando estes horizontes que credibilizam a presença da Universidade Católica em Braga, e com a gratidão a todos quantos foram os obreiros que não se detiveram perante as dificuldades. Olho para a imagem do Coração de Jesus, colocada no recanto mais belo deste espaço, e consagro-lhe todas as actividades para que tenhamos um coração à Sua medida, vivendo uma cultura da compaixão, ou seja, capaz de sofrer com este mundo no seu cenário sombrio para o levantar, dando-lhe o que ele precisa para ser feliz. + Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo Primaz