Arquidiocese de Braga -

15 abril 2014

VIA SACRA: O CAMINHO DA REDENÇÃO

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Muito particularmente na Quaresma, embora se possa fazer durante todo o ano, especialmente à sexta-feira, realiza-se a Via-Sacra. O Manual das Indulgências , pag. 57, define-a como «piedoso exercício» que «recorda as dores que o divino Redentor sofreu no

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Muito particularmente na Quaresma, embora se possa fazer durante todo o ano, especialmente à sexta-feira, realiza-se a Via-Sacra. O Manual das Indulgências , pag. 57, define-a como «piedoso exercício» que «recorda as dores que o divino Redentor sofreu no itinerário desde o pretório de Pilatos, onde foi condenado à morte, até ao monte Calvário, onde por nossa salvação morreu na cruz».

 Consiste, essencialmente, em evocar com a memória, para deduzir piedosos afetos e tomar algumas resoluções práticas, catorze cenas diversas da Paixão do Redentor.

O fundamento do exercício da Via-Sacra reside na devoção aos Lugares Santos, consagrados pela presença, o sangue e os mistérios de Cristo.

Uma tradição que remonta ao século V apresenta Nossa Senhora percorrendo, todos os dias, os lugares onde Jesus havia sofrido, chorado e derramado o Seu Sangue. Diz a mesma tradição que a Virgem se detinha na recordação de cada episódio, beijava o chão e pronunciava fervorosas orações.

A peregrina espanhola Etéria, no Itinerarium ad loca sancta, que redigiu para consolo de suas irmãs, as freiras da Galiza, insiste no empenho em percorrer minuciosamente todos os lugares onde se havia realizado algum acontecimento culminante da história sagrada, detendo-se em cada um a fim de praticar diversos exercícios espirituais, como a leitura do Evangelho, a recitação de algum salmo ou de outras orações. Particularmente, ao descrever as funções sagradas de Quinta e Sexta-Feira Santa, relata como os fiéis, presididos pelo bispo e os sacerdotes, percorriam todos os lugares santificados pelas dores e sangue do Salvador, particularmente as ruas de Jerusalém e o caminho que levava até ao Calvário.

A Via-Sacra fora de Jerusalém

Nem todos podiam ir a Jerusalém, percorrer os caminhos santificados pela presença de Jesus. Para que, em espírito, se pudesse fazer tal peregrinação, levantaram-se, em diversos lugares, edifícios religiosos semelhantes aos de Jerusalém e colocaram-se, nas igrejas e oratórios, quadros apropriados, representando a caminhada do Redentor para o Calvário.

Para facilitar a meditação desta romagem espiritual compuseram-se livros de devoção para uso dos fiéis. Um dos principais, «Peregrinação Espiritual», de Jan Pascha, no século XVI (1563), fixou as catorze estações que vigoraram até 1991.

A ereção das Estações da Via-Sacra nas igrejas, como a vemos hoje, só se generalizou nos fins do século XVII, quando Inocêncio XI concedeu especiais indulgências aos fiéis que fizessem este piedoso exercício, acompanhando, em espírito, Jesus Cristo com a Sua Cruz, do Pretório ao Calvário.

Quem contribuiu muito para a divulgação da Via-Sacra foram os Franciscanos, a quem, desde 1342, foi confiada a guarda dos Lugares Santos.

Por Silva Araújo, in DM 15 de Abril de 2014