Arquidiocese de Braga -

17 abril 2014

MULTIDÃO NAS RUAS DE BRAGA COM A PROCISSÃO DA 'BURRINHA'

Fotografia

Mais um ano, mais uma invasão de pessoas a Braga. Definitivamente, o cortejo biblíco “Vós Sereis o meu povo”, mais conhecida como Procissão da Burrinha, é um dos principais cartazes das solenidades da Semana Santa de Braga. A multidão que ontem encheu as

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Mais um ano, mais uma invasão de pessoas a Braga. Definitivamente, o cortejo biblíco “Vós Sereis o meu povo”, mais conhecida como Procissão da Burrinha, é um dos principais cartazes das solenidades da Semana Santa de Braga. A multidão que ontem encheu as ruas e praças ao longo do percurso provam isso mesmo.

Desde que esta procissão regressou à programação das Solenidades da Semana Santa, em 1998 (e após 25 anos de interrupção), foi marcando o seu espaço aos poucos e, hoje em dia, é um dos eventos que atrai mais devotos, simples curiosos ou turistas. Em especial a recriação do episódio da fuga da Sagrada Família para o Egito, em que José leva a esposa Maria e Jesus montados num jumento. Na noite de ontem, a burrinha, mais uma vez, foi a figura mais fotografada pelos milhares de devotos que assistiram à passagem do cortejo bíblico.

Este ano até houve algumas novidades na procissão: os capacetes dos soldados romanos eram novos e isso notou-se pela forma como reluzam na amena noite bracarense; a outra novidade do ano foi a maior expressividade visual do quadro que recria as pragas (gafanhotos e rãs) que Moisés rogou ao faraó do Egito para que este libertasse o povo judeu da escravatura. Certo é que, apesar destas novidades, a burrinha voltou a ser a “vedeta” , pelo menos para os muitos fotógrafos, quer os profissionais, quer entre aqueles que assistiam à passagem do cortejo.

Esta grande procissão bíblica, que é também vista como uma sessão de catequese ao vivo, reúne mais de 750 figurantes. Desde o chamamento de Abraão por parte de Deus, passando pela era dos patriarcas das 12 tribos de Israel, e os acontecimentos mais destacados no Antigo Testamento, como a escravidão do povo hebreu no Egito e a gesta libertadora de Moisés, até à infância de Jesus (segunda parte da procissão), incluindo a sua fuga com José e Maria, desfilam, em sucessão cronológica em movimento, profetas, reis, figuras eminentes, símbolos e quadros bíblicos do Antigo Testamento. No essencial, assim é figurada a Aliança de Deus com o seu povo. Aquilo que a procissão representa é a mensagem de Deus à Humanidade, através dos profetas culminando com o Filho Jesus Cristo.

Há ainda um quadro desta procissão que transmite o essencial da mensagem litúrgica deste ano: Fé Celebrada, recordando uma passagem do Evangelho de S. Mateus: “Onde estiverem dois ou três em Meu Nome, Eu estarei no meio deles”.

A todos estes figurantes – homens, mulheres e crianças – juntam-se ainda os elementos das bandas musicais, pelotões dos bombeiros e de socorristas da Cruz Vermelha, convidados oficiais e elementos da organização: Paróquia e Junta de Freguesia de S. Victor.

Entre as mais de mil pessoas envolvidas havia também pessoas que vieram de Espanha, colaborando nos cânticos, dando uma dimensão internacional à procissão. De entre os cortejos religiosos da Semana Santa, este é o que conta com mais adesão da comunidade.

Tendo como ponto de partida a igreja de S. Victor, a procissão seguiu em direção à Avenida Central (lado norte), até ao Jardim de Santa Bárbara, voltando ao ponto de partida pela rua do Souto e Avenida Central (lado sul).

Embora a procissão só tenha saído à rua por volta das 21h30, a azáfama dos preparativos, nos edifícios anexos à igreja paroquial de S. Victor, começou logo pela manhã, bem cedo. Preparar os andores, os quadros alegóricos e organizar os cerca de 700 figurantes é um processo que requer muita planificação. E no dia da procissão, os trabalhos intensificam-se.

De acordo com o padre José Carlos, a noite da procissão começou a ser preparada «bem cedo, sensivelmente desde a 6h00 da manhã» já havia pessoas a trabalhar na procissão.

Uma das curiosidades desta edição é que, desde que os padres José Carlos e Sérgio assumiram a paróquia de S. Victor, no ano 2000, esta foi a primeira vez que não houve receio da chuva para o cortejo bíblico. «Pela primeira vez, não tivemos de nos preocupar em olhar para o céu», disse, acrescentando a preocupação deste ano era outra, mas também não se justificou. «Como era uma noite de futebol, com um Rio Ave-Braga e um Benfica-Porto, temíamos por uma fraca presença de homens, mas eles acabaram por comparecer e até tivemos que encerrar as inscrições para a procissão, pois vieram em número suficiente», explicou.

As mulheres estão em clara maioria entre os cerca de 700 figurantes que participam no cortejo. «Mas há quadros que são específicos que requerem a presença de homens. Os filhos de Jacob têm que ser homens, para carregar a Arca também são necessários homens, para o andor da Luz a mesma coisa. Noutros quadros, é indiferente e nesse caso vão mulheres, que são maioritárias na procissão», acrescentou o pároco, destacando, com satisfação, que «o futebol «não teve força suficiente desviar os homens» 

A procissão, de resto, já ultrapassa as fronteiras de Braga no que diz respeito a figurantes. «Este ano, por intermédio do Convento de Montariol, veio um grupo de cerca de 20 pessoas de Sintra, propositadamente para participar na procissão», revelou ainda o padre José Carlos.

DM, 17 de Abril de 2014