Arquidiocese de Braga -
22 abril 2014
D. JORGE ORTIGA: DEFESA DA VIDA EM SEXTA-FEIRA SANTA
O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga apelou Sexta-Feira aos cristãos para que, apesar dos desânimos e desencantos que possam afligi-los nos tempos atuais, continuem a acreditar e a lutar pelo valor da vida. Este apelo, feito na homilia na celebração da P
O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga apelou Sexta-Feira aos cristãos para que, apesar dos desânimos e desencantos que possam afligi-los nos tempos atuais, continuem a acreditar e a lutar pelo valor da vida. Este apelo, feito na homilia na celebração da Paixão do Senhor, é justificado, segundo o prelado, pela «alarmante descida brutal da natalidade» e pela urgência em se inverter esta tendência, para «evitar o fim do país», asseverou.
D. Jorge Ortiga indicou que, mais do que a simples leitura das estatísticas que dão conta do “inverno demográfico” em Portugal e na Europa, é preciso «olhar para aquilo que se semeia nas escolas, na comunicação social, nos diálogos entre amigos».
«Urge uma inversão de marcha a fim de evitar o fim do país. A morte de Cristo está a reclamar mais vida e mais vidas, e isto só uma cultura da vida conseguirá. Só ela convence e ultrapassa as razões e motivos que, com o nosso consentimento, quer queiramos quer não, se vão espalhando», afirmou categórico perante uma Sé Catedral e Primacial de Braga pejada de fiéis.
O Arcebispo Primaz disse reconhecer que a humanidade tem «coisas maravilhosas». Todavia, avisou, «a vida, no sentido global da palavra, ultrapassa-as a todas. É dom a trabalhar e valor a defender. As circunstâncias de que ela é revestida são proclamação de direitos duma dignidade que deveria ser inquestionável, mas que infelizmente sabem que nem sempre o é».
Indicando que «os sinais de morte parecem prevalecer em confronto com a realidade que nos circunda», D. Jorge Ortiga salienta que a morte de Cristo convida os cristãos «a amar a vida», a sua e a «dos outros, dos nascituros ou dos moribundos. Sim, a vida deve ser amada na sua existência ou no permitir que ela aconteça», esclareceu.
O prelado evocou o exemplo de vida e as palavras de João Paulo II, concretamente na encíclica “Evangelium Vitae”, na qual «elabora uma reflexão brilhante sobre a dignidade da vida humana», frisou. «Deste documento podemos retirar duas belas ideias principais: a vida humana é um dom concedido por Deus, redimido por Cristo, ungido pelo Espírito Santo e confiado à responsabilidade humana; e a vida humana é um valor inviolável que deve ser sempre defendido em todas as circunstâncias», acrescentou.
Na celebração que evocou o acontecimento histórico da crucifixão e morte de Jesus no alto do monte Calvário, em Jerusalém, o Arcebispo Primaz explicou «a Cruz é a consequência dos quatro delitos cometidos por Jesus: o delito contra a lei judaica, ao propor uma nova interpretação da mesma; o delito contra o vínculo à terra, ao propor uma nova conceção territorial a partir do Reino de Deus e de uma vida eterna que supera as limitações deste mundo; o delito contra a família tradicional, ao propor o modelo comunitário e alargando os laços familiares; e o delito contra o Templo de Jerusalém, ao referir que a adoração a Deus não se cingiria aos judeus nem dentro do Templo, mas a todos os homens e em qualquer lugar, sendo adorado “em espírito e verdade”».
O prelado associou ao terror da Cruz, os «desafios quotidianos» da vida «que nos fazem sentir imperfeitos, inseguros e aterrorizados». E enumerou alguns desses terrores «o difícil exame da escola», «o insuportável dia de trabalho», o pagamento do «crédito bancário», o «continuar a acreditar neste país», de recuperar de uma «desilusão familiar», de ser «capaz de, enquanto pai ou mãe, proporcionar aos meus filhos o futuro que merecem», «de conseguir emprego», entre outras situações.
«Cristo é muito mais que um herói de Hollywood» e o mistério da sua Paixão «não pode ser captado com a objetiva de uma máquina de filmar», referiu o Arcebispo Primaz parafraseando Tomas Halik no livro “A noite do confessor”.
Se na sociedade atual «só vigora o que é jovem, o que é forte, o que é belo, o que é saudável, o que tem sucesso», as imagens sofredoras dos últimos tempos do Papa João Paulo II ensinam «que os mais fracos, os doentes, os paraplégicos, os idosos, os desempregados e os derrotados também são amados por Deus», afirmou na sua homilia.
D. António Moiteiro no Ofício de Laudes
O bispo auxiliar de Braga D. António Moiteiro exortou, ontem, os cristãos, na alocução do Ofício de Laudes, na Sé Catedral, a acolherem o amor de Jesus que sofreu e morreu na Cruz para nossa salvação.
«Deixemos que o olhar de Cristo crucificado chegue ao coração de cada um de nós e que nesta manhã de Sexta-feira Santa também nós façamos esta expriência: Deus deu a vida por mim, Deus amou-me até ao fim», convidou o prelado.
D. António Moiteiro presidiu ao Ofício de Laudes com uma alocução alusiva às Sete Palavras de Jesus na Cruz, partindo de passagens do Livro do profeta Isaías.
O prelado referiu que a chave para enterdermos a vida de Jesus foi nos dada nas celebrações de Quinta-feira Santa com o rito de Lava-Pés e Missa da Ceia do Senhor, uma celebração dominada pelo sentimento do amor de Cristo, que, na véspera da sua Paixão, enquanto comia a Ceia com os discípulos, instituiu o Sacramento da Eucaristia, como memorial da sua Morte e Ressureição.
«Jesus amou os seus discípulos até ao fim, e podemos também dizer também que este amor, elevado até às últimas consequências, é o amor de Salvador. Jesus amou-nos até ao extremo, amou-nos até ao fim», disse o bispo auxiliar, acompanhado pelos membros do Cabido Metropolitano e Primacial Bracarense.
Perante este amor de Jesus, continuou D. António Moiteiro, «não podemos ter senão duas atitudes: a do Centurião, que confessa: “Esse era na verdade o filho de Deus”, ou então a atiude do Cirineu: solidários com os crucificados da história, portadores da salvação realizada por Jesus. É este o Servo, é este Jesus salvador, é este o grande trigo que cai da terra para dar-nos fruto».
Depois do Ofício de Laudes, os capitulares presentes dirigiram-se para as naves laterais da Sé Catedral a fim de procederem à confissão dos penitentes que quiseram receber o Sacramento da Reconciliação. Como é habitual, para que a confissão pudesse decorrer com tranquilidade foram colocadas barreiras a delimitar o espaço.
O Ofício de Laudes é uma celebração antiga que se realiza na Sé de Braga na manhã da Sexta-feira Santa, antecedendo a celebração da Paixão e Morte do Senhor, às 15h00, a hora em que Cristo morreu na Cruz.
DM, 19 de Abril de 2014
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