Arquidiocese de Braga -
23 dezembro 2015
Curar as feridas das pessoas
Joaquim Fernandes / DM
Arcebispo Primaz aponta o Papa Francisco como modelo atual de sacerdote no Encontro de Natal do Clero
A Igreja Católica deve fugir da tentação de se colocar no centro da sociedade e os sacerdotes devem afastar o risco do clericalismo.
O alerta foi deixado ontem pelo Arcebispo Primaz ao clero da Arquidiocese de Braga, que foi desafiado a «redescobrir o que significa curar e descobrir as feridas» do Povo de Deus.
D. Jorge Ortiga apontou o exemplo do Papa Francisco como «modelo neste estilo atual de ser padre» e exortou os sacerdotes da Diocese a irem ao encontro dos que se afastaram na Igreja e dos que nunca entraram nela com um «discurso novo» assente numa «mensagem de esperança».
«Para que o Ano Santo seja algo de importante para as pessoas que nos estão confiadas, deve, em primeiro lugar, ser para nós sacerdotes e, para isso, teremos de redescobrir o que significa curar e descobrir as feridas para consolarmos os corações e ajoelharmo-nos perante as misérias humanas, limpando-as e lavando-as», disse D. Jorge Ortiga. O prelado bracarense, que falava na festa de Natal do clero, acrescentou que «importa caminhar com as pessoas pela noite fora, saber dialogar e até descer à sua noite e à sua obscuridade sem nos perdermos».
Numa reflexão que evocou o Concílio Vaticano II para deixar bem claros as consequências nefastas da tentação de colocar a Igreja no centro das atenções ou de reduzir ao clero a sua capacidade de ação, D. Jorge deixou claro que «a grande arte da vida pastoral está no diálogo com a cultura desprovida de valores e referências» e partir da realidade concreta para «uma proposta que seja de verdadeira salvação».
Enfatizando a ideia de que o eclesiocentrismo impede que a Igreja se coloque ao serviço dos fiéis, o arcebispo de Braga exortou os sacerdotes a irem ao encontro de todos os residentes na sua paróquia «para mostrar um rosto de misericórdia» que seja «apelativo» e «sem imposições». É que «onde se encontram as ovelhas, aí está o pastor», continuou D. Jorge Ortiga, referindo que «acolher e visitar doentes, presos, marginais, situações irregulares manifesta a alma de uma Igreja que não se fecha nela, mas que quer ser de coração aberto e desinteressado para dar dignidade a todos os seres humanos».
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