Arquidiocese de Braga -

27 março 2016

Urbi et Orbi: Papa recorda conflitos e faz apelo pela paz

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\nCidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu, na manhã deste Domingo de Páscoa (27/03), no adro da Basílica de São Pedro, a solene celebração Eucarística da Ressurreição do Senhor, da qual participaram milhares de fieis e peregrinos de várias partes do mundo.   A cerimônia teve início com o rito do Ressurexit, anúncio da Ressurreição do Senhor. O Papa não fez a homilia durante esta celebração, pois ao final da cerimônia dirigiu aos fieis suas felicitações de Santa Páscoa e concedeu a Bênção “Urbi et Orbi” à Cidade de Roma e ao mundo inteiro, do balcão central da Basílica Vaticana. A Praça São Pedro foi adornada com mais de 35 mil flores e plantas provenientes da Holanda, como acontece há 30 anos consecutivos por ocasião da solenidade pascal, uma oferta que o Papa agradeceu.  “Jesus Cristo, encarnação da misericórdia de Deus, por amor morreu na cruz e por amor ressuscitou. Por isso, proclamamos hoje: Jesus é o Senhor! A sua Ressurreição realizou plenamente a profecia do Salmo: A misericórdia de Deus é eterna, o seu amor é para sempre, não morre jamais. Podemos confiar completamente Nele e damos-lhe graças porque por nós Ele desceu ao fundo do abismo”, disse Francisco na mensagem Urbi et Orbi, proferida neste Domingo de Páscoa. “Diante dos abismos espirituais e morais da humanidade, diante dos vazios que se abrem nos corações e que provocam ódio e morte, somente uma infinita misericórdia pode nos dar a salvação. Só Deus pode preencher com o seu amor esses vazios, esses abismos, e fazer-nos não afundar, mas continuar caminhando juntos em direção à Terra da liberdade e da vida.” E o pontífice que acrescentou:  “O anúncio jubiloso da Páscoa: Jesus, o crucificado, não está aqui, ressuscitou nos dá a certeza consoladora de que o abismo da morte foi superado e com ele foram derrotados o luto, o pranto e a dor. O Senhor, que sofreu o abandono dos seus discípulos, o peso de uma condenação injusta e a vergonha de uma morte infame, nos faz agora compartilhar a sua vida imortal, e nos oferece o seu olhar de ternura e compaixão para com os famintos e sedentos, com os estrangeiros e prisioneiros, com os marginalizados e descartados, com as vítimas de abuso e violência. O mundo está cheio de pessoas que sofrem no corpo e no espírito, enquanto as crônicas diárias estão repletas de relatos de crimes brutais, que muitas vezes acontecem dentro dos lares, e de conflitos armados numa grande escala que submetem populações inteiras a provações inimagináveis.” A seguir, Francisco recordou as nações que estão em conflito:  “Cristo ressuscitado indica caminhos de esperança para a querida Síria, um País devastado por um longo conflito, com o seu cortejo triste de destruição, morte, de desprezo pelo direito humanitário e desintegração da convivência civil. Confiamos ao poder do Senhor ressuscitado os colóquios em andamento, de modo que, com a boa vontade e a cooperação de todos, seja possível colher os frutos da paz e dar início à construção de uma sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de cada cidadão. A mensagem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra rolada do sepulcro, vença a dureza dos corações e promova um encontro fecundo entre povos e culturas nas outras regiões da bacia do Mediterrâneo e do Oriente Médio, particularmente no Iraque, Iêmen e na Líbia.”  “A imagem do homem novo, que resplandece no rosto de Cristo, favoreça a convivência entre israelenses e palestinos na Terra Santa, bem como a disponibilidade paciente e o esforço diário para trabalhar no sentido de construir as bases de uma paz justa e duradoura através de uma negociação direta e sincera. O Senhor da vida acompanhe também os esforços para alcançar uma solução definitiva para a guerra na Ucrânia, inspirando e apoiando igualmente as iniciativas de ajuda humanitária, entre as quais a libertação das pessoas detidas.” O Papa também lembrou os ataques terroristas que ceifaram a vida de tantas pessoas: “O Senhor Jesus, nossa paz, que ressuscitando derrotou o mal e o pecado, possa favorecer, nesta festa de Páscoa, a nossa proximidade às vítimas do terrorismo , forma de violência cega e brutal que continua derramando sangue inocente em diversas partes do mundo, como aconteceu nos ataques recentes na Bélgica, Turquia, Nigéria, Chade, Camarões e Costa do Marfim. Possam frutificar os fermentos de esperança e as perspectivas de paz na África; penso de modo particular ao Burundi, Moçambique, República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, marcados por tensões políticas e sociais.” “Com as armas do amor, Deus derrotou o egoísmo e a morte; seu Filho Jesus é a porta da misericórdia aberta para todos. Que a sua mensagem pascal possa se projetar cada vez mais sobre o povo venezuelano nas difíceis condições em que vive e sobre aqueles que detêm em suas mãos os destinos do País, para que se possa trabalhar em vista do bem comum, buscando espaços de diálogo e colaboração ente todos. Que de todos os lados possam ser tomadas medidas para promover a cultura do encontro, a justiça e o respeito mútuo, que podem garantir o bem-estar espiritual e material dos cidadãos.” “O Cristo ressuscitado, anúncio de vida para toda a humanidade, reverbera através dos séculos e nos convida a não esquecer dos homens e mulheres a caminho em busca de um futuro melhor, grupos cada vez mais números de migrantes e refugiados – dentre os quais muitas crianças - que fogem da guerra, da fome, da pobreza e da injustiça social. Esses nossos irmãos e irmãs, que nos seus caminhos encontram com demasiada frequência a morte ou a recusa dos que poderiam oferecer-lhes hospitalidade e ajuda. Que a próxima reunião da Cúpula Mundial Humanitária não deixe de colocar no centro a pessoa humana com a sua dignidade e possa desenvolver políticas capazes de ajudar e proteger as vítimas de conflitos e de outras situações de emergência, especialmente os mais vulneráveis e os que sofrem perseguição por motivos étnicos e religiosos .” “Neste dia glorioso, «alegra-se a terra inundada de grande esplendor», mas ainda tão abusada e vilipendiada por uma exploração gananciosa pelo lucro, que altera o equilíbrio da natureza . Penso em particular nas regiões afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas, que muitas vezes causam secas ou violentas inundações, resultando em crises alimentares em diferentes partes do planeta”, disse ainda o Papa. “Com nossos irmãos e irmãs que são perseguidos por causa da sua fé e por sua lealdade ao nome de Cristo e diante do mal que parece prevalecer na vida de tantas pessoas, ouçamos novamente as palavras consoladoras do Senhor: «Não tenham medo! Eu venci o mundo!» Hoje é o dia radiante desta vitória, porque Cristo calcou a morte e com a sua ressurreição fez resplandecer a vida e imortalidade. «Ele nos fez passar da escravidão à liberdade, da tristeza à alegria, do luto à festa, das trevas à luz, da escravidão à redenção. Por isso, proclamemos diante d’Ele: Aleluia!»”  Francisco concluiu a mensagem Urbi et Orbi com as seguintes palavras:  “ Para aqueles em nossas sociedades que perderam toda a esperança e alegria de viver, aos idosos oprimidos que na solidão sentem as forças desvanecer, aos jovens aos quais parece não existir o futuro , a todos eu dirijo mais uma vez as palavras do Ressuscitado: «Eis que eu faço novas todas as coisas... a quem tem sede eu darei gratuitamente da fonte de água viva». Que esta mensagem consoladora de Jesus possa ajudar cada um de nós a recomeçar com mais coragem e esperança, para assim construir estradas de reconciliação com Deus e com os irmãos.” (MJ) (from Vatican Radio)...